ALEXANDRE GARCIA

Trump Tarifaço China

China e Estados Unidos entraram em espiral de elevação de tarifas

Eu tenho dito aqui que Donald Trump fez a sua fortuna negociando. Ele é um grande negociador, e sua característica principal é botar o bode na sala para depois negociar a retirada do bode. Tem sido assim com as tarifas, e a China agora é a demonstração disso. A China reagiu à presença do bode, botou 84% contra os Estados Unidos. Os EUA aumentaram para 124%. A moeda chinesa, o yuan, despencou para valores de 2007, e a China está apavorada, a ponto de recomendar que os chineses não façam turismo nos Estados Unidos.

Os outros países querem negociar: a Espanha, onde estou agora, fala em conversar com Trump. A União Europeia está sugerindo um “zero a zero”, tirando as tarifas dos produtos industriais. No Brasil, Lula está a toda hora xingando Trump, mas parece que o norte-americano não deu muita bola, manteve os 10%. Agora, todos ficarão com 10% por 90 dias, menos a China, para dar tempo para negociar a retirada do bode.

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Alexandre de Moraes agora é estrela em revista norte-americana

Já saiu na versão digital, e sai na edição impressa do dia 14, o perfil de Alexandre de Moraes na revista New Yorker, com o ministro dando entrevista e ironizando os Estados Unidos. Perguntaram a ele se poderia haver pressão americana sobre o Judiciário brasileiro, e ele responde “só se botarem um porta-aviões, mas o porta-aviões tem de chegar ao Lago Paranoá”, em Brasília. O Itamaraty deve ter se desesperado, porque está negociando com os EUA, e essa ironia não contribui.

Está escrito na Constituição que os poderes devem ser harmônicos, mas eis aí outro caso de desarmonia entre poderes. O Supremo vive se metendo em legislação, em assuntos políticos que são do Congresso Nacional. Interferiu gravemente durante o governo Bolsonaro, impedindo o presidente de fazer uma nomeação que é prerrogativa dele, a escolha do diretor da Polícia Federal. Uma coisa simples, mas que ele não pôde fazer, e Bolsonaro obedeceu. E agora mais essa, em relação ao Poder Executivo.

O Congresso, por outro lado, diz “sim, senhor”, porque há muitos deputados e senadores investigados por desvio de emendas, por exemplo. Caiu agora o ex-ministro Juscelino Filho, que volta para a Câmara, “cai para cima”. Mas também estão investigando o líder do partido de Juscelino, Elmar Nascimento, por mau uso de emendas, sabe-se lá quantos deputados estão envolvidos. É por isso que alguns deputados do PL votaram pela urgência de um projeto de lei que aumenta os salários dos auxiliares de gabinete dos ministros do Supremo. O Judiciário brasileiro já é um dos mais caros do mundo: só o Brasil e El Salvador superam 1% do PIB. Os outros estão lá embaixo: 0,3% é a média mundial de gastos do Judiciário em relação ao PIB. Aqui não; aqui vemos por toda parte os penduricalhos de juízes, desembargadores e ministros.

E isso chama cada vez mais atenção porque, como o Supremo se mete em política, tudo vira discussão política. O Supremo já não está mais protegido pela toga porque fala além dos autos, para fora dos autos, dando entrevistas a toda hora, como essa de agora para a New Yorker, que é uma espécie de Veja dos Estados Unidos.

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Processo de Filipe Martins avança nos EUA, e o arbítrio continua por aqui 

O processo do Filipe Martins agora está sendo tocado pela Justiça em Orlando, para saberem quem falsificou a entrada dele nos Estados Unidos. Dizem que foi um brasileiro que trabalha naqueles serviços de segurança, de alfândega, mas é preciso apurar. Depois da audiência dessa quarta-feira, isso vai ser apurado e as provas vão surgir. Dois dias antes, o ministro Alexandre de Moraes multou Filipe em R$ 20 mil porque estava ao lado do advogado Sebastião Coelho, quando ele gravou uma mensagem para suas redes sociais. Filipe Martins estava ao lado, calado, e mesmo assim acabou multado em R$ 20 mil. Absurdo!

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