ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

Amor Escatológico

Dizem que a primeira vez de um homem não se esquece nunca. Bem, meu concunhado até hoje se lembra da primeira bimbada com a namorada. Foi no mato, mas mato mesmo. Morava em frente ao pátio da esculhambada Noroeste do Brasil – estrada de ferro pertencente à antiga RFFSA -. De noitinha, catou a menina e foram dar uma, no que antes era conhecido como “matel”, ou seja, o motel no mato. Acho que a vontade era tanta que se deitaram e mandaram ver. Quando a menina se levantou, uma mancha marrom de cheiro repugnante no cabelo dela e na saia longa. Eram protestantes. Na pressa do amor selvagem deitaram em cima de um montículo de merda humana. O negócio foi explicar depois aquela mancha malcheirosa para a família.

Filosofanças Caeté

Cabeça de caeté vazia é oficina do Anhangá, sempre digo isso. E hoje, enquanto enfiava peido em barbante me peguei pensando: alguns estudiosos do sobrenatural dizem que o vampiro bebe sangue por causa das proteínas presentes nesse tecido. Ora, pensei. O esperma humano possui quase doze vezes mais proteínas que o sangue, então, porque será que o Conde Drácula não chupa uma rola, ao invés de um pescoço? O ganho seria muito maior, não acham?

Joaquim Rubafo

Ganhou esse apelido em homenagem ao peixe pantaneiro que tem uns três quilos de beiço debaixo da mandíbula, e fazia jus ao apelido. Chorão. Por qualquer coisa abria o berreiro, até que a dona Tina, sua mãe o catou na bordoada. Filha da puta, gritou ele, enquanto levava uma sova homérica. Resultou daí levar uma bolachada de fazer dente espirrar a doze braças, no barato. Noutro dia, além do beiço crescer mais dois quilos, ainda ganhou uma bela janela nos incisivos inferiores, para o gaudio da molecada que jogava bola todo fim de tarde no campinho da Noroeste do Brasil.

Vale Milhões

Brígido Pires, meu amigo caminhoneiro, contando da vez que levava gado para leilão em fazendas, na região de Corumbá, voltando para a cidade, três moças, dessas que dão o cardápio por hora, ou por dia, pediram carona para ele. Dirigia um daqueles caminhões de carregar gado vivo, que aqui, no glorioso mato Grosso do Sul chamamos de “bosteiro”. Solícito como sempre, parou o caminhão e mandou elas subirem na gaiola. Nossa, moço, tá cheio de bosta de vaca aí, reclamou uma delas. Ora, menina. Vaca que vale dez milhões vai aí sem reclamar, qual o problema?

Celular

A primeira vez que minha avó viu um celular achou que aquilo era coisa do fute. Onde já se viu, dizia ela, botar uma pessoa dentro de uma caixinha daquele tamanho. Não. Vote1 aquilo só podia ser coisa de belzebu. Nunca usou e nunca nem chegou perto. Pelas vias das dúvidas, sempre que vou atender o meu, faço um esconjuro silencioso. Vai que a velha tinha razão.

Tô Podre

Em Poconé, no distante Mato Grosso, quando morava com meus avós, bem perto de um antigo asilo de lunáticos, todo dia, ao ir para a escola ouvíamos um grito: Tô podre!, Tô podre!. Aquilo me encabulou por anos. Quando meu irmão mais velho fez estágio em psiquiatria, passou por aquele lugar e resolveu acabar com o mistério. Contou-me ele que havia um doido naquele hospício que, todos os dias, enfiava o dedo no cu e cheirava, para logo depois gritar: Tô podre!, Tô podre!, Tô podre.

Gegé

Gegé era um viado muito famoso em Cuiabá, capital do Grande Mato Grosso. Certa vez, contando para meu irmão mais velho uma história, disse que, ao ir para a casa da madrinha, tarde da noite, foi chamado por um pretão que arrancou a chibata, mandou ele ajoelhar e fazer o serviço. Meu irmão começou a rir, e ele, na narrativa. Olha, moço, ele arrancou uma jaratataca desse tamanho, fedida e botou em mim. É, você ri porque não foi com você, mas eu só aguentei porque sou homem!

Zizito

Tinha doze nos quando conheci Zizito, Loirão branco, com um cabelo que ia até a cintura. Promessa da mãe dele. Pedreiro de mão cheia, durante a semana virava concreto e construía parede. No sábado à noite, tomava seu banho, passava brilhantina na cebeleira e ia para o baile. Lá, pedia uma cerveja e escolhia o garotão. Chegava e dizia no pé do ouvido. Hoje você é meu! Cinco para ele, numa briga de rua era pouco. Capoeirista de alta habilidade, pedreiro competente e uma flor aos fins de semana. Garganteava. Gosto de homens, mas sou macho pra caramba. Tá bom!

Pilincho

Quando Pilincho morreu, e graças aos céus, foi antes de instalarem o crematório na cidade, o pessoal ficou em dúvida se enterrar era o melhor negócio, ou embalar em bandagem para preservar a múmia. Cachacista sem remissão, não precisava de uma garrafa de cana para ficar bêbado. Bastava o cheiro. Mas como disse, foi antes do crematório chegar. Era bem capaz de que, se inventassem de cremá-lo, a cidade seria destruída por uma explosão termonuclear, só com os vapores alcoólicos que ainda exalava do presunto já encomendado para a viagem dos sete palmos.

3 pensou em “CAETICES

  1. G.G.G.Roque:
    (Grande e Glorioso Guaicuru Roque)
    Uma dúvida de ordem psico-somática: não poderia ser que o dedo do cabra é que estava podre porque ele não cortava as unhas?
    Um grande abraço Pilinchoso.

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