Jânio da Silva Quadros foi um grande político da UDN (União Democrática Nacional), que exerceu a Presidência da República por apenas sete meses, de 31 de janeiro de 1961 a 25 de agosto de 1961.
Durante a campanha política, Jânio, com sua voz empolada e seus jargões inteligentes, proferia fortes discursos de combate à bandalheira política. Usava como símbolo de sua campanha uma vassoura na mão, “para varrer a corrupção do País”.
Nunca se vendeu tantas vassouras nas cidades do interior nordestino, como na campanha de Jânio. Sem falar nas brigas com vassouradas que havia entre as donas de casa que torciam por ele e as adversárias, que torciam pelo Marechal Henrique Teixeira Lott.
O jingle da sua campanha dizia: “Jânio Quadros é a certeza do Brasil moralizado!” Em um curto governo de sete meses, Jânio Quadros tomou grandes decisões como Presidente da República.
A filosofia da vassoura de Jânio tinha um grande compromisso com a moralização pública dos hábitos e costumes brasileiros, sempre defendendo uma educação moral e conservadora.
A vassoura, portanto, foi o elemento-símbolo da campanha presidencial de Jânio Quadros, pois ele pretendia “varrer” a corrupção do país.
O jingle “varre, varre vassourinha/varre toda a bandalheira” tornou-se um sucesso na época.
Com seu vice-presidente João Goulart (1918-1976), oriundo do PTB, Jânio formou a chapa denominada “Jan-Jan”.
Foi o 22º Presidente do Brasil, e sucessor de Juscelino Kubitschek (1902-1976).
Começou a carreira política elegendo-se vereador, e posteriormente, prefeito, governador e deputado federal pelo estado de São Paulo.
Estes cargos foram primordiais para adquirir popularidade entre os paulistas e, mais tarde, assumir o cargo de Presidente da República.
Casou-se com Eloá Quadros em 1942 e teve uma filha, Dirce Maria Quadros, que seguiu a carreira política. Sua filha foi eleita deputada federal pelo PSDB, de 1987 a 1991.
Político inesquecível, com o patriotismo à flor da pele, sua fabulosa inteligência e sua verve irônica, Jânio Quadros tinha como meta varrer o lixo político do Brasil e acabar com a corrupção.
Foi um líder carismático das massas. Usava ternos escuros e tentava aproximar-se cada vez mais do povo, mantendo assim a sua popularidade.
Seus propósitos continuam em aberto, e o nosso País espera, desesperadamente, que a corrupção tenha fim, o que não deixa de ser uma utopia.
Sua intenção era a melhor do mundo, mas de boas intenções o inferno está cheio, como diz o ditado.
Jânio Quadros ascendeu à presidência do Brasil em 1961, eleito com 5,6 milhões de votos e apoiado pela UDN (União Democrática Nacional). Esse partido era de centro-direita e aliado com as políticas dos Estados Unidos. Teve como adversário político derrotado, o Marechal Henrique Teixeira Lott (1894-1984).
O cenário do Brasil era de crise, pois o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1960) deixou o país com a economia desestruturada, e com a inflação e a dívida externa maiores.
“Tão graves como a situação econômica e financeira, se me afigura a crise moral, administrativa e político-social em que mergulhamos”, afirmou Jânio em seu discurso de posse como Presidente da República.
Para conter esses problemas, Jânio Quadros congelou salários, desvalorizou a moeda nacional e restringiu o acesso de fundos de crédito, como tentativa de equilibrar a economia.
Quanto ao cenário externo, o mundo vivia a Guerra Fria (liderada pelas duas superpotências mundiais, EUA, capitalista, e a URSS, socialista). Desse modo, Jânio permaneceu numa posição neutra e, muitas vezes, sendo pragmático e privilegiando os interesses econômicos.
Apesar de conservador e anticomunista, essa posição não refletiu na política externa de Jânio Quadros. Aproximou-se de nações socialistas como Cuba, China e URSS.
Embora possuísse certa inclinação autoritária, Jânio auxiliou na consolidação do regime democrático no país, atacando várias vezes a elite, em defesa das camadas populares.
Depois de eleito, Jânio extrapolou o limite de tolerância dos adversários, com proibições absurdas.
Seguindo essa linha, suas ações foram um tanto retrógradas, como:
– proibição do uso de biquínis nas praias;
– proibição das rinhas de galo;
– proibição de uso de lança-perfume .
Isso demonstrou fragilidade nas metas do plano político proposto, afastando a população, e com o tempo, o presidente foi perdendo a popularidade.
Como Presidente da República, em 1961, participou da entrega da medalha “Grã-Cruz do Cruzeiro do Sul”, a mais alta condecoração do governo brasileiro, a Che Guevara (1928-1967), líder do movimento socialista na América Latina. Esse gesto provocou críticas da direita brasileira e concorreu para que fosse forçado a renunciar, “por forças terríveis”, como ele disse, sendo substituído pelo vice-presidente João Goulart.
Após perder o apoio dos militares e com a pressão de Carlos Lacerda (1914-1977), líder da UDN, Jânio renunciou no dia 25 de agosto de 1961.
Foi o primeiro Presidente do Brasil a renunciar.
Numa carta ao Congresso Nacional, Jânio declarou a pressão que estava sofrendo por “forças terríveis”, fator determinante para justificar sua renúncia.
Trechos da Carta de Renúncia de Jânio Quadros:
“Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções nem rancores.
Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.
Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior.
Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.
Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria.”
Com a volta da Democracia, em 1985, Jânio Quadros foi eleito prefeito de São Paulo, derrotando o então senador Fernando Henrique Cardoso.
Frases célebres e hilárias de Jânio Quadros:
• “Bebo-o porque é líquido, se fosse sólido comê-lo-ia.”
• “O PMDB é uma arca de Noé, sem Noé e sem a arca.”
• “Intimidade gera aborrecimentos ou filhos. Como não quero aborrecimentos com a senhora, e muito menos filhos, trate-me por Senhor.”
• “Aprendi no berço com minha mãe, que não há homem meio honesto e meio desonesto. Ou são inteiramente honestos ou não o são.”
• “A inflação dissolve o dinheiro, avilta os tesouros, compromete o crédito, perturba a produção, paralisa as obras, dessora os governos, depaupera os particulares, fermenta as revoluções.”
• “Neste país, milhões e milhões de homens trabalham, trabalham para uns poucos comerem, come¬rem.
Em um de seus polêmicos discursos , disse Jânio Quadros:
“No Brasil, há dois tipos de pessoas:
Aquelas que comem e não trabalham, e aquelas que trabalham e não comem.
Se essa premissa fosse verdadeira, Deus teria feito as primeiras sem braços e as segundas sem bocas.”
Jânio da Silva Quadros nasceu em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, no dia 25 de janeiro de 1917 e faleceu em São Paulo, em 16 de fevereiro de 1992, com 75 anos.
Violante,
1) A política de antigamente não havia pesquisa eleitoral, mídia social e cientistas políticos, entretanto existiam figuras folclóricas que deixaram um legado digno de ser estudado. Há 60 anos, o presidente Jânio Quadros deixou o Brasil atônito. Sem aviso prévio, ele enviou um bilhete ao Congresso Nacional comunicando que havia abandonado a Presidência da República. O governo, que deveria ter durado cinco anos, chegou ao fim pouco antes de completar sete meses. A renúncia ocorreu em 25 de agosto de 1961.
A renúncia, segundo os historiadores, seria o primeiro passo de um autogolpe de Estado. Pelos planos não declarados de Jânio, a renúncia não seria aceita pelo Congresso, pelas Forças Armadas e até pelo povo, que lhe implorariam que reconsiderasse. Ele, então, aproveitaria o clamor geral e, como condição para a volta, exigiria mais poder de mando do que o previsto pela Constituição de 1946. Tendo êxito o autogolpe, Jânio alcançaria o objetivo de se transformar num presidente com superpoderes ou até mesmo num ditador.
Os documentos do Arquivo do Senado também mostram que os parlamentares se recompuseram logo do terremoto provocado pela renúncia. Mesmo estando no calor dos acontecimentos, eles enxergaram as intenções de Jânio Quadros e agiram para abortar o plano golpista. O Congresso Nacional aceitou a renúncia sem nenhum questionamento e, deixando Jânio para trás, começou a discutir as condições para a posse do vice-presidente João Goulart.
Fonte: Agência Senado
2) O QUE JÂNIO QUADROS PRETENDIA COM A RENÚNCIA
Ninguém sabe ao certo e Jânio nunca explicou sua renúncia. O popular noticiário Repórter Esso, em edição extraordinária naquele dia, atribuiu a renúncia a “forças ocultas”, frase que Jânio nunca disse, mas que entrou para a História do Brasil. Para a maioria dos historiadores, a renúncia teria sido uma manobra política de Jânio Quadros. Possivelmente ele contava com algumas vantagens. Em primeiro lugar, seu vice, a quem caberia assumir a Presidência estava fora, em visita oficial à China, era rejeitado pelos militares que, assim sendo, insistiriam para Jânio rever sua decisão. Em segundo lugar, sendo uma sexta-feira, o Congresso só examinaria a renúncia após o fim de semana. Isso daria tempo para a notícia se espalhar pelo país e o povo sair às ruas e defender o mandato de Jânio Quadros em grandes movimentos de massa. Ele então, voltaria à Presidência com maior legitimidade e poderes. Se o plano era esse, deu tudo errado. O povo não se mexeu, os governadores não se manifestaram, o Congresso aceitou a renúncia duas horas depois de receber a carta de Jânio Quadros. Ninguém se dispôs a defendê-lo. Três dias depois, Jânio embarcou para a Europa. Deixava em aberto a questão da sucessão. Ninguém poderia imaginar, naquele momento, que novos rumos se anunciavam na História do país. Depois de Jânio Quadros levariam vinte e nove anos para um presidente civil e eleito pelo voto popular assumir o poder (Fernando Collor de Mello, 1989). O golpe estava a caminho, a galope militar.
Fonte: https://ensinarhistoria.com.br/janio-quadros-renuncia/ – Blog: Ensinar História – Joelza Ester Domingues
Desejo um final de semana pleno de paz, saúde e inspiração!
Aristeu
Obrigada pela explanação sobre a saída de Jânio Quadros, prezado Aristeu!
Ótimas fontes de consulta! Você complementou o meu texto.
Minha mãe era da UDN, e “janista” ferrenha. Na época de Jânio Quadros, eu ainda não tinha idade para votar.
Sempre soube que Jânio foi forçado a renunciar, por ter condecorado Che Guevara, líder do movimento socialista da América Latina, com a medalha “Grã-Cruz do Cruzeiro do Sul” , conforme narrei no texto:
“Como Presidente da República, em 1961, participou da entrega da medalha “Grã-Cruz do Cruzeiro do Sul”, a mais alta condecoração do governo brasileiro, a Che Guevara (1928-1967), líder do movimento socialista na América Latina. Esse gesto provocou críticas da direita brasileira e concorreu para que fosse forçado a renunciar, “por forças terríveis”, como ele disse na carta de Renúncia, sendo substituído pelo vice-presidente João Goulart.
Após perder o apoio dos militares e com a pressão de Carlos Lacerda (1914-1977), líder da UDN, Jânio renunciou no dia 25 de agosto de 1961.
Foi o primeiro Presidente do Brasil a renunciar.”
Bom final de semana, com muita saúde, inspiração e Paz!
Violante, obrigado pela relembrança do Jânio. Não sei se foi boa – talvez tenha sido melhor o que aconteceu comigo: em 1961, então com 18 anos, votei pela primeira vez. Votei no Jânio. Mas, também em 1961, então com 18 anos, fiz concurso para ingressar na ESA (Escola de Sargentos das Armas). Fui aprovado. Na sequência fiz os demais exames que eram necessários (saúde, físico e psicológico). Fui aprovado em todos, e fiquei aguardando o chamado para viajar para “Três Corações/MG”, onde ingressaria no Exército, e, ao final de um ano seria promovido a Terceiro Sargento. Do Ceará foram aprovados 40 (quarenta) e todos fizeram, também, todos os exames. Eu fui o trigésimo segundo colocado. Por motivo que nunca foi explicado, foram chamados apenas 30 (trinta) – os trinta primeiros. Eu sobrei, como de resto sobraram mais 10 (dez). Em abril próximo, se Deus me permitir, completarei 81 anos. Não sei se foi bom o que aconteceu. O não chamado me proporcionou outros ares e outras vivências. Com certeza, na volta de Três Corações/MG, então Sargento do Exército, teria casado com a namorada da época. Tudo, só Deus tem as senhas e os prováveis acontecimentos. Bom fim de semana. Abraços extensivos à Diana.
Gostei da frase seguinte, que, aliás, já conhecia.
Em um de seus polêmicos discursos , disse Jânio Quadros:
“No Brasil, há dois tipos de pessoas:
Aquelas que comem e não trabalham, e aquelas que trabalham e não comem.
Obrigada pela amiga presença e pelo gratificante comentário, querido Escritor José Ramos!
Nada como o tempo para passar. E o nosso livro da vida vai sendo escrito, conforme os desígnios de Deus.
Você é um homem feliz e realizado. Talvez seja mais feliz do que se tivesse entrado no Exército.
Um grande escritor e muito querido pela família e amigos!
Adoro seus textos. Como posso adquirir um livro seu?
Abraços meus e de Diana!
Bom final de semana, com muita saúde, inspiração e Paz!
Querida amiga e colunista Violante:
O excelente cronista José Ramos escreveu um livro que eu indiquei e apadrinhei na Editora Bagaço. Um livro fantástico.
Por razões que desconheço, a Editora até hoje não imprimiu a obra, o que já causou sério desentendimento entre este seu amigo e aquela Editora.
Na próxima ocasião em que nos encontrarmos, eu contarei toda a história pra você.
Um acontecimento muito chato, acontecido há tempos, e que me dói no peito até hoje.
Obrigada pela informação, querido Berto! Essa situação é lamentável. Um abraço.
Boa tarde, Violante!
Parabéns pelo texto.
Boa tarde, Nonato!
Obrigada pela presença e comentário!
Bom final de semana!