PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Ó tu, que vens de longe, ó tu, que vens cansada,
entra, e sob este teto encontrarás carinho:
eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,
vives sozinha sempre, e nunca foste amada…

A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho.
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
se banhem no esplendor nascente da alvorada.

E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,
essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,
podes partir de novo, ó nômade formosa!

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha:
há de ficar comigo uma saudade tua,
hás de levar contigo uma saudade minha…

Alceu de Freitas Wamosy, Uruguaiana-RS (1895-1923)

Um comentário em “DUAS ALMAS – Alceu Wamosy

  1. Alceu joga a rede, cai quem quer.

    Este papo rola até hoje.

    Deixa que digam, que pensem, que falem;
    Eu não estou fazendo nada v. também….

    E assim vai a lábia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *