PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Uns aromas sutis na veiga espalha
A mansa brisa. Suga a loira abelha
O lindo cálix de uma flor vermelha
Que o puro rócio matutino orvalha.

O vento sul do bosque a cima esgalha
E o frio lago azul a sombra espelha
Triste e saudosa muge a branca ovelha
Cujo cincerro finos sons chocalha.

Loira matuta vem buscando a trilha
Da fonte – um fio d’água que marulha,
Trazendo aos curvos ombros grande bilha.

Em pleno viço a mata escura abrolha.
Se o vento ali perpassa em doce bulha,
Treme um pingo de luz em cada folha.

Padre Antônio Tomás de Sales, Acaraú-CE (1868-1941)

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