Nara Lofego Leão nasceu em 19/1/1942, em Vitória, ES. Jornalista, artista plástica, atriz e principalmente cantora, conhecida como “Musa da Bossa Nova”. Estreou profissionalmente com voz tímida e destemida em 1964, ano do Golpe Militar, e percorreu as décadas seguintes com opinião, conforme o título do espetáculo que a consagrou como cantora e dois de seus discos.
Filha caçula da professora Altina Lofego Leão e do advogado Jairo Leão, se mudou com os pais e a irmã Danuza Leão para o Rio de Janeiro logo no 1º ano. Lá teve os primeiros estudos e manifestou interesse pela música. Ganhou um violão do pai aos 12 anos e teve aulas particulares com o músico Patrício Texeira. Em seguida ingressou numa Academia de Violão, comandada por Carlos Lyra e Roberto Menescal. Aos 15 anos se enturma com outros jovens que mais tarde daria início a um novo ritmo/estilo musical, a “Bossa Nova”. Aos 16 anos contraiu uma hepatite; afasta-se da escola e passa a trabalhar como secretária de redação e repórter do jornal Última Hora.
Pouco antes de completar 18 anos estreou como cantora no show “Segundo comando da operação bossa nova”. Além de cantar, gostava de fazer xilogravura e atuar no teatro. O surgimento da Bossa Nova deu-se em 1959 com o lançamento do disco “Chega de Saudade”, a estreia de João Gilberto. Por essa época namorou com o compositor Ronaldo Bôscoli e mais tarde manteve um relacionamento com o cineasta Ruy Guerra.
No início da década de 1960 encarou a carreira profissional como cantora e em fevereiro de 1964 lançou seu 1º disco, o LP “Nara”. O sucesso foi instantâneo, levando-a a contratação pela gravadora Philips e o lançamento do 2º LP no mesmo ano: “Opinião de Nara”.
Em outubro de 1964, concede uma entrevista para a revista Fatos & Fotos. A matéria foi intitulada “Nara de uma bossa só, demonstrando sua insatisfação com o epiteto “Musa da Bossa Nova”. Ela era mais do que isso. No ano seguinte, é lançado o 3º LP reiterando sua opinião: “Opinião livre de Nara”, marcando sua presença no cenário político adverso instaurado pelo Golpe Militar de 1964. Foi protagonista do espetáculo musical “Opinião”, com João de Valle e Zé Keti, uma crítica social à dura repressão política imposta pela ditadura militar. O espetáculo continua até o ano seguinte, quando foi substituída pela jovem baiana Maria Bethânia em princípio de carreira. Assim, tornou-se consagrada no púbico. Em 1966 foi intérprete da canção A Banda, de Chico Buarque, premiada no Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record.
Segue fazendo turnês pelas principais cidade do Brasil e chegou a comandar um programa na TV Record –“Pra ver a banda passar”- em companhia de Chico Buarque. Em fins de 1967 se casou com o cineasta Cacá Diegues e pouco depois deixam o País devido à ditadura militar, para viver em Paris. O casal teve dois filhos: Isabel e Francisco. Em 1968 aproximou-se do grupo tropicalista e participou da gravação do disco “Tropicália ou Panis et Circenses”, o disco-manifesto do “Movimento Tropicalista. No início da década de 1970 foi considerada a melhor cantora pela APCA-Associação Paulista dos Críticos de Arte.
Das suas interpretações, vale destacar algumas músicas de sucesso: “O barquinho”, ”A Banda” e “Com açúcar e com afeto”, feita a seu pedido por Chico Buarque, a quem homenageou nesse disco homônimo, lançado em 1980. Dos 28 discos lançados, “My foolish heart” foi o último lançado em 1989. Seu coração “tolo” parou de bater devido a um tumor cerebral inoperável, em 7/6/1989, aos 47 anos. A foto que se vê acima, de Frederico Mendes, foi exposta na capa de seu 17º LP – Romance popular – lançado em 1981, com repertório de músicas de compositores nordestinos. É também a capa de sua última biografia – Ninguém pode com Nara Leão: uma biografia -, escrita pelo jornalista Tom Cardoso, lançada em 2021 pela editora Planeta, cujo mérito maior é a fluência da narrativa. O título reproduz uma sentença proferida por Glauber Rocha em carta endereçada do exílio à Cacá Diegues.
A primeira biografia – Nara Leão: uma biografia – (ed. Lumiar), com um texto mais completo, foi lançada em 2001 pelo experiente biógrafo Sérgio Cabral; a segunda – Nara Leão: a musa dos trópicos – saiu em 2009 pela editora do autor Cassio Cavalcanti; a terceira, numa narrativa mais acadêmica envolvendo as circunstâncias de sua época – Nara Leão: trajetória, engajamento e movimentos sociais -, escrita por Daniel Lopes Saraiva, saiu em 2018, pela editora Letra e Voz. Como era de se esperar, a curta vida de Nara Leão não pode ser contada em apenas uma biografia. Uma visão geral e rápida de sua vida e legado podem ser vistos no site oficial: www.naraleao.com.br
Nara, num domingo, é um presente magnífico!
V. foi muito feliz na escolha.
Cantora e instrumentista muito acima do normal, mulher séria e marco na história musical do Brasil.
Cê é foda, meu véi!
Aquele abraço rôxo.
Carlos Eduardo
Carlão
Eu achei você era fã da Nara, mas não rôxo.
Grato meu véio
Brito