Ouvidos foram feitos para escutar coisa boa. Os meus, para isso Deus os fez. Verdade que Orquestras afinadíssimas executando as mais belas sinfonias de Ludwig van Beethoven ou os prelúdios incomparáveis de Johann Sebastian Bach ajudam e contribuem para que a vida seja mais leve e prazerosa. Mas outros sons também alegram o meu dia-a-dia.
Quem já ouviu trovoadas do mês de Junho, com relâmpagos clareadores anunciando chuva, ou a melodia das águas acompanhando a correnteza de um rio, ou, ainda, o cantar harmonioso de galos tecendo as manhãs, sabe a que me refiro. Alguém que já escutou o barulho poético de lagartixas passeando sobre folhas secas caídas ao chão, a harmonia do coaxar de sapos em perfeita sintonia com a doce zoada do cricrilar dos grilos, por certo concordará com minha teoria sonora.
Alguns que não tiveram a ventura de conhecer esses sons precisam conhecê-los. Assim poderão entender com mais clareza a beleza sublime da música de Piotr Ilyich Tchaikovsky e saborear com mais prazer Le Quattro Stagioni de Antonio Lucio Vivaldi ou deleitar-se com a sanfona tocada por José Domingos de Morais, o Mestre Dominguinhos.
Caro mestre Xico. Não sei se sabe mas, até os 13 anos, estudei só para ser maestro. Toco todos os instrumentos. E dei concertos de piano. Por isso, creio poder falar sobre o tema. Sobre seu texto, digo que tenho uma teoria. A de que Deus, entediado pela perfeição celestial, decidiu viver uma vida terrena. E, ao nascer por aqui, lhe batizaram como João Sebastião. Só assim se explica a perfeição de suas obras. Acha que posso ter razão?
Dr Zé Paulo,
total e absoluta razão. João Sebastião só pode ser o Ser supremo com um nome diferente, para desentediar o mundo à sua volta. E a perfeição celestial baixou à terra dos humanos sentado à frente de um piano. Salve JSB.