VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

Hoje, depois do carnaval, literalmente, inicia-se o Ano Novo (2025). O Carnaval é uma festa que transcende fronteiras geográficas e temporais, representando tradição e inovação.

É uma verdadeira lavagem cerebral do povo, com show de bundas, vestidas apenas com fio dental, na televisão e nos blocos carnavalescos que enchem as ruas do País, onde as visões se turvam e a libido enlouquece.

No Carnaval, há uma lavagem cerebral generalizada e o brasileiro, durante o período de Momo, adormece a mente para os problemas diários, e foca apenas na nudez exibida na mídia, agitando os cérebros e proliferando desejos.

Com as fantasias minúsculas que exibem o corpo, e muita bebida, o carnaval dá uma prega na vida e no pensamento. Fica tudo pra depois…E o depois só traz contas a pagar.

O Carnaval é a expressão mais genuína da cultura brasileira. É o tempo em que o povo brasileiro se reúne para celebrar sua própria miséria e sua própria ignorância, e expor as suas bundas. Alguns aproveitam o carnaval para sair do armário e assumir seus distúrbios hormonais e suas taras.

O Carnaval é o verdadeiro “Laissez-faire”, expressão francesa, que significa “deixe fazer”. Ela é utilizada para identificar um modelo político e econômico de não – intervenção estatal. O poder público deixa tudo acontecer.

A Barra do Cunhaú, bela praia do Rio Grande do Norte (Canguaretama), que já foi um recanto familiar, onde se podia descansar com tranquilidade, atualmente, no carnaval, passou a ser invadida por visitantes carnavalescos perturbadores e inconvenientes, portando paredões e serviços de som, onde a baixaria da música Funk impera. É de fazer vergonha o nível de músicas Funk que esses visitantes impõem aos veranistas e proprietários. Um verdadeiro deboche, sob os olhos do poder público, que, mesmo disponibilizando diversos veículos de fiscalização, são desrespeitados pelos invasores. Ao serem avistados, impõem aos infratores apenas a diminuição do volume dos sons. Ao se afastarem, a barulheira volta a imperar.

Acorda, Barra do Cunhaú!

Os administradores estão se deixando dominar pelos forasteiros, e enxotando os veranistas e proprietários de imóveis. Permitem que os baderneiros invadam a praia, fazendo com que os veranistas e moradores batam em retirada, à procura de outros lugares, onde possam preservar a saúde.

* * *

Marcha de Quarta-Feira de Cinzas – Vinicius de Moraes

Acabou nosso carnaval
Ninguém ouve cantar canções
Ninguém passa mais brincando feliz
E nos corações, saudades e cinzas
Foi o que restou

Pelas ruas, o que se vê
É uma gente que nem se vê, que nem se sorri
Se beija e se abraça, e sai caminhando
Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto, é preciso cantar
Mais que nunca é preciso cantar
É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem
Qualquer dia, vai se acabar, todos vão sorrir
Voltou a esperança, é o povo que dança
Contente da vida, feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis
Há tão grandes promessas de luz
Tanto amor para amar de que a gente nem sabe

Quem me dera viver pra ver
E brincar outros carnavais
Com a beleza dos velhos carnavais

Que marchas tão lindas
E o povo cantando seu canto de paz
Seu canto de paz, seu canto de paz
Seu canto…

2 pensou em “DEPOIS DO CARNAVAL

  1. A Marcha da Quarta Feira de Cinzas foi composta pela dupla, justamente para fazer uma crítica velada ao sistema que se instalara, ou seja, a “Ditadura Militar”.
    Uma bela música, de fato, mas, com um viés totalmente esquerdista. E, lembremos que o Vinícius era um simpatizante do comunismo, tanto que chegou a filiar-se ao pcb.
    Quem o salvou foi a Tati, primeira esposa do poeta, que disse que ele não estaria pronto e que nem estaria sujeito às reuniões muito “centradas” do partido.
    Mais informações na biografia “Vinícius, o Poeta da Paixão”, escrito por José Castello, pela Companhia das Letras, com 1ª edição em 21 de fevereiro de 1994.
    Por sinal, é um excelente livro.

  2. Obrigada pelo comentário, prezado Maurino e pelas dicas sobre o livro “Vinícius, o Poeta da Paixão”.
    Vinícius de Moraes e Carlinhos Lira compuseram essa pérola que se eternizou.
    Sou “vidrada” em Vinícius de Moraes, “poeta e diplomata, o branco mais preto, na linha direta de Xangõ, saravá!”( Trecho de “Samba da Bênção”, de Vinícius e Baden Powell).

    Bom final de semana!

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