JOSÉ RAMOS - ENXUGANDOGELO

O bolo de carimã

Hoje, quando escrevo esta crônica, é sexta-feira. Tarde de sexta-feira, 7 de julho. Quem vai ler esta crônica, o fará no domingo, 9 de julho. Domingo, como outro qualquer, dedicado do descanso do trabalhador – aquele que não vive das benesses do “Bolsa Isso ou Aquilo”.

Pois bem. Ontem – para mim, esse “ontem” foi 6, mas, para vocês leitores, o ontem é 8 – atingimos uma data marcante e importante que ficou mais importante ainda, depois de concluirmos uma volta ao túnel da vida e das realizações.

Anteontem, 7 de julho, foi aniversário do tatu. É, aquele bichinho que, algum dia, por falta da imaginação de alguém, foi símbolo de um país participante de uma Copa do Mundo de Futebol.

Para quem algum dia se alimentou de cactus assado, manguste (que, na verdade, nada mais era que manga verde cozida com açúcar), bebeu água de mucunã, ou foi obrigado a espetar beija-flor, mucura ou aruá para “encher a barriga” com alguma coisa, comer um tatu não é coisa do outro mundo.

A vida é uma dádiva divina. Ela pode chegar até você sem alarde e você precisa ter sensibilidade para perceber. Ela não toca nenhum sino, nem manda e-mail ou faz selfie.

Contar o que tenho gravado mentalmente levaria tempo e seria enfadonho para quem lê. Mas, não custa nada dizer que, um dia, comi o pão que o demo amassou, e tatu.

Como não me sinto capaz de julgar a mim, não sei se mereci. Comer tatu é um prêmio de Deus, à quem há muito entreguei meu destino e o restante dos meus dias.

Sou feliz ao meu modo. Comendo tatu.

Tudo que foi dito antes, tinha apenas uma intenção. Dizer que faria o que fosse possível para voltar 50 anos atrás, e ao lado da minha santa avó Raimunda Buretama, sentar na latada para “pegar um vento” e comer um naco de pé de moleque com café torrado e pilado em casa.

Ela, sentada na beirada da calçada, sem vestir calcinha, deixando o vento bater – e não entrar na xereca.

Uma maravilha!

Falando de flores – Lembrando Geraldo Vandré, e para não dizerem que não falei de flores, me nego peremptoriamente a desperdiçar este nobre espaço – falando de pústulas.

Pústulas da política brasileira. Uns merdas. Vendidos, que pensam que levarão o dinheiro nos caixões, quando baterem as botas.

Para que não fique nada encoberto, esse pequeno parágrafo tem relação com um deputado merdinha, cheio de frescuras, metido a gente, que gosta de cuspir na cara dos outros. Sequer merece ter o nome citado aqui por mim. E não o farei.

Um bosta!

Veado que, de uma hora para outra, resolveu voltar a queimar a rosca dele, de novo, entre nós.

E é aí que, sem sentar na latada da casa para comer pé de moleque, evoco minha falecida e santa Avó para dizer o que ela diria:

– Fii, quem dá valô à bosta – é um merda!

2 pensou em “BOLO DE CARIMÃ NA PALHA – OU, O VEADINHO ESTÁ DE VOLTA

  1. Prezado ZéRamos, falou tudo e falou “bunito”, só quem viveu as agruras do nosso nordeste, insiste em dizer que matar um tatú prá viver é maldade, quanto ao viado petista que vendeu seu mandato prá outro viado (falecido) e volta a cena do crime, ele só tem a maravilhosa certeza, de que o crime no brasil compensa.

    • Marcos, é isso sim! Comer camaleão, preá, mucura, javali, por quem não tem outra opção, é melhor que comer o traseiro cagado de alguns, né não?

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