JESUS DE RITINHA DE MIÚDO

Quando um dia você for em Acary, pouco adiantará perguntar por José Euzébio da Silva. E Francisco Sales da Silva? Nem adianta inquirir sobre Maria Auta de Sousa?

Todos esses aí têm apelidos, e é sobre os apelidos que eu quero falar.

Numa cidade pequena eles são comuns. Afinal, todo interior é igual. Aqui em Acary não é diferente e tem para todos os gostos, entre vivos e mortos, passado e presente. Quer ver?

Só no reino animal teríamos: Gata, Boi Galego, Mosquitinho, Carneiro, Bode, Gavião, Carcará, Rôla Cigano, Baratinha de Kéca , Pinto de Granja, Barata, Gabiru, Rato Bala, Ratinho, Foca, Tejo, Leão, Leitão, Urso, Aranha, Piranha, Patin de Elói, Grilo, Peixinho, Caçote, Piaba, Sapo, Morcego, Macaco, Galo Véi, Porquinho, Cabra Cega, Furão Barbino, Zé Guiné, Novilha, Burrego, João Grilo, Tourin, Galo Assado, Mosquito de Viria, Mané Galinha, Cão-não-morde, etc.

Aí, se a categoria for geral, lá vem: Sapato, Prego, Caitipa, Cu Cagando, Novo, Dão Velho, Tonéa, Gueitão, Lorin, Tola, Tanga, Baía, Íti, Gaguin, Farinha, Cuscus, Bombom, Mestre, Tita, Ema, Lula, Bóca, Babau, Bola, Nego, Seú, Fifin, Pão, Bura, Pinta, Botinha, Vareta, Pacanã, Loro, Trem Virado, Puruega, Cuia, Zibéu, Zé Brinco,Tabaco de Bode, Tabaco de Alumínio, Tabaco de Pau, Leca, Bada, Lelinha, Zé Buíte, Baco, Ôi Pidão, Paraná, Tanda, Biu, Duau, Neguin, Zinha, Fia, Bugrão, Rutin, Hominho, Loló, China, Tota, Papinho, Nadim, Tucão, Boy, Bolo Preto, Pacuíte, Carranca, Pezinho, Shortinho, Pitena, Deusinha, Tuvado, Roleta, Pixilinga, Dioca, Bitira, Boneca, Cebolinha, Buíta, Capela, Nino, Pitola, Gorda, Baiaca, Toquinho, Tuíca, Brilux, Gardo, Cutila, Balá, Sinagoga, Novinha, Tutinha, Chico do Grude, Lamparina, Buá, Aruá, Juá, Dudé, Tenoca, Bia, Dida, Caco Véi, Pitoco, Guriba, Suvelão, Brinquedo, Bigodin, Dora, Garapa, Mima, Bidoca, Inháu, Pelé, Zico, Garrincha, Sukita, Binha, Geba, Loloca, Rivinha, Tíu, Pitíu, Nenén Bascúi, Brejeirim, Big Big, Chiola, Zé Tampinha, Lilía, Veinho, Chorento, Pimba, Dig, Paizinha, Taí, Nuna, 3 Kilos, Pindoba, Bila, Uau, Chapuleta, Apaga Luz, Canjerê, Zé Cocó, Gugué, Dila, Nineca, Caboré, Cara Suja, Macola, Guaxelo, Guaxite, Bebé, Leleco, Ki Coisa, Zé Mandu, Tronco, Zé Mundrunga, Pilão, Ganga, Surrupei, Coquinho, Paluca, Mucamba, Piba, Pirola, Côta, Dodó, Melé, Bonitin, Bobina, Arranhado, Frequé, Guaxinin, Uivé, Cherin, Gordo, Suvaqueira, Faca Cega, Brigadeiro, Pililiu, Manga Rosa, Xôxa, Castelo, Bimbo, Piau, Cara Cuta, Zé Caveira, Bóin, Roseira, Bagaceira, Quíria Biscoito, Pipim, Cascatinha, Pão de Bóia, Batatinha, Tenente, Sol Quente, Coronelzin, Lua, Blecaute, Chiclete, Peninha, Zé Birro, Goipada, Titina, Varetão, Popinha, Muela, Meu Cacete, Nozinho, Candoca, Pompom, Guchinha, Racego (emenda de rato com morcego), Doutô, Lota, Espirro, Furico (também chamado de Cuzin), Popó, Guelão, Espaia Brasa, Gilú, Careca, Gabilão, Camonge, Rasgão, Keto, Tuíca, Má Feito, Lampadinha, Lanchão, Pixototin, Duduca, Come Longe, Guidome, Carrasco, Babalu, Boy Tico, Querida, Bino, Cheirosa, Pintado, Cabôco, Da Lapa, Nuca, Liú, Catolé, Pilóia, Pernambuco, Ditinha, Perna Santa, Brancoso, Bineca, Aritana, Chicola, Sebin, Zomim, Chica Preta, Bebe Água, Cambeba, Espigarto, Zé Oião, Parêia, Quincó, Tulu, Gambêu, Bufa de Alma, Maria Mosquito, Pedro da Porca, Pedro da Ponte, Antõe Oião (também conhecido por Capela de Vaca), Bolacha, Priquito de Pau, Bidoca, Couro Cru, Bia, Caçarola, Papêro, Papêrim, Bilocão, Quixaba, Tílio, Lindo, Divino, Lóla, Lindreza, Mané Golinha, Guardinha, Bião, Sunga, Curinga, Brécia, Barbinha, Buda, Pacato, Cruel, Anil, Punaré, Guiô, Buéca, Cria, Déo Porreta, Bizéu, Nôin, Decate, Cióba, Tantão, Burdão, Carrasco, Bióta, Guaru, Tramela, Caneludo, Cocó, Primin, Pequeno, Suruca, Cizal, Coqueiro, Peruquinha, Mocinha, Tantico, Gotinha, Dedé Testão, Bulú, Santa, Bidu, Santo, Xaréu, Donzela, Cenourinha, Polaco, Manchete, Espirro, Coceira, Moleza, Baca, Mimosa, Chiquinha Ventura, Caçarola, Caldeirão, Uver, Meu Bonito, Balão, Dã de Deca, Boca Torta, Zé Dedão, Dom Ratão, Perneta, Lebrin, Nitona, Pozinho, Zé de Tuda, Candura, Sobrinha, Biró Belém, Saigado, Inçoso, Docin, Zé Destão, Li Cocão, Póca, Atinha, Butija, Vaqueirão, Piolho, Bufeira, Xupa Cabra, Parrudo, Pêinha, Lambe Loiça, Rural, Cafífi, Galetão, Xexéu, Goiamum,Tabajara, Mossoró, Lofreu, Cibite, Baique, D. Efa, Sucata, Xuxinha, Rinha, Nôca, Charuto, Tesourinha, Bezerrinha, Fungado, Floquim, Renato Rico, Chei de Prega, Burro Preto, Cebim, Grachielli, Famfam, Urêa, Ze Bio, Pilola, Presença, Badraba, Mucuin, Papai Oião, Zé Oião, Pente, Tico de Campinadeira, Bilau, Miolo, Toinho Quixó, Bodeiro, Novin do Brega, Deíta, Méda Véi, Pitita, Sorriso, Capitão Caverna, Quenebau, Tampa, Bague, Senhora, Pororoca, Cabelouro, Guigúi, Ponxe, Zarôi, Formigão, Murubinha, Corujinha, Cacuruta, Piquinita, Biritinha, Papagaio, Torrão, Zé do Peido, Fulor, Bitir, Vituca, Trapiá, Aima de Boi, Xirrarrá, Beiçola, Misto, Canção, Catemba, Mª Brejuí, Cafuçu, Cafuringa, Bad Boy, Mil, Piano, Contente, Muriçoca, Biúla, Minador, Trombada, Panteiga, Jararaca, Relampo, Bigodin, Haja Peido, Cristo do Bode, Chica Vintém, Güelo, Torrado, Vara Verde, Milioito, Bigobáu, Boréu, Rasga Olho, Mulambo, Rerré, Borrão, Bigodão, Cachimbão, Cachimbo Eterno, Suvaco, Bebin, Braiado, Muquéi, Dondom, Rei de China, Chuí, Móca, Zóca, Cabo Véi, O Grande, Coucoá, Quingó, Galamprão, Alça, Neco Quarador, Zé da Prestação, Gandinha, Xulêga, Jati, Didin Anão, Zé Moita, Queléu, Zaga, Breguesso, Chupa, Capacete, Cascudo Barbado, Júnior Cururu, Daguia Peba, Maria Bacurau, Câinda, Chico Buriti, Manduca, Palito, Baixinho, Tapuia, Paulo Poiqueira, Trubana, Zé Minhoca, Gambão, Alemão, Fuscão Preto, Rela o Prego, Pirulito, Primoca, Bilrin, Amigão, Caca, Ramin, Zé Bola, Gaída, Quick, Puiga, Gorducho, Dezinho, Fanquinha, Cigano Rôla, Chupa, Baixinho, Biruca, Tupete, Ladeira, etc… etc… etc…

Tem famílias que adotam apelidos em quase todos os seus filhos.

Lá em Zé Mariano, por exemplo: Zé Velho, Bebé, Téu, Cola, Menininha, Galega, Deda, Preta, Bolinha gêmea com Bolão e Santo.

E tem famílias que adotam apelidos como sobrenome, os Mago, os Guiné, os Mororó (parte da família Marques), os Peba, os Côco, os Maranganha (quando não morde abocanha), os Nêgo Félix, os Pinéus, os Januário, os Cuscus, os Tacaca (com orgulho sou um deles), os Muelas, por exemplos.

Tem até gente que ganha apelido e passa a ser conhecido como um astro, como era o caso de Beto Barbosa (Claudinho de Tantico) e Elba Ramalho (Gargalheira).
Mas, você deve estar se perguntando quem são as pessoas acima tratadas por nomes próprios? Bom, o José Euzébio é o meu pai, ou seja, Miúdo. Francisco Sales, era meu Tio Lolô. E quanto a Maria Auta de Sousa, foi a saudosa Dona Tum.

Numa cidade onde os apelidos são tão usados, até as praças ganham esse destaque. Não há quem passando por perto da Praça Antão Lopes de Araújo, não aponte para dizer que ali fica a Praça da Caraca.

PS.: Os apelidos acima são todos aceitos por seus donos. Ninguém se ofende. Ao contrário, há gente que quando é chamado pelo nome nem atende. Esqueceu de como fora batizado.

12 pensou em “APELIDOS

  1. Bom dia, muito legal. Identifiquei vários que temos por aqui no sudoeste de Goiás. Na formação de nosso município, Mineiros em Goiás, tivemos muita influência de baianos que trouxeram esse costume que foi bem adotado em tempos idos.
    Hoje persiste em pequena quantidade e em vias de acabar com a onda do politicamente correto.
    Discordando em parte de você quando diz que todos são bem aceitos por seus donos aqui acreditamos que para o apelido pegar o cabra tem que não gostar..
    Temos casos desse tipo que a pessoa se candidata a algum cargo e, sendo muito conhecida por apelido que não gosta, se vê obrigada a assumir para não perder votos.
    Bela pesquisa e que criatividade dos seus conterrâneos.

    • Sérgio, em Acary temos outro tanto de pessoas que, se brincar, atiram pedras se ouvirem seus apelidos.
      Vou pôr aqui alguns de pessoas já falecidas: Bilica Pêi-pou, Cachorro de Laú, Acelera, Cachorro Cotó, Soda Preta, Garapa… hômi, essa galera aí corria atrás do cabôco. A maioria tinha problemas mentais também.

      Mas, esses da relação na coluna são apelidos dados quase sempre na infância por um parente, um vizinho etc. São apelidos familiares, embora alguns sejam bem tétricos.
      Quando eu era menino, na nossa rua, cada um tinha um apelido que gerava até intriga: Tira o Dedo, Cu Rapado, Mucuim, Burro Preto, Cabeção, Véi da Ferida, Lampadinha, Naiá, Palito de Hotel, Juriti, Groselha, Bolachinha, Mão Branca, Lili Pé-de-pote, Boca de Traíra etc.
      O meu era Cuscuz. Como nunca me importei, nunca pegou.

      Hoje em dia menino tem que ter nome e sobrenome.

  2. Já não bastasse a língua portuguesa ser a mais rica e bela do planeta. A mais completa e complexa expressão evoluída do latim e ainda vem esse povo criativo e duplica a identificação das pessoas. Não so´das pessoas, dos políticos também. Aliás, de tudo. Jesus!!!!!

  3. Laudeir, e haja criatividade.
    Eu me peguei imaginando a inteligência do ser humano que pôs o apelido de Racego, emendando parte de rato com parte de morcego.
    E o bom! Racego antes já tinha o apelido de Xaxico, apesar de o nome dele ser José Estevão.

  4. Camarada, estou vivendo uma experiência com meu nome. Sessenta anos sendo chamado de Angelo, mas nesse Jornal, pela primeira vez na vida sou conhecido pelo meu primeiro nome: Laudeir – Foi o que sugeriu o nosso editor. Muito bacana isso. Já estou me acostumando.
    Vou parar porque esse assunto dá “pano pra manga”.

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