Maria Zalina Rolim Xavier de Toledo nasceu em 20/7/1869, em Botucatu, SP. Poeta, escritora, professora e tradutora. Foi pioneira da educação infantil, na condição de inspetora do Jardim da Infância anexo à Escola Normal Caetano de Campos, em fins do século XIX. Colaboradora ativa da Revista do Jardim da Infância (1896), teve atuação destacada na pedagogia e literatura infantil.
Filha de Maria Cândida do Amaral Gurgel e do juiz José Rolim de Oliveira Ayres, tradicional família paulista. Teve os primeiros estudos em Itapeva e desde criança teve aulas particulares de português, francês, italiano e inglês com o conhecido prof. João Köpke, do qual teve influências em sua atividade pedagógica. Devido a profissão do pai, morou em diversas cidades do interior paulista. A vocação de professora foi se aprimorando desde os 15 anos, quando passou a dedicar-se à alfabetização das crianças numa fazenda em São Roque, onde a família morava.
Em seguida, passou a fazer versos, recebendo estímulos do pai, que a colocou em contato com as obras de Ezequiel Freire e Narcisa Amália entre outros. A partir dos 20 anos passou a colaborar com os jornais A Provincia de São Paulo (O Estado de São Paulo) e Correio Paulistano. Em 1893 seu pai foi designado presidente do Tribunal de Justiça do Estado, passando a residir na Capital. Aí ela se entrosou com a elite cultural paulistana e no mesmo ano publicou sua primeira coletânea de poesias – O Coração – recebendo elogios de Olavo Bilac, Artur Azevedo e Vicente de Carvalho.
Por esta época, a capital paulista passava por grandes transformações econômicas e sociais, com a expansão do café e chegada dos imigrantes para suprir a mão-de-obra escrava. Tais mudanças tiveram reflexo na Educação, que passou a formar professores melhor qualificados. Neste surto de desenvolvimento, a Escola Normal passa por uma significativa reforma sob a orientação do prof. Antônio Caetano de Campos, contando com a colaboração de Guilhermina Loureiro de Andrade e Miss Márcia Brown. Assim, a Escola Normal criou o Jardim da Infância que, além de atender as crianças, serviria também para treinar as novas professoras. Foi nesse ambiente que ela pode aplicar seu talento de professora.
Com seus conhecimentos de línguas, traduziu diversas obras utilizadas no Jardim da Infância. Sua colaboração na Revista do Jardim da Infância permitiu a publicação de várias adaptações, traduções e produções originais destinadas às crianças. Na ocasião, atendendo o pedido do prof. João Köpke, publicou o Livro das Crianças, em 1897, distribuído nas escolas públicas. O livro incluía poesias, cantigas e histórias, contando com ilustrações, cujo objetivo era despertar o interesse das crianças pela leitura. Nos anos seguintes colaborou nas revistas Educação e Mensageira: Revista Literária Dedicada à Mulher Brasileira, dirigida por Presciliana Duarte de Almeida. Assim, passou a integrar o “movimento feminista” que se iniciava.
Em 1900 casou-se com José Xavier de Toledo, ministro do Tribunal de Justiça, e escreveu mais um livro de poesias – Livro da saudade -, em 1903, que não foi publicado. Ao ficar viúva em 1918, afastou-se da vida social e literária, vindo a falecer em 24/6/1961, aos 92 anos. Hoje seu nome é lembrado na denominação da Escola Estadual de Primeiro e Segundo graus da Vila Matilde; da Biblioteca Pública Infanto-Juvenil da Vila Mariana e de uma rua na Vila Ede. Foi também homenageada pelo Centro Professorado Paulista, em 1944, e recebeu o título de Mestra do IV Centenário da Cidade de São Paulo, no Instituto de Educação Caetano de Campos, em 1954.
Eu moro na Vila Ede e passo todos os dias na rua Zalina Rolim. Nunca imaginei que fosse uma paulista tão importante no século antepassado. Fico grato ao colunista pela informação
Parabéns, mestre José Domingos. Para todos nós, seus leitores.
Padre José Paulo
“Pàra todos nós”, é ótimo. Não disse na biografia, mas digo agora: O citado “conhecido professor” João Kopke, professor de Dona Zalina, que lhe pediu para publicar o “Livro das Crianças”, é considerado no meio acadêmico como precursor de Monteiro Lobato, tido como o fundador da literatura infantil no Brasil
Maravilha.
Caro colunista: que prazer ver retratada na coluna uma colega tradutora!
Alegrar o domingo de uma leitora categorizada é uma coisa; outra coisa é se além disso for tradutora refinada