MAURÍCIO ASSUERO - PARE, OLHE E ESCUTE

A meu ver a derrocada moral do Brasil começou com o escândalo do mensalão. A revelação do, então, deputado Roberto Jefferson de que havia pagamentos realizados mensalmente a um grupo de deputados para que votassem em propostas do governo, foi o estopim da revelação de algo que passou despercebido na época: o aparelhamento do Estado.

De forma mais concisa, a gente percebe que a proposta de poder do PT por um período de 20 anos, não ocorreria sem que nos lugares importantes tivesse decisores simpáticos à causa do partido. Incompetentes foram galgados aos pontos mais decisórios mais importante do país como os tribunais superiores. O STJ, o STE e o STF, passaram a adotar uma política protecionista aos interesses partidários.

A ação 470, relatada por Joaquim Barbosa, condenou tesoureiros do PT, deputados de diversos partidos, dentre os quais, Pedro Correia Neto, deputado famoso por estar sempre ao lado do poder, fosse quem fosse o presidente. Ficou famosa sua frase: “sapato branco e oposição fica bem nos outros. Eu quero ser governo.” Ficou claro sua participação em atos de corrupção, assumindo toda a culpa e buscando inocentar sua filha, a deputada Aline Correia. Em seu depoimento ele não deixa dúvidas de que houve corrupção.

O comando de tudo isso era feito por José Dirceu, chefe da Casa Civil do governo, ministro mais forte dentre todos os demais. Apesar de tudo isso ocorrer ao lado do gabinete do presidente, ele veio a público pedir desculpas, dizer que não sabia, para depois, na França, cinicamente, dizer que se tratava de “despesas não contabilizadas”. O que eu acho mais estranho em tudo isso é o seguinte: todos os envolvidos foram inocentados, o caso de Alckmin foi encaminhado para o TRE-SP, ou seja, transformaram um caso de corrupção numa investigação eleitoral, cujo resultado todos nós sabemos: não deu em nada.

O que mais me estranha é o seguinte: por que Marcos Valério foi condenado a 37 anos, 5 meses e seis dias de reclusão em regime fechado por crimes de peculato, corrupção ativa, lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro? Primeiro, onde existe um ativo, existe um passivo e os corruptos passivos eram os deputados do PT e aliados que recebiam dinheiro dos empréstimos feitos por Marcos Valério junto ao Banco Rural. Os empréstimos eram para o PT e assinados pelo presidente do partido, José Genoíno. O advogado desse cara deve ser muito burro porque se não houve corrupção passiva, não tem corrupção ativa. Se há um corruptor, há um corrupto.

A coisa podre evolui para o petrolão e para a consequente ação da Lava Jato. Provas, provas e mais provas simplesmente anuladas e toda a sanha corrupta do país volta ao poder com um apoio escancarado dos tribunais superiores. Cassaram Deltan Dallagnol, ameaçaram cassar Moro, sufocaram o governo de Bolsonaro com mais 100 ações no STF, alterando, inclusive, coisas que são prerrogativas da presidência da república. Qualquer coisa que Bolsonaro propunha era alvo de uma ação.

Veio a eleição de 2022 e o resultado das urnas mostrou um comportamento diferente do sentimento das ruas. O presidente atual é incapaz de caminhar sozinho por qualquer rua desse país, sem que lhe chamem de ladrão. Só vai a eventos cuja plateia seja constituída de aliados, fora disso, vive recluso e ao que parece tramando. A suspeita reunião no palácio do planalto com a presença de Alexandre de Morais e Zanin e a consequente ação da polícia federal parece coisa orquestrada. É, nitidamente, o domínio de um partido, esfacelado, sem pudor, fétido, que tem diminuído de tamanho a cada eleição, mas o seu dono parece saber o segredo de muitos.

O Brasil perdeu o rumo? O rumo da decência, sem dúvida! Agora, é preciso ver que estamos num rumo decisivo para uma aniquilação de ideias contrárias aos ideais esquerdistas. 0 que é pior, não temos, uma liderança capaz de mudar tais rumos. Pode-se falar de Tarcísio, Zema, Ronaldo Caiado etc. mas estes nomes não são conhecidos nas regiões norte e nordeste, principalmente, que apesar da miséria deu 70% dos votos ao presidente eleito, segundo o TSE. Eu já disse algumas vezes e vou dizer de novo: Bolsonaro perdeu uma oportunidade ímpar de mudar esse país.

Não custa lembrar: a partir de setembro de 2018, com a probabilidade de vitória de Bolsonaro, o mercado começou a reagir bem. A Bolsa de Valores começou a subir e quando foi decretada a vitória, no dia seguinte, a bolsa abriu em alta, ultrapassando os 100 mil pontos. Eu ouvi o discurso de Guedes, no dia 02 de janeiro, e acreditei que, do ponto de vista econômico, o Brasil seria outro país e não me enganei: as empresas estatais começaram a ter resultados positivos, a economia deu sinais de crescimento, tivemos por meses consecutivos superávit primário, houve injeção de capital externo, enfim, tudo se encaminhava para uma economia diferente.

Apesar desses avanços, Bolsonaro começou a perder tempo com picuinhas. A meu ver, a pessoa mais indicada para ser vice-presidente na chapa era Teresa Cristina. Tinha votos, carisma, capacidade de arregimentar votos femininos, mas colocou-se Braga Netto, que não tem capilaridade eleitoral. Deu no que deu.

Poderia falar sobre as inúmeras vezes que ouvi falar de golpe no Brasil, mas há um texto publicado aqui no JBF pelo deputado Marcel van Hattem que vale a pena ler e ao fazê-lo você irá entender qual o rumo que o Brasil está seguindo.

7 pensou em “BRASIL SEM RUMO?

  1. Caro Maurício, vendo uma declaração do Pavinatto, só um milagre para a reeleição do Bolsonaro, o sistema pegou pesado, ele falou que foram criadas leis que só poderiam ser lá atrás, em março, mas fizeram e valeram em outubro, totalmente errada, mas quem tinha o poder de fazer e valer?

    • O sistema judiciário desse país é uma vergonha. O pior é que o congresso corrupto, pendurado no STF com processos de improbidade, não move uma folha para mudar isso. E o povo continua elegendo estes crápulas

  2. Caros Maurício e Luiz Xavier, há dois anos muitos falavam que a volta do Trump na presidência dos EUA seria impossível, no entanto ele está lá.

    Nos termos atuais do Sistema, realmente a volta do Bolsonaro à PR não é algo imaginável.

    Ocorre que muita coisa certamente irá acontecer nestes menos de 2 anos que faltam para a eleição de 26.

    Se formos levar em conta o desespero do Sistema e a aparente tranquilidade atual do Bolsonaro eu acreditaria em uma virada de situação.

    • JF, não há como comparar os Estados Unidos com o Brasil. Lá, o princípio democrático existe. A suprema corte, embora seus integrantes sejam indicados pelo presidente, não se metem, não causam ingerência no poder executivo. Os caras não vivem na mídia. Eu acho pouco provável que um brasileiro saiba, sem consultar a internet, o nome de um juiz da suprema corte americana. Sugiro assistir ao filme CONFIRMAÇÃO, que trata de uma acusação de assédio sexual feita pelo candidato à suprema corte, Clarence Thomas. Joe Biden teve um papel decisivo na aprovação do cara, apesar das denúncias.

      • Caro Maurício, comparar o Brasil com os EUA literalmente não dá.

        O que existe é um paralelismo, uma coincidência.

        Nos últimos 8 anos tudo o que acontece lá, dois anos depois acontece aqui de forma semelhante.

        Tem mais, agora que foi eleito, Trump, o homem mais poderoso do mundo irá se dedicar pessoalmente para colocar as coisas em ordem lá e aqui.

        Não devemos esquecer que o que deu suporte ao Alexandre de Moraes para agir da forma como está agindo (até agora), não foi a nossa constituição Federal e sim o poder que os EUA exerceram sobre nossas instituições.

        Não a toa em 22 vieram muitos altos funcionários daquele país aqui para ameaçar contra qualquer possibilidade de Bolsonaro não reconhecer o resultado dos bauzinhos eletrônicos que determinaram Loola vencedor. do pleito.

        Vamos aguardar o tamanho do porrete com que Trump virá.

  3. Caro Assuero, a TV justiça tem parte da culpa em tornar o time famoso, o próprio Marco Aurélio, creio eu em um momento de sincericidio confessou, os votos dos iluminados é um dia de fome completo, e além do mais a caçada diária que foi vítima o presidente Bolsonaro desde seu primeiro dia de governo, tornou todos famosos perante a população de bem.

    • É verdade. Mas, o pior de tudo isso não o cara “jogar’ para a galera, é proteger o crime, o bandido. É vergonhoso, não termos mais um político condenado por corrupção, preso. Todos soltos, alguns eleitos e José Dirceu preparando sua volta para a câmara.

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