JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

Laura Agostini de Vilalba Alvim nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 2/11/1902. Dedicada ao mecenato cultural, fez a doação de sua casa ao governo do Estado com a finalidade de se criar um Centro Cultural, em 1983. O objetivo foi concretizado em 1986 com a fundação da Casa de Cultura Laura Alvim, na Praia de Ipanema. Foi considerada a primeira “garota de Ipanema”, devido a sua beleza e popularidade de fino trato.

Filha de Laura Agostine de Vilalba Alvim e Dr. Álvaro Freire de Vilalba Alvim, introdutor do Raio-x no país e neta de Angelo Agostin, o primeiro cartunista do Brasil. Em 1910 seus pais foram morar na Av. Vieira Souto, praia de Ipanema, na época um imenso areal. Trata-se de um grande sobrado de 3 andares num terreno de mil m², o metro mais caro do Rio de Janeiro. Tornou-se um ambiente de efervescência cultural, nas décadas de 1930-1940, frequentada por Burle Marx, Ernesto Nazareth, Bibi Ferreira, Burle Marx, Álvaro Moreira, Rosalina Coelho Lisboa, Isadora Duncan, Fernanda Montenegro e Tônia Carrero entre outras do meio artístico e cultural.

Na década de 1950, ela comprou a parte dos irmãos herdeiros; tornou-se única proprietária a passou viver só, pois nunca se casou, mesmo recebendo dezenas de propostas. Na década de 1950 passou a dedicar-se ao projeto de transformar a casa num grande centro cultural, numa espécie de homenagem ao pai, que morreu em 1928. Anos depois, com a morte da mãe, passou a viver só com uma governanta cearense. Em fins da década seguinte, em meio a uma reforma, a casa se encheu de novo. Dessa vez, o casarão passou a ser habitado pelos parentes da governanta que vinham do Nordeste.

Conta-se que cerca de 60 pessoas chegaram a morar nos cômodos mal-acabados até encontrar moradia e emprego. Ficou conhecida como “A República do Ceará”, abrigando de recém-nascidos a idosos. Vendeu os terrenos que o pai possuía no Leblon, ficando sem dinheiro tocar seu antigo projeto. Sua situação foi agravada por uma doença na pele e tornou-se reclusa, pois já não se sentia tão bonita e apresentável para receber as pessoas. Com pouco recursos, alugou alguns quartos do casarão e dormia no porão. No entanto, não abandonou o sonho de transformar o casarão num importante centro cultural.

Em 1983, aos 81 anos, providenciou um atestado de sanidade mental e doou sua casa ao Estado com a condição, expressa em contrato, de transformar a casa num centro cultural. Faleceu em 22/3/1984 e dois anos depois foi inaugurada a “Casa de Cultura Laura Alvim, contando com o empenho de Darcy Ribeiro, Vice-governador e Secretário da Cultura, no Governo de Leonel Brizola. A casa hoje é mantida pela FUNARJ-Fundação Anita Mantuano de Artes do Estado do Rio de Janeiro, com cláusulas assegurando que o imóvel só pode abrigar o centro cultural.

Em 2016, a empresa suíça de relógios Omega se instalou na casa durante as olimpíadas e paraolimpíadas e financiou uma grande reforma, modificando e modernizando sua estrutura. O espaço conta com 3 salas de cinema, 2 teatros, galeria de exposições, bistrô para alimentação, salas multiuso, ampla área para eventos e um estúdio para gravação e produção musical. O espaço também oferece aulas de teatro, artes visuais e workshops, auxiliando na formação de jovens artistas e uma sala expondo o “Memorial Laura Alvim” contando sua história através de seus pertences.

O espaço segue à risca a proposta de sua idealizadora de servir de palco para diferentes expressões artísticas. Graças a determinação de Laura Alvim, a orla de Ipanema (Av. Vieira Souto) não conta hoje com mais um grande edifício arranha-céu, tendo em seu lugar um belo sobrado, transformado em obra pública dedicado à cultura.

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