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Ontem eu vi pelas redes sociais a queda de um casarão em Caicó. E lamentei. Eu lamentei.
E não compreendi como um ato igual aquele pode ser feito numa cidade pulsando cultura, cujo campus da Universidade Federal do Rio Grande do Norte oferece há várias décadas um curso de História. De História! E fico imaginando nas barbas de quantos Bacharéis em História aquele ato foi praticado.
Não questiono e nem argumento sobre a geração de empregos (eu serei sempre a favor da geração de postos de trabalho, e da criação de riquezas). Certamente será ali um ponto comercial.
Mas, há meios de se alcançar os objetivos de lucro preservando o patrimônio de uma cidade.
Em Assu, por exemplo, o grupo de Supermercado Queiroz, com sede em Mossoró, comprou de uma lapada só algumas casinhas e um velho teatro intencionando pôr tudo no chão.
Uma lei municipal impediu essa aberração. O resultado foi a fachada do teatro preservada e uma das frentes de supermercados mais bonitas do Brasil.
Então, por aquilo que assisti ontem nas redes sociais, nasceu a poesia abaixo:
CHORO E POEIRA
Seu doutor, não foi querela
Eu chorei foi por desgosto
Quando vi na mídia exposto
O caso da casa bela.
Uma máquina amarela
Um trator sem compaixão,
Tão frio, sem coração,
Sem passado, sem história,
Desprovido de memória
Botou a casa no chão.
Não sobrou sequer um vão
Um só, seu doutor, um só!
Menos lindo o Caicó
Ficou com a demolição.
Não quero argumentação
Com quem apaga o passado
Pois, um passado apagado
Faz se perder a riqueza
Da cultura, da beleza,
Da história e do legado.
Eu vi aquele sobrado
Sob a pá da escavadeira
Chorando um choro poeira
Por cada vão derrubado.
Era um choro abafado
Pela queda de um paço
Por cada baque do traço
Perdido da arquitetura
Poeira ganhando altura
E se perdendo no espaço.
Jesus, comovente o caso e a glosa. Aqui no Recife o, então, prefeito Augusto Lucena derrubou uma igreja do ano se 1729 pra construir a av Dantas Barreto que liga nada a coisa nenhuma
Coisas desse tipo arrancam um pedaço do nosso coração.
Seu doutor Assuero e doutor Poeta Jesus, não foi querela
Eu chorei foi por desgosto
Quando vi no JBF exposto
O caso da casa BRASIL, TÃO bela.
Uma máquina vermelha e amarela
Um trator sem compaixão,
Tão frio, sem coração,
Sem passado, sem história,
Desprovido de memória
Botou o BRASIL no chão.
Como anda difícil reconstruir este nosso amado BRASIL, caríssimos…
Abraço de Sancho a esses dois gigantes deste nosso JBF.
Sancho, diz a hora que tu estás livre que eu abro o cabaré. Porra meu, tás mais difícil que as aulas de Maurino.
Por Santa Maria Bago Mole,
Infelizmente, caríssimo proprietário da fidalga casa de moçoilas prazerenteiras, desde que o covid tomou conta de nosso Brasil, nos horários de prazeres cabarelísticos assuerísticos estou na estrada, neste trânsito infernal das marginais paulistanas.
Entre o cabaré e a grana do coco, opto, por sobrevivência da prole, pelo ganha-pão.
Abraço imenso e saudade sem igual das noitadas entre tão nobres companheiros de jornada pretéritas.
Dê um abração no “lindjo lindro” Maurino e no doutor em cearencês, o impagável Neto Feitosa.
E a moça da noitada de hoje, pela foto que o amigo postou, é uma belezura…
Acho lamentável esse tipo de ação. Pelo mundo afora, passado e presente se unem de forma inteligente preservando a história, como se observa em cidades como Olinda, Salvador, Rio de Janeiro, Istambul, Cartagena, etc.
Pois é meu caro, é triste ver nossa história destruída em nome do “pogresso”.
Todos sabem que é possível construir sem destruir.
Quando eu morava em Ribeirão Preto, havia próximo a minha casa uma antiga estação de trem, construída no início do século passado, no estilo inglês, com aqueles tijolos à vista. Belíssima construção.
O local, incluindo a estação, foi adquirido por uma construtora para instalar um condomínio de casas de alto padrão.
Porém o local era tombado e não permitiram a derrubada da estação. Ao contrário, o local foi preservado e transformado em um centro de convivência dos condôminos. Mais: os muros e as casas do condomínio foram feitos no mesmo estilo da antiga estação. Ficou muito bonito.
A sociedade não pode permitir coisas como essa que você narrou. Perdeu Caicó, perdeu a memória da cidade; perdemos todos nós.
ISSO ACONTECE EM TODO O BRASIL E A QUALQUER TEMPO.
Manda quem pode; obedece quem é fudido.
O Poder Público fecha os olhos e abre o cofre da ganância.
Veja essa construção modernista daqui do Recife, destruída no final de semana:
https://marcozero.org/mais-uma-casa-modernista-e-demolida-as-escondidas-em-recife/
Ano passado em Cruzeta foi demolida a casa do fundador da cidade, em parte caímos juntos.