PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Cheguei a meio da vida já cansada
De tanto caminhar! Já me perdi!
Dum estranho país que nunca vi
Sou neste mundo imenso a exilada.

Tanto tenho aprendido e não sei nada.
E as torres de marfim que construí
Em trágica loucura as destruí
Por minhas próprias mãos de malfadada!

Se eu sempre fui assim este Mar-Morto,
Mar sem marés, sem vagas e sem porto
Onde velas de sonhos se rasgaram.

Caravelas doiradas a bailar…
Ai, quem me dera as que eu deitei ao Mar!
As que eu lancei à vida, e não voltaram!…

Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)

Um comentário em “CARAVELAS – Florbela Espanca

  1. Lindo poema da Florbela, todos o são.

    Para mim talvez este seja o melhor, pois mostra toda a trajetória da poeta Bela.

    Cada palavra, cada linha, estrofe tem seu significado; merece ser refletido com foco em nossas vidas pois são atemporais.

    Mostra uma pessoa que, tendo já vivido, andado por muitas plagas, se sente exilada do mundo.

    Eu me sinto um pouco assim já nos caminhos finais da minha vida (já passei bem mais da metade).

    O que me faz feliz é a presença das minhas netinhas, presentes que Deus (e meus filhos) me deu.

    Estas foram as velas que lancei ao mar e voltaram.

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