CÍCERO TAVARES - CRÔNICA E COMENTÁRIOS

“FENCES” ou “Um Limite Entre Nós,” em tradução capenga para o português, é uma belíssima adaptação da peça de mesmo nome de August Wilson, pseudônimo do dramaturgo americano Frederick August Kittel (1945-2005), mesmo com alguns excessos. Escrita em 1983, adaptada para o cinema com direção e atuação de Denzel Washington. Pouco depois da segunda guerra mundial. “Fences” traz como protagonista Troy Maxson (Denzel Washington), um homem amargurado pelo preconceito vivido durante toda sua vida. Portanto, “Um Limite Entre Nós”, aborda a questão racial e tenta esquadrinhar o mundo interior daqueles cujos sonhos fracassam.

Troy Maxson guarda um grande rancor que alimenta durante anos por não ter tido a chance de ser um jogador profissional de baseball por falta de oportunidades devido a sua cor, mesmo com sua habilidade excepcional. Devido ao grande preconceito vivido ele se nega a aceitar que seu filho Cory (Jovan Adepo) passe pelas mesmas dificuldades que ele enfrentou durante sua vida e considera a tentativa do filho de querer ser o que ele tentou ser e foi impedido, uma perda de tempo.

Embora não o demonstre no dia a dia, Troy é um homem muito amargo. E a vida lhe contribuiu muito para isso. Ele leva a vida trabalhando em um caminhão de lixo junto com seu amigo de muitos anos Jim Bono (Stephen Henderson) e tem a ambição de se tornar motorista do caminhão, cargo esse que ele considera pertencer a homens brancos. Troy é casado há 18 anos com Rose Maxson (Viola Davis), numa interpretação memorável da atriz, na pele de uma mulher muito forte e destemida.

Fences é um filme muito forte e muito bem elaborado, mostra a história vivida na pele por Troy, a dor e coragem de Rose, a objeção e a luta de Cory. Russell Hornsby vive Lyons, o filho mais velho de Troy com outra mulher. Destaque para a atuação de Mykelti Williamson que mostra o lado problemático e perturbado de Gabe, o irmão de Troy.

Há quem diga que Denzel Washington funcione mais como ator do que como diretor e em Fences com certeza sua atuação é muito mais vista e destacada do que sua direção. Acho até por isso que sua indicação ao Oscar foi somente a de melhor ator. Foco na expressão e nos olhos de Denzel durante o filme, ele nos passa um pai de família com seus costumes e atitudes a moda antiga e consegue mostrar o quanto é grandioso o seu trabalho e elogiar as atuações de Denzel é simplesmente chover no molhado.

Sua indicação ao Oscar de melhor ator foi merecidíssima, mesmo não ganhando, e não haveria espanto nem um pouco se ele tivesse arrebatado a estatueta. Agora Viola Davis, com aquela apresentação grandiosa, maravilhosa, de encher os nossos olhos de alegria e lágrimas. Ela incorpora a Rose de uma maneira perfeita e magistral. Belíssimo trabalho entregue por essa maravilhosa e talentosíssima atriz.

“Um Limite Entre Nós” é um filme que se desenvolve de uma maneira bem interessante. O longa começa com Troy tentando parecer engraçado, quando não tem nada disso dentro dele. A história vai se encontrando na medida em ela se desenrola para os espectadores e seu cerne central encontra-se na figura de Troy, um homem que é a representação exata de uma criação dura, o produto fiel de uma realidade inóspita e que aprendeu, da maneira mais difícil, quais eram as suas responsabilidades como homem e pai de família. Na sua cegueira diante do papel que exerce, ele se impede de enxergar as mudanças ao seu redor e de ter compaixão por aqueles que mais o amam. Essa é uma lição que a teimosia de Troy não vai deixá-lo aprender, mas que vai ser de muita valia para aqueles que estão ao seu redor.

Um Limite entre Nós (Legendado)

FENCES (Um Limite Entre Nós) | Crítica

3 pensou em “FENCES (2016) – UM LIMITE ENTRE NÓS

  1. Com a saída do comentarista de filmes cow-boy Altamir Pinheiro, Cícero Tavares assume o cargo ampliando o escopo da cinematografia com ótimos filmes, como este
    É bom variar o cardápio

  2. Não concordo com o ilustre amigo, o Cícero Tavares não
    pretende assumir o lugar de ninguém, poi sei o que estou falando, Tenho me comunicado com o amigo Cícero e nós estamos
    sempre em contato com o Altamir com repeito a sua volta à
    JBF, pois a sua falta deixou uma lacuna muito grande neste prestigioso Jornal.
    Não concordo também que seria oportuno variar o cardápio.
    considerando que o conteúdo da coluna do amigo Altamir, sempre foi
    de primeiríssima qualidade e eu e o Cícero, estamos pedindo ao Berto
    que faça uma forcinha e traga de volta os excelentes artigos
    escritos pelo escritor Altamir ( Ele tem um livro escrito sobre
    filmes westerns, que quando for publicado vai surpreender muita gente
    que não dá o devido valor ao seu excelente trabalho.
    Segundo as informações em meu poder, a volta da coluna do
    colunista e escritor Altamir , está programada para nos gratificar
    com a sua leitura, a partir de Janeiro próximo.
    Ficamos aguardando a sua volta comentando os excelentes filmes gênero westerns como sempre.
    PS. Não mude nada, você já é bom no que faz.
    Abraços.

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