Essoutro dia vi o emanguaçado Luís Luladrácio da Silva vociferando, com sua voz roufenha, as ditas malvadezas que a “elite” branca, misógina e racista fez com os trabalhadores, principalmente com os sindicatos bananeiros que foram desacoplados da tetinha por onde jorrava o farto leite do dito “imposto sindical”. Aquela excrescência criada por Getúlio Vargas – boa bisca que era, atrasou o desenvolvimento do país em mais de 50 anos -, que amarrava os sindicatos ao governo, mas que, com o passar do tempo foi sendo acomodado como uma fonte de renda fácil, sem a necessidade de sindicatos e centrais sindicais trabalhar pelos seus afiliados. Mas estou me adiantando na questão. Vamos por parte, como diria Jack, o estripador de White Chapel.
Retomando o meu passado profissional, neste 2022 a. D (anno Domini), ou 466 d.S (depois de Sardinha), serão 31 anos de serviços dedicado ao povo do Glorioso Mato Grosso do Sul, com altivez e orgulho. Trinta e um anos que se darão no mesmo dia em que completarei “Uma Boa ideia”, 51 anos de vida bem vivida, com a barriguinha e os arrependimentos necessários. Talvez eu seja um dos poucos a ter o privilégio de comemorar duas datas no mesmo dia: tempo de serviço e idade.
E, nesses 31 anos de serviço público, pude acompanhar como nossos sindicatos profissionais foram perdendo relevância, importância, e até mesmo espaço na vida dos seus afiliados. Naquele ano de 1991, quando assumi minha cátedra na Educação, a primeira coisa que fiz, após tomar posse, foi filiar-me ao sindicato de classe. Foram tempos bons. Tempos de batalha, de lutas, de união, mas, acima de tudo, tempo de companheirismo, de camaradagem e coleguismo. Naquele tempo, ser “’do sindicato” era motivo de respeito, orgulho e até mesmo de certa vaidade.
Naquele ano de 1991 o nosso sindicato e a nossa federação estavam com uma campanha intitulada “Sindicalizando muda”!. Foi uma campanha gloriosa de filiações, de agregação de pessoas e profissionais que mudou mesmo nosso senso de organização profissional. Mas também trouxe dores. Nas nossas lutas eu, este caeté que vos fala, tal qual os professores que tomaram porrada mandado por Paulo Pimenta, também levou gás lacrimogênio nas fuças, cassetete de borracha das costas e cafungada de cavalo da tropa de choque no cangote. Mas, eram outros tempos. A causa era digna e a marcha valorosa.
Nossa luta à época era por condições dignas de trabalho. Não me envergonho em dizer que quando comecei a trabalhar ganhava cerca de 119 milhões de cruzeiros por mês. Em junho de 1994 meu último salário em cruzeiro foi de 798 milhões de cruzeiros. Quando a moeda virou Real, aqueles 798, mais 200 milhões a título de bonificação, viraram 17 reais. Com o salário mínimo a 65 reais mensais, continuamos com abonos e gratificações até chegar ao salário mínimo. Hoje, posso dizer que, no mês de outubro, professores no auge da carreira, aqui no MS poderão chegar a 14 salários mínimos por 40 horas de serviço semanal. Se tiver titulação de doutor, poderá chegar a 18 salários mínimos. Fruto de luta!
Todavia, não sei por que cargas d’água, o sindicalismo desandou, a receita micou, aquela força que tínhamos, para dizer em uma linguagem mais árida, perdeu seu momentum, e as bandeiras que mantínhamos erguidas caíram por terra. Aliás, sei sim, e posso precisar momentos em que o sindicalismo se deixou enredar por assuntos alheios e estranhos à sua pauta e à sua luta. Tão alheios que, na atualidade, as pessoas esconjuram e jogam sal por cima das costas quando se toca na palavra sindicato, no meio de professores.
O sindicato sempre foi uma entidade política. Por natureza e razão de ser, não podia ser diferente, ou mesmo, não podia ser igual a uma entidade amorfa. Porém, naquela época gloriosa as mais diferentes correntes políticas e ideológicas conviviam harmoniosamente já que tínhamos um objetivo em comum: PMDB, PT, PDT, PFL, PCO, PCdoB, PCB, PSDB, PRN. Havia espaço para todos. Mas a receita começou a desandar quando aquela quadrilha travestida de partido político, isso mesmo, o PT, começou a se infiltrar e dominar a direção sindical, tanto vertical, quanto horizontalmente. A cada nova eleição sindical manipulava o estatuto para impedir outras correntes ideológicas de comporem chapas, ou mesmo agregarem com outras chapas, e passaram a agir igual a Saddan Hussein, ou mesmo Hosni Mubarak, semre vencendo com margens de 98 a 99% dos votos válidos. Não somente impediam não petistas de concorrer, como de votar. Com o passar do tempo, o sindicato passou a ser apenas um satélite nas mãos do Partido das Trevas, e pau mandado do Luís Luladrácio da Silva.
Eu, quando vi essa situação ocorrer tentei montar chapa, agregando diversas correntes ideológicas no nosso sindicato. Todos estávamos aptos para votar e ser votado. O entanto, lembro-me muito bem que, a direção que estava concorrendo à reeleição, chamou uma assembleia em que só os que concordavam com eles souberam. Nessa assembleia, mudaram o estatuto da entidade, nossa chapa foi impedida de concorrer, bem como quase 60% dos filiados que não rezavam pela mesma cartilha. Se alembram do que falei sobre a campanha “Sindicalizando muda”. Pois então. No estatuto dizia que podia votar e ser votado quem estivesse em dia com suas contribuições sindicais e fosse filiado a, pelo menos, 180 dias. Na “reforma”, feita na surdina, passaram esse tempo para 3 anos, ou seja, a maioria era recém sindicalizado, e ficou fora do pleito. Muitos colegas, mais antigos, em protesto, coisa que sempre fui contrário, mas, em solidariedade, não votaram. E, com isso, o PT assumiu controle e nunca mais saiu da direção sindical.
Mas essa foi também a fase do declínio total do sindicato, pelo menos aqui no glorioso Mato Grosso do Sul. As pautas, antes voltadas para o interesse do professor, passaram a espelhar a mesma pauta que o PT defendia. Temas estranhos ao interesse sindical passaram a fazer parte de seu modus operandi. De sua dinâmica. A luta pela qualidade acadêmica, pela qualidade do local de trabalho, pela existência de materiais e recursos em quantidade e qualidade foram esquecidos. A pauta única era dinheiro, ou salário, como se salário alto fosse sinônimo de qualidade. Até mesmo a qualidade do docente foi esquecida. E então pautas do MTST, do MST, da demarcação de terras indígenas, da causa LGBT, do aborto, passaram a fazer parte da causa sindical, mas as causas dos interesses de professores foram esquecidas.
Lembro-me de certo fato ocorrido aqui no MS, quando o governo do Estado, para contratar professor temporário, fez uma espécie de avaliação da qualidade docente, com nota de corte com valor cinco, ou seja, se você acertasse 50% da prova estava apto. A surpresa geral foi que, teve professor de Matemática que tirou zero em Matemática. Professor de Língua Portuguesa que tirou zero em Língua Portuguesa, afora outras disciplinas. Esse concurso, por assim dizer revelou duas coisas: o mal que o petismo estava fazendo nas academias de licenciatura e o mal que estava fazendo nos sindicatos.
E, qual foi a postura do sindicato, já contaminado pelo petismo? Lutou para melhorar a qualidade desses docentes? Não. entrou na justiça para anular a avaliação e garantir a contratação de professores, mesmo daqueles que tiraram zero nas suas áreas de conhecimento, haja vista a maioria deles se ajoelhar ao mesmo deus pavoroso e rezar pela mesma cartilha do tinhoso de pé rachado e nove dedos.
E, essa corrida ladeira abaixo vem sendo, cada vez mais veloz. Em 2019, quando o governo do Estado fez uma mudança no estatuto do Magistério estadual, a fim de economizar, rebaixando o salário do professor contratado em 45% menos que o do professor efetivo, o sindicato só ficou sabendo quando já estava sancionada a lei e publicada em Diário Oficial. Na reunião após essa hecatombe todos se perguntavam o que havia ocorrido. Pedi a palavra e disse, sem medir deseducações…. “aconteceu isso porque enquanto nosso sindicato e federação estavam fazendo caravana para ir até Curitiba dar bom dia a um ladrão lavador de dinheiro, o governador e seus apoiadores se movimentaram e aprovaram essa lei”. Fui, delicadamente convidado a me retirar do recinto, pois estava “tumultuando” as discussões.
E assim, chegamos a 2022, quando Lula, com sua voz infernal diz que pretende revogar a reforma trabalhista, porque os sindicatos precisam de proteção. Mentira. O que ele quer é a volta do imposto sindical. Lula e até as pedras de Marte sabem que é com o dinheiro do imposto sindical obrigatório que as direções de sindicatos, federações e confederações vivem uma vida de nababos, com carros luxuosos, casas grandiosas, viagens só de classe executiva, e outros mimos. O imposto sindical não é revertido para o sindicalizado; parte dele vai para sustentar a máquina de tramar traições dentro do PT. A justiça eleitoral sabe disso, os sindicalizados sabem disso. Até um alienígena que passasse uma semana em Pindorama ficaria ciente disso.
Os sindicatos querem o dinheiro forçado, já que o imposto é obrigatório, seja você filiado, ou não, dos trabalhadores brasileiros Quando esse famigerado imposto foi extinto, sindicatos, federações e confederações ficaram pendurados na brocha. Como eles teriam que trabalhar pelo filiado, e trabalhar é uma coisa que petista não sabe fazer, bateu o desespero, daí um investimento ilegal maciço para que o Luladrácio da Silva volte ao poder. O risco, aos curiboca, arariboia, potiguara, caeté, tupi, guarani, xingu, e outras nações de indiaiada, é que, dessa vez, chegando lá, eles não saem nunca mais. E aí, meu caro curumim, coitado dos doguinhos da terra brasilis.
Roque, meu conterrâneo: o que você expôs é a mais pura verdade. Desde quando aprendi um pouco sobre a vida real dos sindicatos, quando trabalhei na G.M., passei a ter nojo do Sindicato dos Metalúrgicos (na verdade, a CUT). Esses dirigentes vagabundos só querem dinheiro para terem regalias. Não trabalhavam, viviam do imposto sindical, viajavam, moravam e comiam muitíssimo bem, e a classe operária que se lascasse.
Bela e precisa análise.
Meus parabéns.
Tenha um excelente final de semana. Abraços,
Esse Roque é melhor do que o santeiro
O caeté é bom pra caráio,, não só escreve, explica e desenha, não tem como não entender.. Na minha opinião, sindicatos e partidos políticos teriam que “viver” de doações de seus partidários, nada de contribuições obrigatórias ou fundão partidário.