Pálida, bela, escultural, clorótica
Sobre o divã suavíssimo deitada,
Ela lembrava – a pálpebra cerrada –
Uma ilusão esplendida de ótica.
A peregrina carnação das formas,
– o sensual e límpido contorno,
Tinham esse quê de avérnico e de morno,
Davam a Zola as mais corretas normas!…
Ela dormia como a Vênus casta
E a negra coma aveludada e basta
Lhe resvalava sobre o doce flanco…
Enquanto o luar – pela janela aberta –
– como uma vaga exclamação – incerta
Entrava a flux – cascateado – branco!!…
João da Cruz e Sousa, Florianópolis-SC (1861-1898)
Não sei como esse gajo conseguiu acessar visualmente, tão formosa rapariga, mas pela quantidade e qualidade dos elogios, não deve ter ficado só nisso.
Mas, por outro lado, trata-se de um poeta romântico do século “lá atrás”.
Se ela existiu, deve ter ficado só nos versos.