CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Livro lançado grátis para convidados

Para comparecer ao lançamento festivo do livro “Poesia é amor, crônica é vida”, de autoria do cirurgião-geral e perito da Unimed, Garibaldi Bastos Quirino, recebi em minha residência, o convite com um exemplar, de presente, com atenciosa dedicatória. Fino ato de amizade educação!

Imaginei então, certa discrepância nos autógrafos “agarranchados” que geralmente são escritos durante os lançamentos de livros, quando uma fila de compradores se forma diante da “vítima”, que ao invés de aproveitar a festa para confraternizar com os amigos, se submete à tortura de escrever uma dedicatória longa e cheia de rebuscados.

Publiquei, há pouco tempo, certo livro onde o biografado, por sua idade avançada, tinha a letra tremida. E me pediu para imprimir, na Folha de Guarda uma “dedicatória-padrão”, deixando uma linha para “riscar” aquilo que entender-se-ia ser sua “assinatura”.

Já que se fala em autógrafos será bom lembrar que em anos que já se vão longe, as editoras promoviam um Pré-lançamento em livrarias, oferecendo, a título promocional, os primeiros 1.000 exemplares numerados e assinados pelo autor. Tenho um desses!

Nos atuais lançamentos é diferente. Faz-se uma festa, anuncia-se na Imprensa, é oferecido um coquetel e tudo o mais, semelhante a um baile; inclusive com pessoas de fino trato e em trajes sociais.

Alguns até realizam o evento nos Salões Nobres de Clubes ou “Casas de Festa”, e até com a apresentação de cantores, bailarinos e música-ambiente.

O infeliz convidado, coitado, para não ser descortês, comparece sorridente. Logo na Recepção, se depara com belas moças. Uma vende os livros, a outra anota num papelito, o nome do adquirente, evitando que “a vítima” se esqueça do nome do “convidado-comprador”, e uma terceira, apresenta um Livro de Presenças, a fim de ser conferidos os convidados que comparecerem.

No primeiro ato já se nota alguns convidados, de “exemplares-comprovantes” em punho, que enfrentando a fila indiana se dirigem à mesa onde está “a vítima” trabalhando arduamente; ou seja, exigindo seu autógrafo, o que o leva a ter que escrever uma dedicatória, não simplesmente o autógrafo.

Seria uma festa de confraternização se o autor apenas autografasse o livro em pré-lançamento, e não se cumprisse uma das regras da modernidade: escrever uma dedicatória.

Colaborei durante vários anos com meu amigo – o colunista social João Alberto – desde quando produzimos, com Augusto Costa Boudoux, a edição inaugural, em 1982, do seu anuário: “Sociedade Pernambucana”.

Livro de João Alberto: custo alto e dedicatória garantida

Talvez a primeira festa de pré-lançamento de livro, no Recife, haja sido no Country Club de Pernambuco. Já naquele ano, o autor, no caso a “vítima”, ficava horas escrevendo dedicatórias e assinando.

Ou seja, aquele trabalhão; perdendo o melhor da festa, que ´é a confraternização durante naqueles momentos de glória, dos sorrisos e dos abraços.

Em tempos presentes em que as modernidades predominam. Tornou-se usual, além da assinatura do autor, uma dedicatória.

Nos idos de 1940 era bem diferente. Aparecia nos livros à venda – alguns, fora das vitrinas – um detalhe indicativo de preço mais elevado. Eram as edições especiais, porque estavam numerados e com o autógrafo do autor.

Meu pai, bom colecionador de livros raros e de autores seus conhecidos, costumava adquirir, pelo Correio, da antiga Editora Globo, de Porto Alegre, exemplares desse tipo.

Não havia ainda a “festa de lançamento” como atualmente acontece. Só que nos dias atuais, tem havido uma diferença que me encabula.

O cidadão compra o livro, entra numa fila enorme e ao chegar ao autor e entregar seu exemplar, recebe uma dedicatória personalizada, como se ele estivesse doando o livro.

Uma coisa meio sem jeito! Mas, brasileiros, costumam criar modelos em tudo. Todavia, não tem sentido o interessado comprar e receber dedicatória como se tivesse sido presenteado. Tem lógica?

Mas, presenciei uma notável exceção. Quando lançamos o livro biográfico: “Otacílio Venâncio – Cidadão do Recife”, em 2008, a festa aconteceu no Salão Nobre do Clube Internacional do Recife e as pessoas que apresentaram os convites receberam um livro gratuitamente.

Magnífico exemplo!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *