XICO COM X, BIZERRA COM I

ARMAS e LIVROS

A concessão, pela Biblioteca Nacional, da Medalha de Ordem do Mérito do Livro para quem não enxerga mérito nenhum no Livro, a exemplo do inepto e inapto Daniel Silveira, é um escárnio e um desrespeito à nação brasileira e a todos que tem na Literatura um pilar importante na formação cultural de um povo. Também por isso, continuarei a me armar de Livros e a me livrar de armas.

SER ATINGIDO PELOS VERSOS DE UM PESSOA

É triste a ameaça de termos bibliotecas transformadas em clube de atiradores ou em loja de vender revólveres. Vou preferir mil vezes sair de casa e deparar-me com alguém cantando uma cantiga de Chico Buarque ou recitando algum Manoel, seja o Bandeira ou o de Barros, a ter que botar as mãos para cima e entregar meus pertences a um marginal. Sem qualquer dúvida, será mais prazeroso o risco de ser atingido pelos versos de um Fernando Pessoa. Ao abrir o jornal, melhor será encontrar o realismo de uma crônica de Paulo Mendes Campos que a relação dos crimes ocorridos no dia anterior.

‘PARADO AÍ, ISSO É UM POEMA!’

Como já disse um Poeta, que bom seria encontrar na rua alguém armado com um livro importunando um pacífico transeunte: ‘Parado aí, isso é um Poema!’ antes de atingi-lo com rimas de Carlos Penna Filho. Ou de Vinícius. Talvez, com um repente de Pinto do Monteiro. Mas há quem prefira o contrário. Há de tudo. Para que eu me se sinta feliz e seguro dentro e fora de casa, bastar-me-á o direito de portar um livro: assim estarei protegido contra a ignorância e a burrice que sobeja nesse nosso mundo atual.

23 pensou em “ARMAS e LIVROS

  1. Não li e não lerei, amigo. O melhor preparativo de defesa é a Paz, meu caro Nonato. A guerra atende apenas a interesses menores para nós, pobres instrumentos nas mãos dos que detém o Poder e se locupletam com a desgraça do semelhante. D esculpe, mas penso diferente de você.

  2. O colunista coloca armas e livros como se fossem coisas antagônicas, sendo a primeira um objeto de morte e a segunda de elevação do ser humano. Será mesmo?

    O uso de armas foi a primeira elaboração humana de um instrumento que possibilitou a expansão da espécie. Sem o uso de armas, jamais teria sobrevivido.

    Depois o uso de armas foi instrumentalizado para as guerras entre povos e nações. Aquela que não desenvolvesse meios de defesa, seria extinta ou subjugada.

    Hoje, para além da caça e da guerra, armas são instrumentos esportivos, fazendo parte das Olimpíadas desde a Grécia antiga.

    Uma observação que irá chocar aqueles que demonizam as armas: Armas não matam, quem mata são pessoas.

    Quanto aos livros, seu uso é quase tão antigo quanto às armas. Os primeiros registros humanos estão nas cavernas e mostram, adivinhem, caçadas. Depois vieram as tábuas sumérias, com as primeiras escritas para registrar histórias, como a Epopeia de Gilgamesh, o Rei Sumério. A Bíblia Sagrada foi o primeiro livro impresso.

    Livros podem levar a morte muito mais que armas. Posso citar aqui dois: O Capital – de Karl Marx e Mein Kampf de A. Hitler, cujo conteúdo levou ao desenvolvimento dos dois regimes políticos mais sangrento de toda a história humana, levando à morte de centenas de milhões de pessoas no século XX.

    Logo, a comparação entre Armas e Livros não é tão antagônica quanto o nosso colunista nos quer fazer crer.

    • O cabra fica ancho que só, em frequentar um lugar democrático e livre como este JBF.
      A inteligência de Xico exalta os seus argumentos de uma forma clara, concisa e gostosa de se ler.
      Depois vem o leitor João Francisco, não menos inteligente, com argumentos tão cheios de princípios quanto os do autor na defesa daquilo que julga correto.
      E o leitor fica como eu estou, satisfeito por ter acesso ao conhecimento dos dois. Aos dois intelectos que, em contraponto , ainda assim se respeitam em educação e promovem a paz.
      A paz que no fundo é o primeiro objeto que querem promover, e pelo qual pensam inteligentemente.
      Aí, lembrei um conselho que papai me deu: “quando dois homens inteligentes debatem entre si, você só abra a boca se for para engrandecer os dois. Independente de quem esteja lhe convencendo mais”.

      • Caro Jesus de Ritinha. Meu único objetivo nesta área de comentários é debater para enriquecer o conhecimento, jamais confrontar.

        Fico feliz que v. está satisfeito deste debate.

        • Aos beligerantes que aqui se apresentam esgrimindo “suas armas”, recomendo “1964: O Brasil Entre Armas e Livros”, documentário produzido pela produtora independente Brasil Paralelo (está disponível no youtube.

          Aproveito o ensejo para parabenizar o sempre atento e verde-amarelo João Francisco.

          Aproveito e deixo frase de meus tempos de caserna: “O Exército pode passar cem anos sem ser usado, mas não pode passar um minuto sem estar preparado.“ – Ruy Barbosa.

          Aos defensores do desarmamento uma constatação: os meliantes, sempre tão defendidos pela esquerda, através de aquisição no “mercado negro”, sem nenhuma ncessidade de documentação, estão fortemente armados.

          Uma casa com uma arma defenderá uma família de ser chacinada; uma mulher com uma arma evitará ser importunada por um estuprador, uma empresa com seguranças armados evitará roubos e um largo etcétera.

          Gosto muito do modelo norte-americano, onde cada cidadão compra quantas armas tiver vontade.
          Alguns dirão que de vez em quando algum cidadão daquele país sai atirando em escolas; proibir as armas não resolveria, pois tal retardado recorreria ao mercado negro e faria a sua chacina particular, mesmo se proibissem a venda legal por lá.

          • João, meu caro,

            E já agora, com a cereja no cimo do bolo, por óbvio cada ação que o ser humano desencadeia tem, em si mesmo, a responsabilização pelo ato praticado.
            Nenhuma arma dispara sozinha. E a questão quando alguém pega em qualquer arma (faca, pedra, pistola, metralhadora e até o próprio corpo no caso do lutadores de artes marciais) passa pela saúde mental e pelo uso de drogas lícitas ou não.
            Gente saudável não resolve acordar e sair pelas ruas tirando vidas.

            • Obrigado pelas palavras, Caro Sancho, vindo de v. é muito gratificante ouvir também.

              Por falar em gente se enfrentando com armas, no lamentável caso de Foz – PR, os dois lados estavam errados. Quem primeiro agrediu atirou pedras. Os dois lados estavam armados e atiraram. Está vivo quem teve mais destreza. Porém, mesmo sobrevivendo (ainda) deve desferido contra si muitos chutes na cabeça.

              Tudo isso é culpa das armas? Não creio.

      • Só Jesus, mesmo. O seu comentário, além de ser um balde de agua fria na contenda, é de uma inteligência, que só se encontra aqui, no JBF. Um mediador nato. Parabéns.

  3. Respeitando a inteligência dos que aqui debatem, permito-me, respeitosamente, discordar desse olhar dicotômico sobre o tema, tão importante quanto profundo. Armas e Livros não são antagônicos e em nenhum momento quis dizer isto. Ressaltei, apenas, a importância da leitura na formação cultural de um povo e o risco implícito do uso inadequado de armas. O argumento de que armas existem desde os mais remotos tempos leva-me a acreditar que poderão estar de volta, a qualquer tempo, a forca, a guilhotina, as cruzadas, procedimentos e artefatos utilizados em abundância no passado. Continuarei lendo os comentários, reservando-me o direito de, a bem da urbanidade e dos princípios mais elementares da boa convivência, não os comentando. Abraço a todos.

    • Caro Xico, v. começou sua coluna fazendo um juízo de valor sobre a concessão de uma comenda ao Deputado Federal Eleito pelo RJ Daniel Silveira, para logo em seguida adjetivá-lo por duas vezes de forma não muito elogiosa. Goste-se ou não dele, eu senti uma ponta de arrogância no seu julgamento e sentença. Foi só isso.

      Também entendo a leitura e a literatura como fundamental na cultura de um povo, apenas não concordei com a comparação dos livros com as armas. Para mim são coisas distintas, que podem ser úteis ou muito perniciosas (as duas). Depende de quem faz o uso.

      Abraço

  4. Dr. JOSÉ PAULO,
    vaidoso pelo seu sempre generoso comentário, apenas cito aqueles a quem admiro. Além de Pinto, também citei Fernando Pessoa, este na primeira fila de minha galeria de Poetas enormes de nossa tão maltratada língua, nem por isso menos bela. Meu abraço

  5. Vim pra cá curioso pela comentário de Jesus de Ritinha no nosso grupo. O debate é próprio de quem busca soluções. Eu, como professor, muito me entristeci quando a livraria cultura fechou suas portas e quando a saraiva entrou em regime judicial de recuperação. Não se fechou apenas a oportunidade de acesso a livros, mas também, no caso da saraiva, a produção de livros. Não entendo, também, que seja dicotômico: livros ou armas. Acredito que mais livros contribuíram bastante para quem quer usar armas ou não. Se há benefício pra armas, deveria ter-se, de modo igual, benefício pra livros. Eu sempre quis ver implantado no Brasil um programa “livro popular” nos mesmos moldes do “farmácia popular” onde o governo bancava aquisição de livros.
    Entendo, que uma arma afasta “mau olhado”, mas pra mim isso é a constatação da ausência do estado na proteção do cidadão, rompendo sua leniência em relação a impunidade. Para mim, o livro deveria ser obrigatório, enquanto as armas ficam restritas ao livre arbítrio.

    • Caro Assuero, de certa forma, o governo já banca a aquisição de livros, dando isenção de impostos na sua produção. Se fizer muito mais que isso, provavelmente haverá mau uso dos recursos públicos, pois especialmente a esquerda opta por adotar livros que levam à alienação da população.

      Também acho que alguns livros deveriam ser muito debatidos (não gosto da palavra obrigação). Assim, de cabeça me vem à mente o indispensável 1984 de Orwell. Deveria ser lido em todas as escolas.

      Abraço

      • João Francisco, os livros da minha área são caros porque há poucos escritores aqui. Eu estou traduzindo um na esperança de alguém publicar. A maioria é de autor sueco e custo US$ 90,00, por ai. Quando falei de bancar livro foi, como eu disse, de forma igual ao que se faz com remédio.

        • Assuero, nem todos os remédios são bancados pelo governo, apenas os de controle de pressão, diabetes e outras doenças que necessitam de uso contínuo. A grande maioria não tem subvenção, pois em última análise o rico também estaria subvencionado.

          Os excelentes livros e de linguagem popular, p. ex., do nosso grande Berto, custam na faixa de 50 reais, o que é quase meia entrada de cinema. Deveriam ser mais subvencionados? Não creio. Deveria haver um maior estímulo à leitura dos jovens, que iriam aproveitar mais esta viagem que os livros proporcionam.

          • Eu sei João. Conheço bem o programa porque economia da saúde é minha área de atuação. De modo igual, nem todos os livros seriam bancados pelo governo. Sabe quanto custa um livro de medicina? Tem livro de R$ 700,00 e alunos pobres sem condições de comprar. Eu não falo apenas de livros de literatura. Falo de livros técnicos também. Por exemplo, o periódico da capes e mantido pelo governo. Tem revistas/jornais que vendem seus artigos, mas eu tenho acesso de graça porque tem vinculo com uma universidade

            • Entendi e concordo com seu ponto de vista, caro Assuero. Eu tenho medo de coisas subvencionadas pelo governo, porque geram populismo e desperdício do dinheiro do pagador de impostos. Se for feito de forma justa, estou de acordo.

  6. Caríssimo Xico,

    Eu fico com a paz e a alegria!

    A palhaçada de um palhaço no circo “deus tomara que não chova” vale um abraço, porque ele muitas vezes está fazendo graça com a barriga vazia!

    Parabéns e abraçaço.

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