CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Francisco José, jornalista dos meus tempos no Diário da Noite

Neste mundo de hoje, caracterizado transversalidades – expressão que define quando o sentido é oblíquo com relação a determinado referente – ou seja, significa a reta transversal que gera diferentes tipos de ângulos.

Época em que se respira tudo quanto não é direito ou reto; mas torto, tortuoso ou vesgo. Vivemos a instantaneidade de um tempo ingrato, quando não se considera mais o valor individual das pessoas.

Nós, pessoas humanas, passamos a valer muito pouco, exceto os cientistas e médicos. Uns porque descobrem e criam maquinismos notáveis e os outros por nos manterem saudáveis, o quando possível.

Felizes os de minha geração já oitentona, porque convivemos com os notáveis de várias profissões e décadas. Gente séria, honesta e cheia de valores. Prontas à ajuda mútua. Alguns que aqui recordo estive perto mais de uma vez e me ajudaram no aprendizado da vida. Na perfeição do comportamento social sadio.

José Júlio Gonçalves da Silva, um dos técnicos de maior realce da Cia. Editora de Pernambuco, a velha CEPE. Trabalhamos juntos alguns anos e desenvolvemos em 2004 o livro “CEPE – Sumário para a História”.

Homem simples, mestre nas artes plásticas, facilitador de todos que precisavam aprender, ao ponto de criar a Bottega Oficina de Arte, destinada a processos de criação.

Estivemos próximos quando colaborei com sua primeira exposição de arte, apresentando uma coleção de capas de livros que ele criou, evento realizado no Forte das Cinco Pontas. Outro exemplo de notabilidade. Um notável amigo.

Sanelvo Cabral, com quem desbravei os sertões para realizar reportagens comemorativas de eventos, como o Centenário de Petrolândia, onde permanecemos vários dias.

Nossas viagens foram destinadas a escrever matérias para as publicações do “Suplemento do Interior”. Íamos acompanhados de publicitários que captavam contratos para o Diário de Pernambuco.

Homem simples, veterano setorista da Câmara Municipal do Recife, onde pontificou durante mais de 20 anos. Fizemos imortal amizade.

João Alberto Martins Sobral, um dos mais longevos colunistas sociais do Brasil, menino a quem dei a mão, oferecendo a primeira publicação de uma matéria com sua assinatura, aliás, sobre esportes.

Pessoa notável que escreveu vários livros, além de produzir anualmente o “Sociedade Pernambucana” e que se notabilizou por seu comportamento íntegro nas folhas e fora delas. Tem me dado exemplos!

Tão bom que recebeu o Título de Benemérito da AABB-Associação Atlética Banco do Brasil de Recife. É um companheiro que prima por ser fiel às amizades que conquista com sua finura.

Augusto Costa Boudoux, saudoso jornalista que conheci no Náutico e me levou a ser Redator Principal da revista daquele clube, na gestão de Eládio de Barros Carvalho.

Nos anos seguintes trabalhamos juntos em vários dos seus empreendimentos, dentre eles o “Jornal da Região”, sobremodo nos primeiros anos do livro-catálogo de João Alberto, uma de suas melhores criações.

Cidadão educadíssimo, com ótimas relações em todos os círculos sociais e empresariais, sempre ajudava os novos no ofício. Um exemplo de dedicação à causa jornalística. Faz muita falta ao nosso cotidiano.

Isnaldo Nogueira Xavier, antigo arte-finalista desde os tempos em que trabalhamos para a MDP – Mídia Dinâmica Publicidade produzindo livros diversos e os boletins do Country Club, do Conselho de Odontologia e dos Corretores de Imóveis.

Não se liga apenas às artes gráficas do cotidiano de sua prancheta, mas à poesia e à pintura, que tem exportado para a América com regularidade.

Com ele aprendi a ser humilde numa profissão difícil, onde se avança nas madrugadas sentindo o cheiro de chumbo das linotipos. Outro de comportamento notável.

Tarcísio Pereira, figura que conheci ao negociar a primeira biografia de Capiba com a sua notável “Livraria Livro 7”, que era uma verdadeira academia de letras, na Rua 7 de Setembro, no Recife.

Estimulador de valores colocou o meu “Capiba, sua vida e suas canções” na vitrina de sua loja, dando chance para meu livrinho receber um bom impulso de vendas, merecendo uma nota publicada por Marcos Prado, em sua coluna do Diário de Pernambuco, assinalando como o mais vendido durante várias semanas, em 1984.

Tarcísio se tornou Editor, coincidentemente no tempo em que abri nova frente de trabalho, como Editor de livros e produzimos juntos vários títulos. No Conselho Editorial da CEPE ele concluiu sua trajetória nesta existência. Deixou uma saudade imensa. Notável é termo pequeno par a sua grandeza humana.

Francisco José de Brito, que não é outro senão o notável repórter da Globo, moço íntegro em sua vida pessoal e profissional, acima de tudo nas apresentações que faz na TV, tanto na terra, no mar e no ar.

Criatura que conheci aos 16 anos quando trabalhamos juntos no Diário da Noite, na década de 50. Há poucos dias, durante a inauguração da estátua de Capiba, na AABB, Associação Atlética Banco do Brasil, nos falamos daqueles tempos e até sobre a sirena que anunciava saída do “Diário da Noite”, o “filho travesso” do Jornal do Commercio. Um notável exemplo de profissional de qualidade e bom amigo.

2 pensou em “CONVÍVIO COM OS NOTÁVEIS

  1. Carlos, ainda temos “grandes jornalistas” no Brasil? No entendimento geral, até mesmo da redações, hoje o jornalista é uma voz ativa da ideologia. Eu creio que tenha sido assim no passado, mas parece que a partir do momento em que as redações passaram a contar com verba pública, tomou-se partido por um partido.
    Certa feita eu dava aula e o pessoal do movimento estudantil pediu pra falar sobre umas pautas, dentre elas o financiamento público de campanha. Permiti e fiquei ouvindo. Eram integrantes da UNE e após a explanação – todos eles falaram um pouco – perguntaram se os alunos tinham alguma pergunta. E perguntei se podia fazer uma. Autorizado, emendei:”por que a UNE não se posiciona publicamente sobre a roubalheira que existe no governo e que desvia dinheiro da educação? Depois do apoio de R$ 25 milhões pra construir a sede, a une fechou os olhos?”
    Nenhuma resposta. No governo passado, uma palestra era R$ 300 mil.
    Está tudo contaminado ou tem ainda alguém sério?

  2. Caríssimo Assuero,

    O importante de nossas crônicas é despertar os debates e o conhecimento da História.

    Você acaba de contribuir para um fato histórico importantíssimo, que você viveu e registrou.

    Como professor tem gabarito para levantar contracenos e ir de encontro àqueles que em nada contribuem para a melhoria da sociedade como um todo.

    Guardarei no meu Arquivo de Pesquisas seu comentário.

    E agradeço a informação e a leitura.

    Bom domingo e um abração do seu leitor!

    Carlos Eduardo

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