MARCELO BERTOLUCI - DANDO PITACOS

A relação dos nomes dos mais ricos do mundo volta-e-meia aparece na mídia, e eu já tinha sentido vontade de pitaquear a respeito. Na semana passada, meu colega fubânico Sancho Pança publicou a lista dos “dez mais”, e eu decidi “matar a vontade”.

Como o Sancho disse, a lista muda constantemente. Os dados que eu usei estão na página Forbes (atualização diária!).

Jeff Bezos (Amazon), 180 bilhões: A mãe de Bezos era uma estudante de 17 anos, e seu pai era dono de uma loja de bicicletas. Eles se divorciaram quando ele ainda era bebê, e sua mãe casou-se então com um imigrante cubano que se formou em engenharia nos EUA. Na vida escolar, Bezos destacou-se como um aluno brilhante, acumulando prêmios e títulos. Abandonou o cargo de vice-presidente de um fundo de investimentos, aos trinta anos, e fundou a Amazon com suas economias.

Bernard Arnault e família (LVMH), 140 bilhões: O pai de Bernard presidia uma empresa de engenharia fundada pelo sogro. Bernard formou-se engenheiro em uma faculdade de prestígio na França e começou a trabalhar na empresa da família aos 22 anos. Aos 35 adquiriu uma empresa que era proprietária de várias marcas de luxo, e que através de aquisições posteriores se transformou no grupo LVMH (Lois Vuitton – Mouton – Hennessy).

Bill Gates (Microsoft), 118 bilhões: Filho de um advogado bem-sucedido, Bill descobriu a informática aos 13 anos, quando sua escola usou o dinheiro arrecadado em um bazar para adquirir um terminal de computador (em 1968). Um ano depois, ele e mais três colegas já trabalhavam “profissionalmente” na área. Aos vinte anos, trancou sua matrícula na Universidade de Harvard para fundar a Microsoft.

Elon Musk (Tesla), 110 bilhões: Filho de um engenheiro sul-africano, Elon teve seu primeiro computador aos dez anos de idade. Aos 18 anos, mudou-se para o Canadá e aos 21, para os Estados Unidos, onde graduou-se em economia e física. Aos 24 anos, interrompeu seu doutorado para fundar uma empresa de informática com seu irmão.

Mark Zuckerberg (Facebook), 98 bilhões: Filho de um dentista, Mark foi considerado um aluno brilhante. Quando cursava o segundo grau recebeu vários prêmios e falava francês, hebraico, latim e grego. Abandonou a faculdade em Harvard para lançar o Facebook.

Warren Buffet (Berkshire Hathaway), 86 bilhões: O pai de Warren, embora tenha sido eleito deputado quatro vezes, não era rico. Warren teve uma educação austera e quando criança trabalhou entregando jornais e vendendo doces, entre outras coisas. Ao terminar o segundo grau, cogitou não cursar uma faculdade para poder trabalhar em tempo integral, mas foi proibido por seu pai. Após formar-se em Administração, começou a trabalhar no mercado financeiro.

Larry Ellison (Oracle), 76 bilhões: Filho de uma mãe solteira, Larry foi criado pelos tios de sua mãe. Foi um bom aluno, mas nunca chegou a se formar em uma faculdade. Trabalhou em várias empresas de informática e fundou a Oracle com 33 anos, com um capital inicial de dois mil dólares.

Larry Page (Google), 75 bilhões: Filho de dois professores universitários, Larry esteve em contato com computadores desde a infância. As pesquisas que fez para sua tese de doutorado em Stanford deram origem ao Google.

Amancio Ortega (Zara), 75 bilhões: Filho de um ferroviário espanhol, Amancio só estudou até os 14 anos, quando começou a trabalhar em uma loja de roupas. Tornou-se empresário aos 27 anos, e 12 anos depois criou a marca Zara, a mais conhecida do grupo.

Mukesh Ambani (Reliance), 74 bilhões: Filho de um pequeno comerciante, Mukesh formou-se em engenharia química na Índia e começou uma pós-graduação nos EUA, que interrompeu para trabalhar na empresa de seu pai. Em cinco décadas, a empresa transformou-se em um conglomerado que atua nas áreas de petróleo, petroquímica, telecomunicações, finanças e entretenimento.

Algumas constatações:

– Quatro deles atuam na área de software, um atua em comércio eletrônico, um na área financeira e quatro no tradicional indústria-e-comércio.

– Nenhum deles nasceu em família milionária nem herdou um império já pronto, como gostam de se queixar os panfletários do coitadismo.

– Uma carreira acadêmica brilhante não parece ter sido determinante na história de nenhum deles, embora a maioria tenha demonstrado inteligência acima da média quando estudante.

– Nenhum deles enriqueceu graças a benefícios do governo ou reservas de mercado. Ao contrário, todos eles estão expostos à concorrência.

– Todos eles assumiram o risco de dedicar-se a um projeto, alguns abandonando a escola, outros abandonando um emprego seguro.

Mas o mais importante, na minha opinião, é lembrar que nenhum deles têm estes bilhões de dólares guardados em uma gaveta ou em uma conta bancária. A maior parte de sua riqueza consiste nas ações de suas empresas, e ações só valem alguma coisa quando são de empresas lucrativas. Ou seja, ao invés de vê-los como “donos de uma fortuna”, eu prefiro vê-los como “donos de uma empresa que satisfaz seus consumidores”. E quando invejosos reclamam que dez bilionários concentram não sei quantos por cento da riqueza do mundo, eu prefiro pensar que estes dez bilionários concentram alguns por cento da produção do mundo.

8 pensou em “BILIONÁRIOS

  1. Marcelo.

    E, nenhum deles teve que babar ovo de político, ou fazer negócio com o Estado, ou mesmo financiar campanha de deputado, ou senador. A isso se chama capitalismo, e sem aquele “mas”, chorão que quer que o Estado, ou seja, os pobres, garantam seu dinheiro se eles derem com os burros n’água.

  2. Marcelo, quem inventou o exemplo clássico de silogismo: “Todos os homens são mortais; Sócrates é homem; logo, …”? Sei que você tem senso de humor. Aceite o abraço do Famigerado.

    • E Sócrates (Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira), assim como seu irmão Raí começaram a jogar no Botafogo, lá na Ribeirão Preto de meu amigo João Francisco.

      Marcelo, hoje olhei a lista e encontrei um tal Luiz Berto entre as maiores fortunas, na 90ª posição. Será o “nosso” ou algum homônimo?

      E, por que razão estes zilionários não investem no maior e melhor jornal do universo, o nosso jbf? Mistéeeeeeeeeeeeerios…

    • Quem inventou? Dizem que foi o Aristóteles.

      Perguntaram para o Sócrates se ele tinha algo a ver com a história, e ele desconversou: “só sei que nada sei”.

  3. Escreves: E quando invejosos reclamam que dez bilionários concentram não sei quantos por cento da riqueza do mundo, eu prefiro pensar que estes dez bilionários concentram alguns por cento da produção do mundo.

    isso sem dizer os zilhões de empregos no mundo que são criados de forma direta e indireta em razão da existência destes ziliardários homens de negócios.

    Assim gira a roda da fortuna, caríssimo Marcelo.

    Seus textos iluminam a estrada do progresso que poucos conseguem enxergar. Como há cegos neste mundão de meu Deus!!!!!

    • Escreves: Na semana passada, meu colega fubânico Sancho Pança publicou a lista dos “dez mais”, e eu decidi “matar a vontade”.

      Como é gostoso saber que algo que escrevemos fez brilhar uma centelha em um brilhante cérebro que resultou neste texto de altíssima qualidade, pesquisa e informação.

      Ao ler seu texto me senti como o servente de pedreiro que leva o filho diante de um imenso edifício e diz: garoto, fui eu que iniciei esta belezura. Na cabeça do menino surgirá seu “herói” feito um Hércules na execução dos tais 12 trabalhos.

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