Sozinho, no recôndito e solitário interior do meu carro, sem nada nos ouvidos, eu ficava sério, ria, gesticulava, balançava a cabeça, as mãos. Altos papos. Depois, balançava as mãos, a cabeça, gesticulava, ria, ficava sério. Meu vizinho de garagem a tudo assistia, atônito, se perguntando:
– Meu vizinho ficou doido? Se abilolou?
Mal sabe ele que inventaram um tal de blutufe que permite a gente conversar com ninguém.
Solidão, nunca mais. Depois que descobriram a Alexa, acabou-se a solidão, o não ter com quem falar. Quando estou só e sinto falta de um ‘tagarelar’, apelo pra ela ou pros robôs: ligo pro meu banco e uma máquina superatenciosa, dessas de fabricar doido, ouve meus reclamos sem nada contestar. Ou então faço uma ligação para a operadora de meu celular, que apenas manda teclar determinado número para iniciarmos um coloquio interminavel. Benditos são os robôs. Bons tempos os modernos …
Estou gostando, embora seja do tempo em que se conversava com as paredes. Longos papos. Quando elas discordavam de mim, brigávamos e eu, feito lagartixa, subia por elas, tentando convencê-las dos meus argumentos. Se não conseguisse, ia bater papo com meus botões, entre uma baforada e outra no ‘cigarrim’ que sabiá não fuma … Benditos eram os botões e as paredes. Bons tempos os antigos …
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Estou vendo que o mestre Xico está moderninho. Já sabe mexer nessas coisas. Como dinossauro, fico boquefechado. Pobre de mim, que nem sei como isso funciona. Viva Xico Bizerra!!!
Meu caro Doutor Zé Paulo,
aos trancos e barrancos, fazendo sofrer meu cavalo de ignorâncias tantas, vou saltando obstáculos e me adaptando à modernagem eletrônica É o jeito.