Cartaz de Cidade de Deus em Blu Ray
Marco da retomada do cinema brasileiro, o filme CIDADE DE DEUS, é um dos maiores sucessos comerciais e de crítica da história do cinema nacional. Trata-se de uma obra superlativa, que muito herda de filmes como ‘Os Bons Companheiros’ (1990), dirigido por Martin Scorsese, ‘Scarface’ (1984), dirigido por Brian De Palma e ‘Pulp Filtion’ (1995), dirigido por Quentin Tarantino, com alguns tons e estruturas narrativas similares, mas que, ao mesmo tempo, assume um caráter único por meio da representação nua e crua de um dos lados do quadro social do Brasil.
Indicado a quatro estatuetas do Oscar (direção, roteiro adaptado, montagem e fotografia), temos aqui o que certamente se classifica como um dos melhores filmes brasileiros, mas precisamos entender o que faz dele uma obra-prima.
A trama gira em torno de Buscapé (Alexandre Rodrigues), um morador da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, que desde pequeno fora um espectador de camarote da violência que assola a favela em questão. Através de uma câmara que gira em torno do personagem, o relógio volta no tempo e somos levados aos anos 1960, quando tudo ainda era diferente e a violência dentro da comunidade não alcançava os níveis que vemos no desfecho da obra. A partir daí, em uma narrativa não linear, acompanhamos a história dos criminosos da Cidade de Deus, do Trio Ternura a Zé Pequeno (Leandro Firmino).
Um dos ingredientes para a fórmula do sucesso de Cidade de Deus foi a decisão do diretor Fernando Meirelles com trabalhar com atores ainda inexperientes, convocados de favelas do Rio de Janeiro, o que garante uma autenticidade ao que vemos em tela. Há uma sinceridade na atuação de cada um deles, desde Dadinho até o protagonista. Meirelles, naturalmente, não simplesmente os jogou em cena; uma extensa preparação misturada a teste de elenco foi realidade com profissionalismo e competência, na qual uma escola de atores foi formada e que, posteriormente, ao Nós do Morro e o Cinema Nosso, que, desde então, já formou competentes profissionais na área do cinema.
Nem todos os atores foram marinheiros de primeira viagem. Matheus Nachtergaele, no papel de Cenoura, é um dos exemplos. Meirelles, que não queria trabalhar com atores renomados, encontrou no ator uma complicação: o recente sucesso de O Auto da Compadecida, onde Nachtergaele interpretava o personagem João Grilo. A promessa do ator de “sumir” do filme a não ser por sua atuação, porém, foi cumprida. Não há Matheus Nachtergaele em Cidade de Deus, apenas Cenoura – um trabalho autêntico por excelência que não só quebrou o imagético do filme, como contribuiu para ele, ao passo que o personagem não destoa dos outros em nenhum aspecto.
Resumir o sucesso de Cidade de Deus simplesmente à direção de atores, contudo, seria uma grande injustiça. O roteiro de Bráulio Mantovani faz um verdadeiro milagre da adaptação ao colocar no cinema um livro com mais de duzentos personagens sem fazê-lo soar apressado ou arrastado. A fim de transmitir uma maior fluidez, o longa assume uma estrutura capilar – pulando de bandido em bandido enquanto a história da comunidade é formada. Unindo esses episódios temos Buscapé e sua narração em off (além da presença na tela), que impedem uma quebra de ritmo e constrói a ideia de que está tudo conectado: os eventos mostrados no início do filme diretamente impactam o que vemos em seu desfecho. A coesão é garantida por esses recursos simples, mas magistralmente utilizados.
A montagem de Daniel Rezende caminha lado a lado com o roteiro, fazendo o necessário para que o dinamismo constante de Cidade de Deus seja mantido. Tem-se um filme de 130 minutos que não para em momento algum. Cada transição entre os capítulos é realizada de forma orgânica, fluida. Para isso é mantida uma linearidade nessa narrativa não-linear – enquanto a história progride naturalmente na passagem dos anos, ela vai e volta a fim de nos trazer um olhar dedicado sobre determinados personagens. Flashbacks e elipses temporais são constantes e mais de uma vez um dos indivíduos retratados é deixado de lado, somente para ser abordado posteriormente. A narração em off de Buscapé aqui se faz essencial, nos dá vislumbres do que veremos depois, mantendo-nos curiosos acerca do papel de cada peça nesse complexo tabuleiro.
A direção de Fernando Meirelles é o pilar que mantém tudo isso unido, com uma decupagem que nos transporta para dentro desse cenário, ora com um olhar externo dos acontecimentos, quase documental, ora com closes em seus personagens, garantindo a humanidade em cada um deles. Sentimo-nos como se estivéssemos ali no meio daquele problemático ambiente e a sensação de perigo nos assola, transmitindo um pungente naturalismo à narrativa, que chega a nos deixar com um nó no estômago ao término da projeção. Buscapé, na verdade, somos nós, perdidos dentro daquele violento contexto, buscando entender o que se passa e colocar justamente um fotógrafo como protagonista é a marca maior disso: o olhar externo dentro do mundo da criminalidade.
Ao lado da direção temos a emblemática fotografia de César Charlone, que já nos planos iniciais tira o nosso fôlego – não é à toa que o plano circular do início do filme se tornou tão famoso. Charlone apresenta um verdadeiro domínio de sua arte, sabendo trabalhar de forma impecável mesmo nas diversas cenas noturnas. Sua retratação da Cidade de Deus apenas solidifica o naturalismo mencionado anteriormente com uma paleta de cores que apenas realça a frieza dos criminosos dali – os tons quentes dos anos 60 vão abrindo espaço para cores mais frias, assumindo o auge após a morte de Bené (Phellipe Haagensen), que é para Zé Pequeno o que Manny era para Tony Montana. Em momento algum sentimos uma segurança ao assistir a obra; temos a perfeita noção de que, a qualquer momento, algo pode dar errado.
À vista disso, desde seu lançamento, Cidade de Deus influenciou centenas de outras obras, não somente no campo audiovisual – um bom exemplo disso é a graphic-novel Coringa (histórias em quadrinhos amalucadas), de Brian Azzarello, que conta com um quadro inspirado em Dedinho e suas tendências homicidas. Fernando Meirelles nos traz um longa-metragem que consegue nos cativar completamente, ao mesmo tempo em que coloca em nós uma inegável angústia por meio da pesada atmosfera que constrói, encerrando seu filme com um tom sombrio mascarado de otimismo, que apenas reflete a realidade do quadro social do Rio de Janeiro, que, por si só, já nos deixa em constante apreensão.
Cidade de Deus foi amplamente considerado um dos melhores filmes de 2002 pela imprensa especializada brasileira e norte-americana; recebendo aclamação universal pela crítica especializada e elogios favoráveis. No site Rotten Tomatoes, o filme tem uma aprovação de 90%, chegando ao consenso de “um olhar chocante e perturbador, mas sempre atraente para a vida nas favelas do Rio de Janeiro.” No site Metacritic, recebeu 79% de aprovação, baseado em 33 opiniões, e classificado como “geralmente favorável” pela nota de análise do público. O crítico de cinema José Couto relatou que, ‘Cidade de Deus’ “é um filme de vigor espantoso e de extrema competência narrativa. Seus grandes trunfos são o roteiro engenhosamente construído e a consistência da mise-en-scène.”
O crítico do THE NEW YORK TIMES, Stephen Holden, elogia particularmente a sequência da festa de despedida de Bené (Phellipe Haagensen), no final da história, “como uma das partes mais espetaculares do filme.” No LOS ANGELES TIMES, o crítico Kenneth Turan em sua resenha desenha o filme como “uma potente e inesperada mistura de autenticidade e luxo visual” e “uma peça vigorosa de realismo social que está inegavelmente amparada em algo verdadeiro.” Turan enaltece particularmente a montagem de Daniel Rezende como “eletrizante.” Cidade de Deus não chegou a ter cópias dubladas nos cinemas, sendo exibido apenas legendado. Sobre as legendas, o crítico Mike Clark do USA TODAY diz que “mesmo fãs de filme de ação avessos a ler legendas deveriam dar uma chance a esse filme.”
Cidade de Deus (City of God) – Trailer Português
Cidade de Deus e a subversão das regras 🐔 Analisando o Cinema
“Qualé Curió, vai cantar o que pra nóis?”
Ah, Ciço, meu caro, “O sistema é foda, parceiro”.
Eis nós, verdadeiras vítimas da sociedade totalmente enclausurados em nossos lares, com medo de sair à rua em qualquer hora do dia ou da noite e em qualqur recanto de brasilzão de meu Deus, enquanto o cinema glamouriza a bandidagem.
Bandido bom é bandido…
O filme nos mostra, em todas as suas nuances a Broken Windows Theory, desenvolvida na escola de Chicago por James Q. Wilson e George Kelling.
Explicam James e George que se uma janela de um edifício for quebrada e não for reparada a tendência é que vândalos passem a arremessar pedras nas outras janelas e posteriormente passem a ocupar o edifício e destruí-lo.
Ou seja, que a desordem gera desordem e que um comportamento anti-social pode dar origem a vários delitos.
Qualquer ato desordeiro, por mais que pareça insignificante, urge ser reprimido. Tolerância zero com a bandidagem (do ladrão de celular até os poderosos de colarinho branco é a solução).
Que crimes de pequena monta encarcerem o meliante por uns bons 10 anos sem nenhum privilégio e que aqueles onde envolva mortes das vítimas tenha como resposta da sociedade através dos agentes da lei, prisão perpétua ou pena de morte.
Enquanto isso, dou um pulinho no BOPE, através do genial Tropa de Elite e ouço:
1)“Baixa o tom pra falar comigo!”
2)“Tá de pombagirisse comigo?”
3) “Bota ele na Âncora!”
4)“Eu não caí para baixo, parceiro, eu caí para cima”
5)“Máfia é coisa de italiano, macarrão, espaguete…”
6)“É claro que todos os intelectuais de esquerda e maconheiros da cidade iam votar nele”
7)“O nome dessa operação deveria ser operação Iraque”
8)“Pensaram que eu ia cair pra baixo, mas eu cai pra cima”
9)“Encosta este bunda rachada em algum canto”
10)“CPMF: Comissão pra policial militar filha da puta”
11)“Quer me foder? Então me beija”
12)“Traz um café que pão seco é foda”
13)“Quem quer rir, faz rir”
14)“Cada cachorro que lamba a sua caceta”
15)“Ele tá se achando a pica das galáxias”
16)“Ter uma polícia cujo o símbolo é uma caveira. Ter uma polícia cujo o símbolo é a morte”
Pede pra sair, Ciço!!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Opá! Mestre Sancho:
“Eu vim aqui pra levar o Baiano, porra! E vou levá-lo! E se você não quiser subir o morro, foda´se! Peça pra sair, mas eu vou levar o Baiano!”
Depois de muita garra, o capitão Nascimento, a encarnação da Justiça que Padilha cagou em cima, encontra o Baiano e explode a cara dele com um tiro de doze! Que deveria ser na cara do chefe do PT, a encarnação de todos os males!
Tropa de Elite 1 e 2 continuam geniais pela temática séria abordada, mas, infelizmente, seu diretor cagou na sala de estar!
Forte abraço, querido amigo!
Confesso que não fiquei surpreso com este excelente artigo escrito pelo meu amigo
Cicero Tavares.
Sem dúvida é uma obra prima , uma critica feita com excepcional conhecimento
do assunto narrado.
Garanto que , mesmo na critica internacional, não é fácil encontrar alguém que tenha conhecimento e sensibilidade ´para tratar de um assunto um tanto complexo,
pois é coisa séria , um filme com argumento maior e não romance pasterisado sem
maiores significados.
Bravos Cicero, cada vez que leio os seus artigos fico assombrado com
o seu conhecimento e sua inteligência, voce demonstra que está fazendo
um grande serviço e não apenas ocupando espaço com comentários, muitas vezes
sem grande import|ância.
As consequêrncias : Uma obra de valor mexe com as inteligências acima
do normal e o resultado , pode-se notar foi o magnifico comentário
do nosso caro Sancho Pansa, que quando encontra algo de valor, responde e se supera, mostrando a sua enorme grata inteligência.
Que sorte a nossa, primeiro ter um jornal com esta qualidade supra e segundo
por ter a oportunidade de estarmos aqui junto, comemorando esta união de
]pensamentos e agradecendo a Deus pela nossa feliz irmandade. Que mais podemos desejar ?
Abraços Dmattianos pára todos.
Caros Dirceu e Ciço,
Que sorte a nossa, primeiro ter um jornal onde possamos colocar um pouco de tudo e muito mais, além de poder aproveitar o espaço e conviver com gente do gabarito de um D Matt, de um Sancho e de um Ciço.
E aproveitando que este espaço foi chamado d Disneylândia Bolsonarista em passado recente, para elencar alguns feitos do CAPITÃO, que mora na estima do cronista Ciço. Eis:
Resumo de alguns dos maravilhosos feitos do governo Bolsonaro até agora (2019 a 2022): 1) Redução recorde de homicídios e crimes violentos; 2) Apreensão recorde de drogas; 3) Maior programa de privatização da história (402 bilhões em privatizações, concessões e desestatizações); 4) Extinção de 27 mil cargos públicos; 5) Redução do desemprego de 14% p/ 9%; 6) Lei da Liberdade Econômica; 7) Criação do PIX; 8) Reforma da Previdência; 9) Marco do Saneamento Básico; 10) Marco das Ferrovias; 11) Marco do Gás; 12) Marco das Startups; 13) Sistema Balcão Único (abertura de empresas em poucas horas); 14) Nova Lei de Falências; 15) Melhora de 124ª para 65ª no Ranking Doing Business do Banco Mundial; 16) Digitalização de Serviços (redução de burocracia e mais celeridade no atendimento à população); 17) Digitalização dos cartórios; 18) Revogação de 23 mil atos normativos (corte de burocracia e gastos); 19) Venda de Imóveis da União (arrecadação de mais de 100 bilhões); 20) Lei de Combate à fraude Previdenciária; 21) Lei das Assinaturas Eletrônicas (reconhecimento de assinaturas eletrônicas em documentos, contratos, etc.); 22) Venda/Transferência de Veículos por meio Digital; 23) Nova Lei de Licitações; 24) Adesão do Brasil ao Acordo de Contratações Governamentais (GPA), que permitirá a participação de empresas estrangeiras em licitações no Brasil e de empresas brasileiras em licitações no exterior; 25) Início do ingresso do Brasil na OCDE; 26) Eleição do Brasil para o Conselho de Segurança da ONU; 27) Abertura do 1º Escritório Regional da Organização Mundial do Turismo nas Américas; 28) Extinção da Unasul e criação do Prosul; 29) Conclusão das negociações dos acordos comerciais com a União Européia e com o EFTA; 30) Maior fluxo de comércio da história; 31) Maior superavit comercial da história; 32) Brasil como um dos 5 principais destinos de investimentos externos (2019-2021); 33) Acordo de Salvaguardas Tecnológicas que irá fazer de Alcântara um dos centros da indústria aeroespacial; 34) Conclusão de mais de 5 mil obras de infraestrutura; 35) Mais de 1 mil obras para melhorar a infraestrutura turística do país; 36) Entrega Transposição do Rio São Francisco e de centenas de outras obras que garantem o acesso da população nordestina a recursos hídricos; 37) Reabilitação do modal ferroviário com o Marco das Ferrovias e Programa Pró-Trilhos; 38) 30 contratos para a construção de novas ferrovias (investimentos de 133 bilhões; 39) 10 mil KM de malha ferroviária em construção; 40) 11 mil KM de malha ferroviária em reabilitação; 41) Auxílio-Emergencial (R$ 600,00); 42) Auxílio Brasil (R$ 400,00 e agora R$600); 43) +250 mil Títulos de propriedades rurais, com redução recorde de invasão e conflitos no campo; 44) Manutenção do endividamento público no patamar pré-pandemia; 45) Criação da Secretaria Nacional de Alfabetização e de programas de alfabetização baseado em evidências; 46) Aumento de 33,24% no salário dos professores da Educação Básica, o maior reajuste salarial para professores da história; 47) Criação de 130 Escolas Cívico-Militares; 48) Reforma e ampliação de 2500 escolas no país; 49) Renegociação de dívidas para os beneficiários do FIES; 50) Lei do Superendividamento (recuperação de indivíduos com endividamento excessivo); 51) Programa Wi-Fi Brasil (15 mil pontos); 52) Redução de tarifas e tributos de centenas de produtos, incluindo alimentos, medicamentos e insumos médicos; 53) Fixação de teto para impostos estaduais; 54) Redução de 25% do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados); 55) Redução gradual do IOF até chegar a 0% em 2029.
I amu qui vamu, que o sol anda a beijar a face da gente nas estradas deste ABC paulista.