JOSÉ DOMINGOS BRITO - MEMORIAL

Dorina de Gouvêa Nowill nasceu em 28/5/1919, em São Paulo, SP. Professora, administradora, filantropa e pioneira da educação e inclusão social das pessoas com deficiência visual. Criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, em 1946, com a implantação da imprensa Braille, constituindo-se numa das maiores gráficas no gênero do mundo.

Ficou cega aos 17 anos; foi a primeira aluna a frequentar um curso regular e conseguiu a matrícula de outra colega cega na Escola Normal Caetano de Campos, onde se formou professora em 1945. Na ocasião, junto com outras colegas, desenvolveu um projeto dirigido a formação de crianças cegas. Visando aprimorar o projeto, realizou curso de especialização em educação de cegos no Teacher’s College, da Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Lá conheceu Edward Huber Alexander, com quem se casou em 1950. De volta ao Brasil, fundou a FLCB-Fundação para o Livro do Cego no Brasil.

Nos EUA, manteve reunião com as diretorias da Kellog’s Foundation e American Foundation for Overseas Blind. Expôs o problema da falta de livros em Braille para cegos e a necessidade de se conseguir uma imprensa para a Fundação recém-criada no Brasil. Em 1948, a Fundação recebeu uma imprensa Braille completa. 43 anos depois, a FLCB passou a se chamar Fundação Dorina Nowill. Dizem que hoje não há uma só pessoa cega alfabetizada no Brasil que não tenha tido em mãos pelo menos um livro em Braille produzido pela Fundação. Trata-se de uma das maiores imprensa Braille do mundo em capacidade produtiva, com produção em larga escala. A Fundação distribui gratuitamente livros em Braille para mais de 2500 escolas e organizações que atendem ao público com deficiência visual. Além da imprensa Braille, mantém livros em áudio e em formato digital.

Em 1954, ela conseguiu que o Conselho Mundial para o Bem-Estar do Cego se reunisse no Brasil, em conjunto com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia e a Associação Panamericana de Saúde. Tais reuniões serviram de plataforma para lançamento de um movimento junto aos órgãos públicos visando a inclusão escolar das crianças cegas. O passo seguinte foi a elaboração da lei de integração escolar, regulamentada em 1956. Em seguida, dirigiu a “Campanha Nacional de Educação de Cegos” do MEC-Ministério da Educação e Cultura, no período 1961-1973. Em sua gestão foram criados serviços de educação de cegos em todos os estados do Brasil.

Em 1979 foi eleita presidente do Conselho Mundial para o Bem-Estar dos Cegos e sua luta pela inclusão da pessoa cega não se deu apenas na educação. Lutou também pela abertura e encaminhamento destas pessoas no mercado de trabalho. Em 1982, na Conferência da OIT-Organização Internacional do Trabalho, conseguiu que a “Recomendação 99”, que trata sobre a reabilitação profissional, fosse rediscutida. No ano seguinte, a Conferência com o apoio dos representantes do governo brasileiro, dos empresários e dos trabalhadores, votou a favor da proposta do Conselho Mundial para o Bem-Estar do Cego, pela aprovação da “Convenção 159” e da “Recomendação 168”, da OIT, convocando os Estados membros a cumprirem o acordo, oferecendo programas de reabilitação, treinamento e emprego para as pessoas com deficiência.

Na década de 1990 foi reconhecida como pioneira na luta pela inclusão da pessoa cega e a FLCB passa a se chamar “Fundação Dorina Nowill”, em 1991. Publicou sua autobiografia –“… E eu venci assim mesmo”, em 1996, traduzida para o espanhol e distribuída em toda a Europa e América Latina. A partir daí foi homenageada em diversas ocasiões, incluindo seu nome dado por Mauricio de Souza à personagem com deficiência visual –“Dorinha”- da Turma da Mônica, em 2004, uma homenagem que deixou-a sensibilizada. Em 2009, ano do centenário de Louis Braille, inventor do sistema Braille, realizou palestras em diversas instituições e foi incluída entre “Os 100 brasileiros mais influentes de 2009”, numa enquete realizada pela revista “Época”. Foi a última homenagem que recebeu em vida. Faleceu em 29/8/2010.

As homenagens prosseguem em 2011, quando o jornalista Luiz Roberto de Souza Queiroz tratou de documentar sua trajetória e lançou o livro Dorina Nowill: um relato da luta pela inclusão social dos cegos. Continua em 2013, com o Senado Federal homenageando-a com a criação da Comenda “Dorina Nowill”, entregue anualmente a personalidades destacadas na defesa das pessoas com deficiência no Brasil. Atualmente, é mantida na Internet a “Dorinateca”, uma biblioteca digital online, da Fundação Dorina Nowill, disponível no site dorinateca.org.br.

6 pensou em “AS BRASILEIRAS: Dorina Nowill

  1. Esta é 2ª pessoa deficiente visual e 4ª deficiente física incluída no Memorial.
    Parabéns. Os deficientes corporais também podem ser muito eficientes e merecem nossa gratidão e reconhecimento. E assim este Memorial vai se completando com nomes realmente importantes.
    De novo, parabéns e muito obrigado por mais esta inclusão

  2. Nossos gratissimos cumprimentos Sr. José Domingos Brito.
    Belíssima homenagem. Justa e digna, da sua coluna ” Memorial.”

    Que exemplo de ser humano.
    Quanta altivez e denodo.
    Quantas realizações em favor do próximo e de causas tão nobres.

    Parabéns para o senhor.
    Sr. José Domingos Brito e a memória da Sra. Dorina de Gouvêia Nowill.

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