CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Cena da peça “Senhora de Engenho”

Entre 1983 e 1994 deixaram os quadros do Banco do Brasil nada menos que 141.5468 funcionários, sob a égide do PDV – Plano de Demissões Voluntárias.

Na época todos que se despediram da Classe Bancária partiram na vantagem de botar no bolso boa quantia em dinheiro e se estabelecerem em alguma forma de comércio ou profissões.

Muitos deram com os burros n’água, à falta de experiência, depois de tantos anos de Banco, mas outros seguiram suas carreiras paralelas com vigor e tempo para se aplicarem, pois com duas atividades a luta havia sido ferrenha.

Os sociólogos só agora estudaram que com esse golpe a classe bancária se enfraqueceu de tal forma que deixou de ser aquele centro de desenvolvimento cultural e esportivo que tanto se apreciava.

Lembro-me que nos anos da década de 50 os bancários do Recife ainda se gabavam de manter a Liga Bancária de Futebol, fazendo interessantes campeonatos.

Dalí se transferiram jogadores como Expedito Fernandes de Almeida, do velho City Bank e Lauro de Castro Monteiro, do Banco do Brasil, que se integraram à equipe do Santa Cruz Futebol Clube.

Na parte cultural os bancários chegaram a apresentar magnífico movimento teatral, quando, inclusive, foi exibida, no Teatro Santa Isabel a peça de Mário Sette, “Senhora de Engenho”, dirigida por Hermógenes Viana.

A propósito, foi convidado para compor a trilha-sonora o então bancário Lourenço da Fonseca Barbosa – Capiba – daí surgindo um das mais notáveis páginas da canção popular do Brasil, “Maria Betânia”, que pela voz de Nelson Gonçalves, invadiu o País.

Hoje, com perdas tão significativas a classe bancária emagreceu mortalmente porque com a chegada da Tecnologia da Informação os computadores contribuiram para liquidar de vez com a valorosa classe bancária, hoje praticamente inexistente.

Eu, que por mais de 30 anos, fui um orgulhoso bancário e dois dos meus filhos também: Gustavo Jorge, do Banco Mercantil de Pernambuco e Carlos Eduardo, também, até aposentar-se no cargo de Superintendente do Banco Itaú.

Nunca pude imaginar que viesse um dia a constatar a quase completa extinção da classe bancária.

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