CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Das coisas que marcam para sempre a nossa juventude as músicas são, talvez, as principais pois ficam na lembrança e podem ser revividas a qualquer instante sob acionamento das gravações, um dos maiores inventos da humanidade.

Melodias de filmes, a exemplo, jamais esqueceremos.

Para mim os compositores dos grandes clássicos deveriam receber diplomas “post morten” de Beneméritos da Humanidade, porque jamais deixarão de nos encantar em momentos do passado ou do presente, em instantes de alegrias ou tristezas.

Nas décadas de 40 e 50 fomos muito influenciados pelas canções estrangeiras, notadamente aquelas não só produzidas e divulgadas através dos filmes americanos, mas, igualmente, pela música portenha com gravações em 78 rpm.

Tive o privilégio de residir dos cinco aos 23 anos como vizinho de Jair Pimentel, sargento-músico do Exército Brasileiro, clarinetista de primeira categoria, que não raro passava horas tocando músicas maravilhosas de todos os países, independente de treinar os hinos nacionais com grande entusiasmo.

Quem passava pela casa dele não raro dava uma paradinha para escutar as maravilhas que saiam do seu instrumento.

O maestro Jair Pimentel era pai de Zaíra Pimentel, Miss Náutico e Miss Pernambuco de 1958.

Maestro Jair Pimentel

Uma dessas músicas gravou-se em minha alma juvenil: Estrellita, a “serenata mexicana”, do grande Manuel Ponce, muito difundida em arranjos para violino, piano e voz. Mas no clarinete de Seu Jair – que tocava vários instrumentos – sobressaia-se a sensibilidade que deve ter inspirado o compositor.

Ponce criou a música Estrellita em 1912 e fez sucesso inclusive com gravações por orquestras sinfônicas em vários palcos do mundo. Entre outras, Perez Prado e sua Orquestra, Billy Vogan e Orquestra e até recentemente ouvimos um LP com uma apresentação em solo de cordas pelos brasileiros Yamandu Costa e Dilermando Reis.

Em dias recentes a peça fez sucesso através de vídeos onde se apresentam a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e outras gravações com as sopranos Mônica Abrego, Venera Gimadieva e Belinda Ramirez, em distintos momentos, pois geralmente essa música é apresentada em recitais com soprano e piano.

Todavia, outros instrumentistas a apresentaram solando em piston, saxofone e clarinete, acompanhados de grandes orquestras.

Manuel Maria Ponce e o livro sobre sua vida e obra

Manuel Maria Ponce Cuéllar nasceu na Cidade do México, 24 de abril de 1948. Foi um músico e compositor mexicano, além de professor. Estudou em Bologna e em Berlim antes de retornar à sua terra natal em 1906. Depois disso, viveu também em Nova Iorque e em Paris. Foi louvado por sua terra como se um santo fosse.

Monumento a Manuel Ponce, no México

Pelo visto Estrellita permanece na alma da gente de todos os países, tornando Manuel Ponce verdadeiramente imortal.

* * *

Estrellita em solo do violinista Ray Chen e a Amsterdam Sinfonetta

6 pensou em “ESTRELLITA

  1. O QUE MAIS NOS IMPORTA É VER O MUNDO SALIENTAR, ATRAVÉS DAS MÚLTIPLAS APRESENTAÇÕES INTERNACIONAIS, QUE A MÚSICA LATINO-AMERICANA TEM POTENCIAL PARA SE TORNAR CLÁSSICA, COMO ESTRELLITA.

    OBRIGADO AMIGO POR SEU COMENTÁRIO.

    CARLOS EDUARDO

  2. Mestre, ao cumprimentá-lo pelo belíssimo texto informo que deve haver equívoco entre o ano de nascimento.
    Ler seus textos sempre me trazem alegria, conhecimento e encantamento.
    Abraços alencarinos.

  3. Ver sua escrita me anima porque sinto saudades de sua voz amiga e mensagens tão elegantes, inclusive cheias do vigor daquele velho locutor da Rádio Clube, o Prof. Abílio de Castro.

    Chegou a viver aqueles tempos? Quando ele lia a Ave Maria?

    Bom domingo, amigão!

    Carlinhos

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