ROQUE NUNES – AI, QUE PREGUIÇA!

Janeiro começou bem, aqui no glorioso Mato Grosso do Sul, terra de gente brava, heroica, mas também de pulhas e safados, mas não quero falar sobre isso agora. Isso é assunto para outras quizílias. A que eu quero debater me deixou emputiferado por demais, não só pela cara de sem-vergonha que o “gunvernador” e seus puxassacos, também chamados de deputados estaduais fizeram com a população, sob aquele manto de “benefício social”. Benefício social é aquele tipo de mentira pregada por político que, aparentemente é um gesto de bondade destinado a uma determinada parcela da população, mas que, depois que se fazem as contas, vê-se que se colocou a pica do Polodoro, sem dó e sem vaselina no furico de toda a população estadual.

Neste ano de 467 d.S (depois de Sardinha), o nosso ilustre, magnânimo, benfazejo, altruísta, pundunoroso (de novo Violante…), excelentíssimo governador sancionou a lei que exime do pagamento de conta de energia elétrica aquelas famílias que já pagam a chamada tarifa social, ou que consomem até cerca de 100Kw ao mês de energia, por 12 meses, ou seja, 2022 todo. Nada a ver que este ano seja eleitoral, e que o governador quer a proteção da imunidade parlamentar, uma vez que a PF está até babando de desejo de botar as mãos nele, por causa de desvios de dinheiro do povo em várias malfeitorias no Estado e que envolvem até a mãe dele, como laranja.

A sanção da lei, acompanhada de um bando de “dirceus borboletas” – uma pequena alusão ao original Dirceu Borboleta, personagem vivido pelo grande Emiliano Queiroz e que defendia Odorico Paraguaçu em todas as suas safadezas e artimanhas -, todos se esfregando atrás do governador, buscando a melhor posição para as fotos, em que sairiam secundando (de novo!!!) o chefe. Aconteceu esse anúncio em um Centro de Exposições aqui de Campo Grande. Foi noticiado em jornais, em rádios, na televisão e até mesmo na infernet.

Dizem que “bom cabrito não berra”, mas, eu sou cabrito de outro redil e basta eu ver algo anormal para sair me esguelando como um doido. E, nesse caso, à revelia de outros cabritos, bodes, traíras, guaxinins, raposas e morcegos de outras opas, deitado na minha rede de imbira, coçando a carcunda dos meus doguinhos, catei a calculadora – caeté também é inclusão digital – busquei fazer as contas dessa “benesse dada” pelo governo. E aqui, crianças, vão desculpar, mas serei obrigado a recorrer a números para poder ficar melhor entendido.

A dita tarifa social, no MS varia entre 65 e 100 reais mensais de consumo de energia, então vamos tomar pelo valor máximo esse consumo. De acordo com a lei assinada, cerca de 190 mil unidades consumidoras deixarão de pagar, por 12 meses a tarifa de energia. Então vamos fazer as contas? 190.000XR$100,00 é igual a 19 milhões de reais por mês. Agora pegue esse valor e multiplique por 12, ou seja, 19 milhõesx12 é igual a 228 milhões de reais por ano que a empresa de energia deixará de arrecadar.

Mas não para por aí, há que se levar em conta a parte do Estado, que também come desse bolo, sem levantar um dedo para produzir algo de útil. Vamos ficar apenas no famigerado ICMS, ou Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço. No MS, a tarifa desse imposto é de 23,47% sobre o valor total da energia consumida. Veja que aqui está excluso a Taxa de Iluminação Pública e a “Contribuição Social” para a expansão da iluminação rural. Numericamente são 1,3% de Iluminação e 17.73% da contribuição da eletrificação rural. Mas, vamos arredondar o ICMS para 23%.

Agora sim…. pegue esses 19 milhões mensais e faça uma regra de três bem simples, assim: 19 milhõesx23/100 é igual R$ 4.370,000,00, ou seja, quatro milhões e trezentos e setenta mil reais só de ICMS que o Estado vai deixar de arrecadar, afora os tributos municipais e as ditas contribuições. Mas, não acabou…. pegue esses 4.370,000,00×12, que é a quantidade de meses que o tributo não será recolhido e teremos R$ 52.440,000,00, ou seja, cinquenta e dois milhões e quatrocentos e quarenta mil reais de imposto.

Mas, alguém pode me perguntar: E, daí, Caeté? Ora, meu caro. Primeiro, a empresa de energia não vai abrir mão desse recurso, porque seus dirigentes não são burros, muito menos franciscanos, ou carmelitas descalços. Se eles tocam um empreendimento querem lucrar com sua atividade. Aí eu digo, como diria aquele coronel da novela: É justo, é muito justo, é justíssimo. Se a empresa não vai abrir mão desse recurso, quem vai pagar a ela? Tcharam!!!! O Estado! Mas, como o Estado não gera riqueza, não produz dinheiro, não cria um miserável centavo de renda, quem vai pagar são os demais Nhambiquaras, ou seja, toda a sociedade que não está enquadrada na dita “tarifa social”.

Além do mais, empresas que já pagam uma conta salgada de energia, e vai ter que pagar mais, desestimulando a geração de emprego. Posso dizer a vocês. Minha conta de janeiro, de energia, chegou a 500 reals (em caeté popular), facim, facim. Mas há empresas no Estado que consomem esse valor em energia, por dia. Eu vou ter minha conta de energia aumentada, além dos 23% autorizados pela Aneel, neste ano de 2022, para “ressarcir” a empresa de energia e ela poder continuar a prestar serviços de distribuição às ditas “unidades consumidoras”, um eufemismo para casas e empresas.

Parou por ai? Nada. Não se esqueçam que o Estado também não arrecadará cerca de 52,4 milhões de reais em um ano. Ah, então ele vai enxugar as suas despesas, economizar e reformar seus gastos? Como diria Haroldo, o hétero: Tolo, tolinho! Estado, ou Poder Público, seja de que esfera for nunca prima pela economicidade, pela racionalidade. Lembro-me até em uma discussão no meu grupo de doutorado. Um colega estava dissertando sobre a literatura erótica e pornográfica. Disse a ele que, se quisesse ler pornografia pesada, bastava acessar o Diário Oficial, da União, dos Estados e mesmo dos municípios. Não há, nesses jornais, uma linha sequer escrita que não implique em gastos, em onerar o cidadão que paga para um bando de desocupados e preguiçosos passarem o dia sem nada fazer.

Então, de onde vocês acham que sairá, também, o dinheiro para cobrir os milhões deixados de arrecadar, só com o ICMS? Se alguém disser, o otário contribuinte do Mato Grosso do Sul vai ganhar uma espiga de milho, com tripla função: limpa, coça e penteia. Sendo um pouco mais aberto, até aqueles, supostamente beneficiados deixando de pagar conta de energia, terão que gramar para pagar comida mais cara, transporte mais caro, combustível mais caro, material escolar mais caro, etc.

Isso nos deixa uma profunda lição. Toda vez que um político propor uma benesse, ou um benefício tendo em mente altos padrões de moralidade, em beneficiar a camada mais pobre da população, e vier falar isso para você, meu caro curumim, olhe bem nos olhos dele e mande ele procurar o Polodoro, se é que vocês me entendem. Chega dessa hipocrisia de se criar benefícios, apenas para posar de bom e amigo do pobre e do necessitado. Eu acredito que governo que propor uma medida dessas deveria ser pendurado pelos calcanhares em praça pública. Ele não quer te beneficiar coisa nenhuma, ele quer é tirar proveito da sua miséria e da sua indigência. A conta, depois, fica salgada demais para ser paga.

8 pensou em “BENESSES

  1. Caro Roque,

    Não é à toa que o ilustre ñambibiquara é meu guru.

    O que eu gostei mais foi da ideia de pendurar o meliante pelos calcanhares, exatamente como fizeram com Mussolini e Clarinha Petacci.

    • Adonis…. essa ideia não me sai da cabeça…. não somente pendurar pelos calcanhares, mas urinar em cima deles, como fizeram com o o Benito e a Clarinha.

  2. Esse caeté da um orgulho da porra. Tô até com vergonha da matemática que ensino. Vou usar coo exemplo por aqui. Roque, acabei de pagar a conta de energia R$ 395,46. Não tem mais como economizar porra nenhuma. Eu desligo tudo, uso o mínimo necessário como geladeira e não tem jeito… Mas, voltando ao tema: você disse um dia desses que “não existe almoço grátis”, um jargão da economia. Alguém paga a conta. O problema é que em pindorama o que mais vale é a ação populista. Eu lembro dos inúmeros projetos na área de energia que gerenciei e depois tive que justificar porque deu não certo. Era simples: não levaram em consideração a viabilidade e depois que implantaram a solução distribuidora era dizer “encontramos uma solução no mercado”

    • Maurício…. geralmente político, que, segundo Thales Ramalho, se não me engano, quando tivesse uma ideia estapafúrdia dessas, deveria ser trancado no banheiro até a esquizofrenia passar. Ou essa gente é burra por demais, ou é esperta por demais, mas esquecem, ou fingem esquecer que, de fato, não existe almoço grátis, e mais uma, dinheiro não aceita desaforo. Apesar de eu ser apenas um diletante, grande admirador de Milton Friedman e Ludwig van Mises, em economia, não precisa ser bidu para perceber que é um jogo de operações precisas, ainda que a economia seja uma ciência humana. Mas, tal qual a astronomia, a Matemática e a Física, só para ficar em exemplos populares, trabalha com fatos e não desejos. E, eu também, já não sei o que mais desligar na minha taba para tentar economizar energia… estou igual a anão em puteiro: se beijo, não coiso, se coiso, não beijo.

  3. Prezado Roque.

    Comungo com seu mote e sua indignação. No Brasil, onde há estado, há roubo. Perpetrado pelo estado e seus representantes (estatais, subsidiárias, ONGs, cartórios, Sistema S, etc). E ainda há os partidos políticos, federações, sindicatos, PCCs e o escambau de bico para nos esfoliar.

    Mas a medida é ainda mais abjeta, por ser MUITO mais eleitoreira que social, já que ele está fazendo caridade com o chapéu do governo federal e dos demais caetés que continuarão pagando suas contas. Na faixa até 100 kw o governo federal já banca 40% da conta. Nessa média de 100 reais, aqui no meu estado e imagino que aí também, já está incluso o ICMS e a taxa de iluminação pública. Sobrariam, então, 60 reais para ser cobertos pelo estado, que multiplicados por 190 mil dão 11,4 mi por mês e 159,6 mi durante os 14 meses de duração do programa, conforme o link a seguir (http://www.ms.gov.br/vamos-bancar-a-conta-de-luz-de-141-mil-familias-afirma-reinaldo-azambuja/).

    É uma fortuna para nós mortais comuns, mas uma ninharia para os patifes que manipulam os caetés e comedores de camarão como marionetes. Considerando que os governos estaduais e prefeituras encheram o rabo com o dinheiro enviado para combater a pandemia e agora estão lavando a burra com o ICMS dos combustíveis, devem ter feito a conta e chegado à conclusão que dá para comprar grande parte desses votos sem maiores atropelos. Se houver algum, o fumo de polodoro será enfiado no rabo das marionetes, que mais uma vez aguentarão caladas e pagarão o pato sem espernear. Com as exceções de praxe, como seu texto comprova.

  4. Pingback: PREFEITURAS E GOVERNOS ESTADUAIS ENCHERAM O RABO | JORNAL DA BESTA FUBANA

  5. Moçada,

    Nós devemos ser um dos únicos países que cobram impostos escorchantes em cima de energia e de comunicações.

    Este foi um dos presentes da Constituição de 1988 e do “Tudo Pelo Social”.

    Saímos de ICM para o ICMS e, o que é muito pior, deixou-se ao arbítrio dos governadores larápios a definição da alíquota a ser cobrada. Hoje já pagamos muito mais de ICMS que o custo da energia em si. Se juntar com a TUSD (Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição), a energia passa a ser o componente mais barato da conta. Só o ICMS já está perto de 30% em alguns estados, principalmente os “socialistas”, como o Piauí.

    É como dizia a Madre Superiora, naquele momento de rara inspiração: ASSIM NÃO TEM CU QUE AGUENTE!

    • Isso é uma grande verdade… veja só… minha conta de energia veio este mês de dezembro, a vencer ontem: débito total…..R$ 583,81. Assim distribuído:
      Consumo: R$ 202,00
      Impostos Diretos e outros Encargos (leia-se, ICMS, ISS, Confins) R$ 158,00
      Distribuição R$ 125,84
      Trnamissão R$ 18,01
      Encargos Setoriais (sei lá que porra é essa) R$ 64,13
      Outros Serviços R$ 15,00

      Vejam eu pago quase o dobro do que eu consumo só em impostos e serviços que não sei o que é, para o que serve e para onde vai, mas sou obrigado a pagar porque todo mundo quer meter a mão no meu bolso, principalmente o Estado que nada faz e não serve para nada.

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