CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Outro dia, minha leitora, sra. Eliane Buarque Lawrence, que reside em Las Vegas, nos Estados Unidos, me perguntou como se explicaria o sucesso de Capiba até depois do falecimento. E disse conhecer as obras de Nelson Ferreira, José Menezes, Edgard Moraes, Luiz Bandeira, Carnera, Zumba, J. Michiles. e Luiz Guimarães.

Como pernambucana do Recife, mas residindo há anos na América do Norte, colecionara vários frevos de rua, de bloco e frevos-canção e conhecia um pouco de suas biografias.

Respondi-lhe que a força daquele homem estava, principalmente, em sua simpatia pessoal, pois tinha um jeito de ser incomum. Dominava as rodas de conversa ou as grandes plateias, logo que chegava.

Era a alegria personificada. Sempre irreverente, gostava de contar piadas e em seu livro: “Histórias que a vida me contou”, editado em 1992, deu um show de cenas engraçadas.

O café que lhe era servido no trabalho era muito ralo e choco; por isso o apelidou de “chafé”. Gostava de botar apelido nos colegas e até lhes pregar peças.

No último andar do velho prédio do Banco do Brasil, no cais do porto do Recife, um pouco abaixo da cúpula, havia uma lanchonete, cujo nome foi batizado de “Bar Querubim”, embora fosse uma lanchonete.

Às caladas da noite, com a molequice de sempre, Capiba mandou fazer uma placa de papelão e pregou na porta, com o nome invertido, a fim de provocar boa pornofonia:

“Querubim Bar”. Os da Velha Guarda sabem o que ele bem desejava dizer.

Capa da revista “Continente”, editada pela Cia. Editora de Pernambuco

Sabia, como poucos, alimentar as boas amizades. Iniciei com ele e sua Zezita boa aproximação, a partir do período anterior às comemorações dos seus 80 anos, quando fui convidado por Sérgio Loureiro a produzir o livro: “Capiba, sua vida e suas canções”.

Anos depois, ao publicar seu segundo livro, mandou entregar em minha casa um exemplar, com esta notável dedicatória:

Ao amigão jornalista e camarada bom, Carlos Eduardo, com um abraço e um “queijo”. – Capiba, Recife, 29.05.1993.

E na página 200 do capítulo: Roteiro Sentimental mais ou menos cronológico, a partir de 1904, me agraciou com elogiosa referência:

1984 – O jornalista e escritor Carlos Eduardo Carvalho dos Santos lança o livro “Capiba sua vida e suas canções”, com grande aceitação.

Com certo companheiro de trabalho, costumava ouvir e responder sua saudação, quando se encontravam em quaisquer situações:

– Colega Capiba!…

– Colega, não, pois não sou “veado”!

Os últimos momentos em que o vi andando foi quando estava se exercitando, por recomendação médica, segurado pelo braço de Zezita, dando voltas no Salão Nobre da AABB, espaço que viria a ter seu nome, por iniciativa do então Presidente Mário Celestino.

Meses depois fui assisti-lo durante alguns plantões, no Hospital São Lucas, quando já nos dias finais, quando fustigado pela terrível enfermidade que o consumiu durante vários anos.

Tive o prazer de editar e ser o Promotor Cultural desse livro magnífico de Luiz Felipe, pois sempre estamos espiritualmente juntos produzindo história.

Este mesmo colega bancário, o Luiz Felipe de Moraes Moura, agora, lança um interessante livro-documentário, reunindo expressiva documentação sobre o passado desse compositor e as referências jornalísticas atuais, ilustrado com fotografias e enriquecido com artigos e crônicas de vários escritores.

E com esse modelo de comportamento, sempre sorrindo e provocando o riso em seus interlocutores, foi deixando sua marca. E assim tornou-se um símbolo de eternidade.

Um comentário em “CAPIBA – SÍMBOLO DE ETERNIDADE

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