Ex-presidente Jair Bolsonaro discursou para milhares de pessoas na Avenida Paulista neste domingo (6) em ato pró-anistia
Eu sou da mesma geração de Fernando Gabeira, fomos colegas no Jornal do Brasil. Gabeira sequestrou o embaixador norte-americano, se exilou na Europa, foi cassado, foi anistiado, e está trabalhando como jornalista no Brasil. Foi deputado federal, um bom deputado até – se eu fosse do Rio, votaria nele. E ele disse algo contrariando todos os seus colegas de emissora, que estavam dizendo que havia (desculpem a risada) 44,9 mil pessoas na Avenida Paulista no domingo, segundo a USP. Todos abraçaram essa conta, mas Gabeira e eu diríamos apenas que a USP fez esse cálculo, acharíamos graça, e afirmaríamos que a Paulista estava cheia. Pois Gabeira encontrou uma maneira de contrariar todo mundo: disse que não existe ninguém no Brasil capaz de atrair tanta gente na rua como Jair Messias Bolsonaro. Ninguém me contou, eu o ouvi dizer isso.
Lembro disso porque o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, insiste em achar que a anistia – e essa gente toda estava na Paulista pela anistia – não é urgente. Então não é urgente tirar da prisão quem está lá injustamente? A ironia é que muitos dos que agora estão gritando “sem anistia” foram anistiados, ou são filhos, netos, sobrinhos de gente anistiada em 1979. Foi uma anistia ampla, geral e irrestrita para pacificar o país. Então, vejo aí um certo farisaísmo, como escrevi no meu artigo que saiu em 38 jornais. É óbvio que uma pessoa que pintou de batom uma frase na estátua da Justiça – que, aliás, nem tem a balança, só tem a espada, parece que foi feita para a época atual – não tem nada a ver com golpe de Estado.
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Incerteza joga dólar perto dos R$ 6 mais uma vez
O dólar voltou a bater nos R$ 6. Por quê? Porque o país está cheio de dúvidas, cheio de incertezas. Os investidores estão com o pé atrás, porque a política econômica do governo está mostrando que o presidente da República – não é o ministro da Fazenda – acha que a gastança é boa, que é preciso gastar, é a demagogia populista. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula, diz que R$ 30 bilhões são apostados por mês nessas bets, e que o Banco Central não tem como evitar que esse dinheiro saia do Bolsa Família. Então tem quem receba Bolsa Família, que é dinheiro dos pagadores de impostos, nosso dinheiro, e jogue fora em aposta! Vivo dizendo que nunca apostei na minha vida a não ser em mim mesmo – e sempre ganhei, além de ter economizado o dinheiro que eu não desperdicei em aposta. O melhor jogo é apostar em si mesmo.
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Lula está em mais uma reunião do clubinho da esquerda latino-americana
O presidente Lula está em Honduras para uma reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). É coisa inventada pelo Hugo Chávez, quem gosta disso é Nicolás Maduro, porque é uma reunião de esquerda. E Lula saiu sem tomar nenhuma decisão em relação ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho. O caso já é conhecido; ele pegou uma emenda e asfaltou uma estrada que vai para a fazenda da família dele. Agora a Procuradoria-Geral da República denunciou Juscelino Filho, que entregou o cargo.
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Compra do Master pelo BRB é história muito mal-contada
E temos essa história do Banco de Brasília, que é o banco estatal do Distrito Federal, comprando o Banco Master, que ninguém queria comprar – o BTG parece que havia oferecido R$ 1, e o Banco de Brasília comprou por R$ 2 bilhões. É um banco que, aparentemente, teria patrimônio porque compra precatórios pagando bem abaixo do valor nominal, que fica esperando receber. Como é que o Banco de Brasília entrou nisso? Eu estou na dúvida; esperei um tempo, atrás de informação segura lá de Brasília, mas até agora não há nada que garanta que tenha sido um negócio superlimpo.