O mês de agosto foi bastante difícil para mim. Viagens, orientações de teses, dissertações e um monte de participação em bancas tantos de meus orientandos quanto de outros. Quem manda não ter nascido rico. Fiz uma tentativa de publicar um texto sobre as eleições na Venezuela, mas a gente que vive comandado por uma ideologia esquerdista, não pode deixar de reconhecer que os caras se superam. Acho que é gratificante ver Daniel Ortega criticando Lula abertamente por “não reconhecer o presidente eleito da Venezuela”. Fantástico! Tão fantástico que me lembrei de Ivan Lins cantando “Na Nicarágua, capital Manágua!” que aludia ao fantástico governo de Ortega lá nos idos 1980.
Cabe dizer que isso foi pouco. Bom mesmo foi ver as conversas divulgadas envolvendo Alexandre de Morais e seus assessores mais próximos trocando figurinhas com os que funcionários de TSE para obter material que justificasse a condenação de A ou B. Repare que ele já tinha a sentença pronta, precisava apenas de “argumentos” tais como publicações nas redes sociais com referências a ele e demais ministros do STF. Eu tenho dúvidas se uma crítica aos indicados por Bolsonaro seria alvo de tanta dedicação.
O mais impressionante é que não aconteceu nada com ele e seu poder continua crescendo exponencialmente, com total leniência do congresso. Na verdade, a questão é relativamente simples de entender: o congresso é constituído de canalhas que são verdadeiros penduricalhos de improbidade administrativa e basta um se insurgir que, imediatamente, o STF reabre o processo contra ele. O caso mais escabroso foi a cassação de Deltan Dalagnol. Quando aquele Benedito concluiu pela cassação, Artur Lira berrou na presidência que era a câmara quem, constitucionalmente, tem o poder de cassar ou não um deputado. Deixou claro que não iria admitir aquela arbitrariedade e, no dia seguinte, o STF pautou o processo contra Lira, Resultado: Deltan cassado e o processo de Lira, arquivado.
Lamentavelmente, o povo não enxerga seu grau de responsabilidade nisso. Votar sempre em canalhas corruptos, cheios de processos e que ficam impassíveis na defesa do seu fiofó, enquanto a população decente assiste tamanhas arbitrariedades. Não temos direito de expressão. Quem determina se o que dissemos é crime ou não, é Alexandre de Morais. No seu abuso de poder solicitou bloqueio de contas nas redes socias e está aí a ordem de suspender o X no Brasil. Isso é muito interessante porque nos igualamos a Venezuela, Cuba, Coreia do Norte e tantas outros ditaduras ainda vigentes pelo mundo.
A vaza jato, como ficou conhecido a troca de mensagens entre Moro e a equipe do Ministério Público, foi instrumento de anulação da operação. Tentaram aniquilar de todas as formas. Ricardo Lewandowski, por exemplo, tentou levar Teori Zavascki para Portugal onde estava Dilma e seu ministro da justiça – famoso pela expressão “ventos frios sopram de Curitiba” – para que se estancasse a sangria conforme palavras de Romero Jucá.
O fato é que tudo que foi divulgado na grande mídia sobre as conversas de Alexandre não receberam o tratamento paritário. A constituição é clara: somente o presidente do senado tem poder para acatar um pedido de impeachment de um ministro do STF e no início dessa legislatura, houve um movimento para eleger um senador que, em tese, teria coragem de peitar Alexandre. O movimento para não permitir essa vitória foi feito tanto pelo governo quando por membros do STF. O próprio Alexandre foi ao senado dizer que estava preocupado com o crescimento da direita e uma possível vitória nas eleições municipais.
Relaxe Alexandre: teremos os mesmos canalhas que referendam eleitos em outubro. O povo, principal, agente de mudança, não está interessado em viver a plenitude da democracia. Enquanto isso, estamos na fase de transição da democracia para ditadura, ou seja, estamos na fase da democradura.
Verdade nobre Assuero, creio que o senado na presidência de um Rogério Marinho, teria outra cara, infelizmente nosso horizonte cada dia fica mais tenebroso.
Concordo. O atual não tem peito pra enfrentar