MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

Dia 01/02 e o fato marcante para o Brasil não é o aumento dos combustíveis anunciados pelo governo desde a semana passada. A mazela é a eleição para presidente da câmara e do senado realizada hoje e que conduziu, respectivamente, Hugo Mota e Davi Alcolumbre para comandar as duas casas. É mais um dia triste para o Brasil, um dia no qual a gente pisa e afunda um pouco mais, a tal da esperança.

Alcolumbre, para quem não se lembra, junto com Rodrigo Maia, também conhecido como Botafogo nas planilhas da Odebrecht, procuraram na surdina o presidente do STF, o sinistro Lewandowski, para consultar sobre a possibilidade de permanecerem no cargo na legislatura seguinte. O sinistro Lewandowski delegou a “análise” ao sinistro Gilmar Mendes, o qual num voto de 64 páginas concluiu que “mesmo ao arrepio da lei” era possível. O tal “arrepio da lei” era uma transgressão constitucional porque essa coitada dessa quenga leva mais chibata do que Amaro Brotinho. Ainda bem que outros sinistros pisaram no freio.

Obviamente, o interesse que estava por trás dessa decisão era manter a oposição ao governo Bolsonaro forte nas duas casas e deixar o presidente com a faca no pescoço, sob a ameaça de um impeachment. Rodrigo “Botafogo” Maia, canalha como muitos existentes no Brasil, tinha o sonho de ocupar a vaga, mas havia um vice-presidente antes. Nenhum problema, porque tem memória deve lembrar que o sinistro Gilmar Mendes quando presidia o STE, pautou a cassação da chapa Dilma e Temer. Daí, com o impeachment de Dilma, correu para reverter o processo mantendo Temer na presidência e tirando o doce da boca de Eduardo Cunha.

Alcolumbre, ao deixar o senado em 2020, engavetou, simplesmente, 21 pedidos de impeachment contra os sinistros do STF, sendo o campeão de audiência, o digníssimo, iluminadíssimo, absolutismo, sinistro Alexandre de Morais. Esse mesmo canalha, ao presidir a CCJ deixou de pautar, propositadamente, a indicação de André Mendonça para o STF. Mais de 90 dias transcorreram e ele não quis colocar em pauta a sabatina prevista na lei. Qual a alegação? O apoio que Mendonça deu, enquanto ministro da justiça, a Lava Jato.

Não custa lembrar que o irmão de Alcolumbre foi pego com mais de R$ 250 mil em espécie dentro de uma mala e que esse dinheiro não tinha origem declarada. Essa beleza de irmão foi preso, autuado, processado ou coisa que o valha? Não. Absolutamente, nada contra ele. Tão inocente quanto um bebê que acaba de inaugurar a vida numa maternidade do SUS.

Como se não bastasse, temos Hugo Mota, um deputado com base eleitoral em Patos, na Paraíba, eleito pela influência do pai, prefeito da cidade, e da avó que ocupa, pela sexta vez, uma cadeira na assembleia legislativa. Esse jovem foi eleito, pela primeira vez, deputado federal com pouco mais de 86 mil votos e destinou R$ 1,50 milhão como emenda parlamentar para reforma do teatro da cidade. Sabe qual a peça de inauguração? Desvio de dinheiro, obra inacabada até hoje, processo na CGU, TCU e tudo mais, com improbidade administrativa do pai, da avó, do papagaio e vai por aí.

Ser corrupto, neste país, merece prêmio. Quem trabalha com honestidade, mesmo na informalidade, fica exposto a vigilância de receita, mas quem rouba é perdoado e não apenas isso: se elege presidente, deputado, senador, governador, prefeito, vereador ou vai ser diretor de alguma estatal. É baseado nisso que, para mim, a esperança já morreu faz tempo, apenas deixaram de enterrar ou de cremar.

Minha esperança era que as pessoas compreendessem que nós não iremos mudar esse país nunca enquanto não tivermos um congresso digno, sem rabo preso com STF. É simples assim. Enquanto se vota nessas pessoas, o país se afunda, as falcatruas desfilam na avenida com um tapa sexo imoral. O povo recolhe o lixo e os corruptos se locupletam cada vez mais. Temos culpa porque não estamos fazendo a coisa de forma coerente. Não adianta irmos aos nossos grupos de zap colocar vídeos sobre os desmandos do governo ou, pior, coisas utópicas, fantasiosas que basta uma simples leitura para se ver o quão de energia se perde. Por exemplo: Trump vai nomear Bolsonaro como embaixador, vai suspender o visto dos sinistros do STF, agora Alexandre de Morais vai preso e vai por aí.

Não há organização política na oposição. Todo dia Gustavo Gayer publica com algo como “a casa caiu” e quando a gente vai ver, nada com nada. A estrela em ascensão é Nikolas Ferreira: um vídeo sobre o Pix foi visto 300 milhões de vezes. Isso foi suficiente para se falar na redução da idade para concorrer ao cargo de presidente. Se a intenção é beneficiar Nikolas, o efeito será exatamente o contrário. Por quê? Simples: há outros jovens com a mesma idade que mamam nas tetas do governo desde muito e que defendem os preceitos da esquerda. Então, pela hegemonia, Nikolas não teria a menor chance.

Observem o seguinte: na cidade de São Paulo, Tarcísio de Freitas teve menos votos do Haddad, Bolsonaro teve menos votos do que Lula. Em Minas, Lula teve 48% dos votos e Bolsonaro 43%. Dar para entender? Enquanto procurarmos fazer política com responsabilidade, orientando o eleitorado com propostas, convencendo da desgraça feita pela esquerda nesse país, não sairemos do velório da esperança.

11 pensou em “ESPERANÇA É MESMO A ÚLTIMA QUE MORRE?

  1. Caro Assuero, o sistema é bruto e corrupto, eu não voto em candidatos que tenha alguma capivara, tem o rabo preso. O famoso fim do foro privilegiado dorme em alguma das gavetas da câmara, só que os administradores do Brasil avisaram que processos que ocorreram quando tinha direito ao foro, ao perder, a encrenca continua na última instância, e aí, pra onde vai esse país? Já passamos da Venezuela há um bocado de janeiros.

  2. Nobre Assuero, sou nordestino também, a última eleição pra senador meu candidato não se elegeu mas pelo ao menos não tinha processos, era limpo, para deputado federal elegeu-se e é ficha limpa, vamos torcer que não se envie nessa próxima eleição, figuras com o CPF cadastrado no mundo da malandragem.

  3. Como de hábito, sapientíssimas as palavras do Professor Maurício Assuero. Infelizmente. Institucionalmente falando, estamos muito mais próximos da Venezuela do que dos Estados Unidos, ainda que não haja fraude eleitoral…

  4. Que bom seria se da mesma maneira que damos emprego a esses políticos, nós também tivéssemos o poder de demiti-los sumariamente, sem esses processos de cassação etc e tal.
    Tal qual um dono de empresa, um diretor de empresa ou um gerente de filial
    que tem o poder de demitir um empregado desonesto e vagabundo.
    Que bom seria mostrar cartão vermelho pra esses caras.

      • Não votando, nós já estamos dando cartão vermelho.
        Eu gostaria de dar cartão vermelho pra certos políticos depois de eleitos e já estarem exercendo a função.
        Tal qual faz um dono de empresa quando o empregado após a admissão, se mostra incompetente

  5. Pingback: CARTÃO VERMELHO | JORNAL DA BESTA FUBANA

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