Aqui morava um rei quando eu menino
Vestia ouro e castanho no gibão,
Pedra da Sorte sobre meu Destino,
Pulsava junto ao meu, seu coração.
Para mim, o seu cantar era Divino,
Quando ao som da viola e do bordão,
Cantava com voz rouca, o Desatino,
O Sangue, o riso e as mortes do Sertão.
Mas mataram meu pai. Desde esse dia
Eu me vi, como cego sem meu guia
Que se foi para o Sol, transfigurado.
Sua efígie me queima. Eu sou a presa.
Ele, a brasa que impele ao Fogo acesa
Espada de Ouro em pasto ensanguentado.
Ariano Suassuna, João Pessoa-PB (1927-2014)
Mais um gênio, entre tantos outros incontáveis. Do nosso incomparável Nordeste. Terra de grandes, dignos e nobres guerreiros que deixaram suas marcas, suas conquistas e seus feitos ao longo da história. Nossa reverência sempre e que só nos enche de orgulho. Agradecemos ao Sr. Pedro Malta e a você Berto, pela sensibilidade e inspiração.