Achei interessante o posicionamento do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, tanto quanto do atual presidente, Gabriel Galípolo, mas confesso que sinto um asco fora do comum com as palavras do presidente da república, sejam elas quais forem. Não custa lembrar que Armínio Fraga declarou, abertamente, voto no atual presidente e que meses depois, falou que estava preocupado, mas não demonstrou o mínimo sentimento de arrependimento. Talvez, naquele momento, ele acreditasse que suas palavras seriam suficientes para sensibilizar o calhorda.
Em tom alto e claro, Fraga, deflagrou uma ofensiva sincera: “o cenário econômico atual do Brasil apresenta sintomas de um paciente na UTI” e mais adiante ponderou que “os juros futuros, estão na lua a perder de vista”. É sabido que a partir de março a taxa de juros da economia, chamada SELIC, chegará aos 14,25% ao ano. O que muitas pessoas não sabem é que não decisão do presidente do Banco Central estipular essa taxa. A questão é técnica: oferta e demanda por moeda. Ponto final. Cabe ao Conselho de Política Monetária qualquer decisão de política monetária no país e, lógico, o presidente do Banco Central tem voto de minerva.
O interessante é Fraga, parece ter esquecido que foi presidente do Banco Central, enfatizou que a política fiscal é a única área que pode ajudar a política monetária, ao que Galípolo esclareceu, de forma coerente: “É preciso não cruzar linha e transcender o quadrado da autoridade monetária.” Perfeito! Há dois modos de intervenção do governo no sistema econômico. O primeiro é mediante a política fiscal que é prerrogativa do Congresso porque envolve o orçamento do governo, ou seja, a determinação de despesas e receitas. O problema é que os efeitos da política fiscal devem observar o princípio da anterioridade, isto é, valem a partir do exercício subsequente. Vejam o caso da proposta de isentar do imposto de renda, pessoas que ganham até R$ 5 mil por mês: se for aprovado no Congresso, só tem vigência a partir de 2026.
A outra forma é mediante a política monetária que é tratada pelo Conselho de Política Monetária e tem o Banco Central como seu órgão executor. Essa política trata do equilibro entre oferta e demanda por moeda, com o fito, entre outros, de controlar a inflação visto que é um determinante da taxa de juros. O problema é que até Caetano Veloso está participando de reunião do COPOM. Para ele “13 está bom”. O cara pensa que essa taxa é fixada na “porrinha”, ou seja, naquele jogo onde cada participantes fica com três palitinhos nas mãos e tenta advinhar a soma dos palitos.
Em adição, Luiza Trajano implorou para que Galípolo não comunicasse mais aumento na taxa de juros. Vamos lá: no governo passado, o país enfrentou uma pandemia que fechou o sistema econômico e graças às medidas do ministro Paulo Guedes e de Roberto Campos Neto, o Brasil teve uma queda no produto inferior a Inglaterra e aos Estados Unidos, por exemplo. Tivemos taxa de juros de 2% ao ano, fato que nos fez experimentar juros reais negativos! Nunca antes na história desse país! Guedes e Campos Neto foram eleitos os melhores do mundo, nas suas respectivas funções. Mas, dona Luiza preferiu acreditar nas promessas do calhorda. Quem não lembra que ela foi cotada para assumir o ministério da micros e pequenas empresas que o governo pensava em criar?
Dona Luiza, assim como inúmeros petistas medalhões, não teve a capacidade de criticar a dívida pública, ou seja, ela poderia ter feito um discurso contundente pedindo ao presidente redução nos gastos para que o país consiga equilibrar o cenário fiscal. Daí, vem o calhorda dizer que cumprimos a meta de superávit primário porque o arcabouço fiscal mostrou um déficit de 0,1%, o que para ele “é quase zero”. Se esse jumento tivesse algum entendimento, anunciaria o déficit em valores absolutos e não proporcional. Mais ainda: esse calhorda, até dezembro passado culpava Campos Neto pela alta dos juros e agora saiu com essa: “Galípolo vai consertar os juros, mas precisa de tempo”. Eu não consigo entender como alguém, ainda, é capaz de referendar as merdas que essa figura abjeta fala e faz.
O cenário econômico do Brasil é o pior possível. O grande problema está, não apenas no crescimento da dívida pública, mas na velocidade com que a dívida vem crescendo. Foi baseada nessa taxa de variação que Armínio Fraga projetou juros futuros estratosféricos, mas apesar de tudo isso, o IBGE anuncia menor taxa de desemprego e maior crescimento econômico. Como se explica isso? Bem, o que o IBGE não disse é que dados do ministério do trabalho e do emprego registram 7,44 milhões de pedidos de seguro-desemprego, sendo este o maior quantitativo dos últimos 8 anos.
Outra coisa que o IBGE não diz é que além do consumo, os gastos do governo e as exportações líquidas são componentes do PIB. Então, a desvalorização do Real torna o produto brasileiro mais competitivo, basta ver os argentinos gastando dinheiro no sul do país, e os gastos do governo para o qual deveria haver redução porque gastar é bom, mas quando se tem receita para cobrir. Por enquanto, pergunte-se porque uma economia como a do Brasil, 5 a 6 vezes maior do que a Argentina, paga juros reais maiores do que eles.
Meu caro Assuero, vc como sempre por ser do ramo e do bem, coloca tudo em seus devidos lugares. Quando assumimos o lugar de alguém, temos por obrigação dar e fazer o melhor, mas o que vemos? Essa criatura chegou com faca nos dentes e sangue nos olhos, Deus tenha misericórdia.
.Bom domingo Xavier. Obrigado pelas palavras. Além de crise moral, esse governo tem crise de incompetência. O gestor da Previ, não é do setor, não entende porra nenhuma de cálculo atuarial, gerou um rombo de R$ 14 bilhões e ganha R$ 67 mil por mês
Estimado professor Maurício Assuero, como sempre dando uma verdadeira aula. Parabéns pelo seu artigo. Abraço grande.
Meu caro número 1, muito obrigado. É uma honra pra mim.
Guedes e Campos Neto foram eleitos os melhores do mundo, nas suas respectivas funções, por quem?
Uma revista ligada ao BID e BIRD. Na verdade, da América Latina. Campos Neto foi premiado três vezss
Assuero, essa turma tem cara de pau demais e vergonha de menos.
Exatamente, poeta. Bem definido