Não vejo mais poesia
Na música nacional.
Mote deste colunista
É cada letra esquisita
Meio sem pé nem cabeça,
Haja ouvido que mereça,
Haja voz de periquita!
O coração não palpita,
Emoção nem dá sinal,
O Cancioneiro vai mal
Só piora dia a dia,
Não vejo mais poesia
Na música nacional.
Melchior SEZEFREDO Machado
Hoje é bunda e não banda
Não tem mais duplo sentido
Nada mais é proibido
A sacanagem é que manda
De voar se foi à tanga
O que vale é o imoral
Quase nuas é normal
Não tem letra e quem diria?
Não vejo mais poesia
Na música nacional.
Cabal Abrantes
Sou mais Amado Batista
Com o “Eu tive um amor”
As canções de Belchior,
Grande cearense artista
Tá se perdendo de vista
A nossa tradicional
Marchinha de Carnaval
Pra nós entrar no folia
Não vejo mais poesia
Na música nacional
Poeta Nascimento
Não há mais uma mensagem,
Nem sobra reflexão,
Hoje reina a podridão,
Putaria e sacanagem.
Não há quem tenha coragem
De mudar o ritual,
Dar um basta nesse mal
E resgatar a magia,
Não vejo mais poesia
Na música nacional.
Ronaldo Barbosa
Perdemos todo domínio,
Não temos mais um Jobim,
Um Evaldo, um Amorim,
Um Cartola, um Lupicínio.
Observo o patrocínio
De um mercado brutal
Despejando o capital
E a IA põe melodia.
Não vejo mais poesia
Na música nacional.
Welliington Vicente
Nossa cultura morrendo
Cada vez mais acabando
Ninguém mais filosofando
Aos poucos está morrendo
Poesia enfraquecendo
Não se vê mais um Chacal
Poeta regional
Com a melhor melodia
Não vejo mais poesia
Na música nacional.
José Ilton