Continuo com histórias de livro que estou escrevendo (título da coluna). Esta, em homenagem a nossos irmãos da terrinha e sua muito especial forma de pensar.
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ALBERTO TEIXEIRA, empresário. Em Arouca, num dia de finados, foi rezar no túmulo da família. E comentou, desconsolado, com o sobrinho José Brandão:
– O lugar estar à pinha (cheio). Vim encontrar meus mortos e só vejo vivos dos outros.
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JOÃO REGO, pensador. Na recepção do hotel, querendo saber se iria poder caminhar:
– Amigo, você acha que amanhã vai fazer sol?
– Olhe, senhor, aqui em Lisboa sempre tem sol. Só que, de vez em quando, algumas nuvens ficam entre o sol e a gente.
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Dom JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA, Cardeal. Nas Vicentinas. Ele:
– Acredita em Deus?, José Paulo.
– Infelizmente, não. Acredito no Destino.
– O amigo está usando o nome errado. Isso, que você chama Destino, é a Providência Divina. A presença de Deus, na sua vida.
– Então tá certo. E acho até bom.
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MARCELO NAVARRO RIBEIRO DANTAS, Ministro do STJ. Num café do Rossio, a seu lado, três brasileiros fazem os pedidos:
– Por favor, um expresso!.
– Dois!
– Três!
E o garçom, matematicamente (ou por picardia), trouxe para eles seis cafés.
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MARIA LECTÍCIA. Apontando, ao garçom, prato no cardápio do Grêmio Literário:
– Eu gostaria de experimentar esse Bacalhau à Braz.
– Gostaria? E por que não experimenta?
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ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA, gênio, professor na Universidade de Brown (Estados Unidos). Na recepção do Hotel Fayal (na Horta, Açores), pediu um táxi. A recepcionista, no telefone com a companhia de táxis, perguntou:
– Quer que o táxi venha à recepção?
– Não é preciso. Ele pode ficar lá fora.
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RAUL CUTAIT, médico. Atrasadíssimo para reunião pergunta, na rua:
– O senhor sabe onde fica a Cidade Universitária?
– Sei.
E o cidadão, depois da resposta, simplesmente foi embora.
Um amigo meu, saindo do hotel em Lisboa, perguntou ao recepcionista:
“Quanto tempo dura a viagem daqui até Coimbra?”
A resposta:
“Isso depende da velocidade com que o senhor vai.”
As respostas são perfeitas para perguntas não objetivas …..
Ouvi alguma coisa assim e parece que o diálogo aconteceu em Portugal …….
1 pergunta – Você vai para a Praça tal ???
Resposta – Não
2 pergunta – Voce pode me deixar na Praça tal
Resposta – Sim
1 afirma – Mas voce disse que nao ia para a praça tal
Resposta – Isso mesmo. Vou para a garagem e no caminho passo na Praça tal
Acho que é por isso que existem advogados, para distorcer condições que não ficaram explícitas..
Alguns usam estas “falhas” para o bem e outros aproveitam para o mal.
Juizes excepcionais, ou pessoas comuns de bom senso, conseguem interpretar o espírito real da situação, utilizando uma premissa bem simples………;
Não faça Com / Para o outro, aquilo que não quer que façam Com / Para voce
São respostas plausíveis.(um misto de)
Esta última, de Raul Cutait, me fez lembrar do meu primo em Boston, alertado que solicitação de informação pode custar 1 ou 2 dólares, foi pego por um jovem e esperto interlocutor:
– Você sabe onde fica o Museum of Fine Arts (Museu de Belas Artes)?
– Sei, sim. Recebeu um dolar.
– Então me diga onde fica?
– Ai custa outro dolar, senhor…