Em tempos de plataformas digitais sinto-me uma fita cassete. Na melhor das hipóteses, um vinil. Mas vou tentar me transformar em pelo menos um CD. Prometo. Quando vejo meus netos, Bernardo, o mais velho deles com mirrados 10 anos, manuseando com a maior intimidade e destreza o aparelho celular de sua mãe, convenço-me plenamente de estar vivendo num tempo que não me pertence.
ZAP e PIX
Não que eu sinta saudades do telex ou do orelhão e suas fichas ou que não reconheça a utilidade do ZAP e do próprio celular. Não que eu ainda recorde o velho talão de cheques: dele, não mais faço uso. Utilizo, em seu lugar, o modernoso PIX, muito mais prático que aquela folhinha de papel que a gente assinava e o povo aceitava como se dinheiro fosse.
LERO-LERO COM MÁQUINAS
Tudo o que se faz hoje se fazia ontem, de outra forma, é verdade, mas todos éramos mais felizes. A diferença é que em minha época com cheiro de ‘século passado’ as pessoas conversavam, trocavam ideias, havia tempo para um abraço, sobrava espaço para um sorriso, um aperto de mão. Ia-se aos lugares para se distrair, conversar, aos restaurantes para comer, à igreja para rezar, sem nada às mãos ou ao ouvido. Tudo se resolvia sem que fosse necessário dialogar com insensíveis máquinas.
ONDE ESTÃO OS LPS?
E para ouvir uma boa música bastava ligar a radiola e colocar um LP. Hoje dependo de um aparelhinho pequeno que até falar, fala. E toca música, e compra coisas, e manda e recebe recados, fuxiqueiro que é. Até bate retratos sem necessitar de filmes. Pelo menos não dependo mais da Kodak para fazer meus instantâneos. Salve os novos tempos. Vou me acostumar, se tempo houver.
O mestre Xico se considera um cassete? E eu, pobre de mim, nem isso. Viva Xico Bizerra.
Fui generoso comigo mesmo, doutor Zé Paulo. Talvez não passe de um velho gramophone, em desuso por ultrapassado que está. Abraço Nabuqueano.
Nada, mestre Xico, você é um avião supersônico.