Narcisa Amália de Campos nasceu em 3/4/1852, em São João da Barra, RJ. Escritora, poeta, jornalista e tradutora, foi pioneira na luta pela emancipação da mulher. Foi a primeira mulher a trabalhar como jornalista profissional. Atuou com desenvoltura no movimento republicano e combate ao regime escravista. Uma das primeiras a falar em “identidade nacional” e ressaltar a identidade feminina nesse contexto.
Filha da professora Narcisa Inácia de Campos e do poeta Jácome de Campos, teve os primeiros estudos em sua cidade natal e aos 11 anos mudou-se com a família para Resende. Aos 14 anos se casou com um artista ambulante, de quem se separou poucos anos depois. Em 1880, aos 28 anos, contraiu novo casamento com Francisco Cleto da Rocha, que também durou pouco, separando-se mais uma vez.
A dupla separação causou certo estigma social, fazendo-a mudar de cidade. O sucesso de sua poesia incomodava o marido, que após a separação, passou a difamá-la dizendo que seus versos não eram de sua autoria e sim de poetas com os quais manteve casos de amor. Segundo o historiador Júlio Cesar Fidelis Soares, tal difamação teve ajuda do escritor Múcio Teixeira, dizendo que sua coletânea de poesias Nebulosas tinha sido escrita por um homem com pseudônimo feminino. Em 1884, enquanto lecionava, criou um pequeno encarte quinzenal – O Gazetinha – um suplemento do jornal Tymburitá, trazendo como subtítulo “Folha dedicada ao belo sexo”.
Iniciou a carreira como tradutora de contos e ensaios de autores franceses e publicou apenas o livro Nebulosas, em 1872, pela Editora Garnier e foi bem recebido pela crítica da época, recebendo elogios de Machado de Assis e Dom Pedro II. Em 1873, o livro recebeu o prêmio “Lira de Ouro” e no ano seguinte recebeu o prêmio da Mocidade Acadêmica do Rio de Janeiro, uma pena de ouro entregue pelo conselheiro Saldanha Marinho. O livro foi republicado pela Gradiva Editorial em parceria com a Biblioteca Nacional, em 2017.
Publicou diversos artigos na revista A Leitura, no período 1894-96 e manteve por longo tempo colaboração no Novo Almanaque de Lembranças, de grande circulação em Portugal e no Brasil. Quando saiu de Resende, em 1889, foi para um exílio voluntário em São Cristóvão; abandonou toda atividade literária e foi lecionar numa escola pública. Faleceu aos 72 anos, em 24/6/1924 vitimada por um diabetes. Encontrava-se cega, pobre, pouca mobilidade e sua obra foi praticamente esquecida.
Pouco antes de falecer deixou um apelo às mulheres: “Eu diria à mulher inteligente […] molha a pena no sangue do teu coração e insufla nas tuas criações a alma enamorada que te anima. Assim deixarás como vestígio ressonância em todos os sentidos”. Sua lembrança está mantida na cidade de Resende com uma rua que leva seu nome e foi homenageada, em 2019, na 5ª FLIR-Feira do Livro de Resende. Como biografia contamos com Narcisa Amália, publicada em 1949 por Antonio Simões do Reis, pela Organização Simões.
Mais um fantasma resgatado pelo mestre José Domingos. Parabéns. Abraços.
Pois é Mestre, precisamos resgatar estes “fantasmas”, incluindo-os em nosso Memorial.
Caro colunista: Gostei muito de conhecer a história da ‘colega’ Narcisa Amália!
Miriam
Eu sabia que você ia gostar dessa colega!
Ótimo retrato, nobre Brito.
Narcisa Amália de Campos, mulher, poeta, linda e bela, e resgatada pelo nobre memorialista.
Forte abraço