PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Visões que na alma o céu do exílio incuba,
mortais visões! Fuzila o azul infando…
Coleia, basilisco de ouro, ondeando
o Niger… Bramem leões de fulva juba…

Uivam chacais… Ressoa a fera tuba
dos cafres, pelas grotas retumbando,
e a estralada das árvores, que um bando
de paquidermes colossais derruba…

Como o guaraz nas rubras penas dorme,
dorme em ninhos de sangue o sol oculto…
Fuma o saibro africano incandescente…

Vai com a sombra crescendo o vulto enorme
do baobá… E cresce na alma o vulto
de uma tristeza, imensa, imensamente.

Raimundo da Mota de Azevedo Correia, São Luís-MA, (1859-1911)

 

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