MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Acredito que o fanatismo é a pior opção que qualquer pessoa pode adotar. Um religioso fanático conduz fiéis à morte. Foi assim que Jim Jones fez na Guiana Francesa e o resultado foi a morte de quase mil pessoas. No futebol, torcidas organizadas foram extintas pelo Ministério Público pelo comportamento violento, inclusive provocando mortes. Times de futebol tiveram que jogar sem torcida por conta desses atos. Na política não é diferente.

Com o fim do governo militar, a proposta de Tancredo Neves era fundar uma nova república, escrever uma nova constituinte e buscar desenvolvimento do país. Sarney assumiu o governo tendo como meta a manutenção de 5 anos para cargo de presidente do que qualquer outra política série. Chegamos a 1989 com uma disputa entre Fernando Collor e Lula e com o impeachment de Collor, seu vice, Itamar Franco abriu as porteiras para o primeiro governo de esquerda, com Fernando Henrique Cardoso.

O que sucedeu foi uma disputa no âmbito da esquerda, puramente, com FHC vencendo Lula duas vezes e depois Lula vencendo Serra, vencendo Alckmin, Dilma vencendo Serra e Aécio. O país estava acostumado a escolher entre PSDB e PT e apesar de toda falcatrua, falta de seriedade política, etc. ninguém aparecia fora desse eixo. Até que surgiu Bolsonaro e tudo mudou, algumas coisas para pior, como, por exemplo, a atuação do sistema judiciário desse país, sem muitas exceções. Puseram um pulha no poder depois de tirá-lo da cadeia e o Brasil intensificou a rachadura que já existia.

Surpreendeu-me Barroso dizer que “nós derrotamos o “bolsonarismo”, mas isso soa de forma, absolutamente, estranha quando se observa a quantidade de pessoas no entorno do ex-presidente Bolsonaro, principalmente quando se compara a baixa adesão na presença de Lula. Se o bolsonarismo existe como uma proposta política, precisa fazer diferente do que faz a esquerda, ou em outras palavras: não pode agir de forma igual ao que faz a esquerda.

Na essência, o que existe de esquerda nesse país orbita em torno de Lula. Ele conseguiu ofuscar o surgimento de lideranças e se colocou como a única opção para comandar. Quem não lembra a sacanagem que fizeram com Suplicy apenas porque ele cogitou disputar prévias com Lula? O cara foi jogado ao ostracismo, deixou de ser senador, conseguiu se eleger vereador de São Paulo, mas não há mais tempo para ele. As oportunidades passaram e não voltarão.

Ciro Gomes é outro que amargou isolamento provocado por Lula. Fez de tudo para obter apoio do PT em 2018, chegando até prometer dar indulto a Lula, caso fosse eleito. A credibilidade desse cara é tanta que até partidários seus abriram comitê com foto de Lula na campanha de 2022. Agora, junte num saco só: Marina, Boulos, Luciana Santos, etc. e veja a capacidade desse pessoal conseguir alguma coisa, por si só.

Não precisamos de fanatismo. Precisamos de pessoas racionais que reconheçam os erros, que proponham mudanças, que saibam criticar de forma construtiva. Não precisamos de comentários deturpados que colocam todos os funcionários públicos num âmbito de alucinados ou estereotipados como “ativistas de esquerda”. O leitor Carlo Germani basicamente sugeriu que minha crítica era palco do ativismo. Infelizmente, não lê minha coluna no JBF.

Protestei contra as palavras de Constantino porque conheço um sem número de funcionários públicos que são trabalhadores de verdade. Médicos, enfermeiros, professores de escolas públicas que não teriam incentivo algum para continuar, mas estão lá tentando melhorar a sociedade. Tem esquerdistas nesse meio? Claro! E tem muitos, mas independente de ideologia tem gente dedicada.

Não sou sindicalizado. Nunca quis ser e por um motivo simples: sindicato não discute política de emprego, implanta ideologia e faz política partidária. Então, é natural que esse pessoal migre para o petismo porque as centrais sindicais são, naturalmente, de esquerda, são contra os patrões e doutrinam seus filiados a odiar essa classe. Eu conheço muitos funcionários públicos que votaram em Bolsonaro, mas o fizeram com racionalidade.

2 pensou em “FANATISMO

  1. Caro Maurício, sou
    leitor de carteirinha de seus artigos aqui no JBF, sabemos de dua personalidade e visão de um país onde a liberdade e verdade, não tenha lados, tem que ser justa, fato que muitos ignoram, não ligue e continue na sua trincheira combatendo o bom combate.

  2. Prezado Maurício (perdoe a intimidade, mas uso-a por ser um admirador seu).

    Ainda não entendi sua obsessão por este assunto. Primeiro você fez um comentário criticando o texto do Constantino e garantindo que sempre trabalhou e trabalha muito.

    Depois, provavelmente em função dos comentários a respeito do seu, escreveu esse longo texto reforçando o que já havia dito e, ao que parece, tratando como fanáticos os que não concordaram com o primeiro texto.

    Continuo achando que você interpretou mal o que foi dito pelo Constantino e reproduzo o trecho que lhe incomodou: “Trabalhador não tinha no Dia do Trabalho, pois sabemos que o PT ATRAI “intelectuais” e servidores públicos, mas raramente trabalhadores de verdade.”

    Coloquei a palavra ATRAI em caixa alta, pois ela é a chave para entender o que o articulista quis dizer.

    Ora, se você não é mais petista nem se sente atraído pelo PT, qual a razão para não gostar dos termos, mesmo sendo funcionário público?

    Eu também fui petista, só não fui filiado, e trabalhei 40 anos no serviço publico. Por seis anos, além do trabalho na Empresa pública, também fui professor como você. Dava aulas de Educação física das 5 às 6 da manhã e de matemática das 19 às 22:30. E não vejo nada no texto em discussão, que me afete de nenhuma forma.

    Um abraço!

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