FERNANDO ANTÔNIO GONÇALVES - SEM OXENTES NEM MAIS OU MENOS

Dei plena razão ao articulista Hélio Schwartsman, em seu artigo na FSP, 4 de setembro último: “A lista de problemas que explicam o fracasso do Brasil é enorme, mas a âncora mais pesada me parece ser a da educação. Sem avanços substanciais, tende a zero a chance de o país entrar no clube das nações desenvolvidas.” Ele analisa com muita argúcia o livro O Ponto a Que Chegamos, do colunista Antônio Góis, do jornal O Globo, editado este ano pela Fundação Getúlio Vargas, 208 páginas, com prefácio do ministro Luís Roberto Barroso, do Superior Tribunal Federal. Um livro que alerta, desabestalha e cidadaniza ainda mais os pensantes que ainda almejam ver um MEC sem incompetentes gestores metidos a pastores. O livro do Góis analisa “duzentos anos de atraso educacional e seu impacto nas políticas do presente”.

Neste domingo de eleição, quando a cidadania solidária dos quatro cantos do país deverá se fazer presente em todas as seções eleitorais, permito-me contar, nesta gazeta de notável utilidade cívico-crítica, uma história que aconteceu de mesmo nas proximidades do Santuário de Nossa Senhora de Aparecida. Ei-la:

Sujinha, ele a viu nas imediações do posto principal da Catedral famosa. A garotinha nada pedia, nem um mínimo de atenção recebia uns trocados dos que se dirigiam para o templo.

Certa manhã dia, um jovem adolescente percebeu a garota refletindo imensa tristeza. Dela se aproximou, desconfiando das intenções de uma menina maltrapilha num dia de domingo. Afinal, com a violência imperando por toda a cidade, aquela menina merecia toda cautela.

Ao se sentar perto da menina, um detalhe logo sobressaiu: sua descomunal corcunda. Percebendo-se observada, seus olhos procuraram o chão, a vermelhidão se estampando nas suas bochechas famintas.

Esforçando-se para demonstrar boa vontade, o rapaz ensaiou um “olá”. A garotinha balbuciou um “oi” quase inaudível, após fixar intensamente o semblante de quem a ela se dirigia.

Criando coragem, o rapaz perguntou por que ela estava tristinha. E a resposta veio sem alegria: – Porque eu sou diferente.

Tentando refazer-se de um “eu sei” pronunciado fora de hora, o jovem buscou uma alternativa de agrado: – Menininha, você me lembra um anjo doce e inocente.

Arregalando os olhinhos, a garota sorriu, seu corpinho tornando-se mais espigado: – De verdade? logo indagou. O jovem entusiasmou-se: – Imagino até que você é um anjo da guarda mandado por Deus para olhar todas as pessoas que passam por aqui, na direção da Catedral da Aparecida, aquela ali”.

Com o rosto menos hirto, a criança pronunciou um “sim” revestido de certeza e arrematou, quase nocauteando o adolescente: – Eu sou seu anjo da guarda, amigo.

Abobado, o rapaz imaginou-se sonhando. E ouviu a explicação: – Quando você deixou de pensar unicamente em você, meu trabalho aqui foi concluído. Aturdido, o rapaz indagou: – Espere, e por que então ninguém parou para ajudar um anjo? A resposta da maltrapilha reenergizou-o: – Porque a única pessoa que me deu atenção nesta área foi você. Disse e desapareceu por completo.

A partir daquela tarde, me disseram que a vida do jovem se transformou. Ele percebeu que todos precisam de todos. E cada um deve identificar seus anjos maltrapilhos em sua caminhada cristã solidária.

Nas proximidades da seção eleitoral, antes de colocar o voto na urna, vamos atentar para a existência das muitas crianças famintas do Brasil, defenestrando para bem longe a idiotia dita por um puxa-saco burocrata metido a ministro da Economia de um país que necessita ser de todos os brasileiros.

Um comentário em “DESEDUCAÇÃO BICENTENÁRIA

  1. Pois é……
    Que narrativa linda, mas……
    Sem a idiotia de um puxa saco metido a ministro da fazenda seríamos todos uns sujinhos a espera de um alguém que nunca viria….
    Deus nos fez todos iguais e todos absolutamente diferentes, com capacitacoes, caracteristicas e sentimentos absolutamente unicos……., como uma impressao digital
    Pense nisso….. !!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *