A existência dolorida
Cansa em meu peito: eu bem sei
Que morrerei…
Contudo da minha vida
Podia alentar-se a flor
No teu amor!
Do coração nos refolhos
Solta um ai! num teu suspiro
Eu respiro…
Mas fita ao menos teus olhos
Sobre os meus… eu quero-os ver
Para morrer!
Guarda contigo a viola
onde teus olhos cantei…
E suspirei!
Só a idéia me consola
Que morro como vivi…
Morro por ti!
Se um dia tu’alma pura
Tiver saudades de mim,
Meu serafim!
Talvez notas de ternura
Inspirem o doudo amor
Do trovador!
Manuel Antônio Álvares de Azevedo, São Paulo (1831-1852)