PEDRO MALTA - A HORA DA POESIA

Tortura do pensar! Triste lamento!
Quem nos dera calar a tua voz!
Quem nos dera cá dentro, muito a sós,
Estrangular a hidra num momento!

E não se quer pensar! … e o pensamento
Sempre a morder-nos bem, dentro de nós …
Querer apagar no céu – ó sonho atroz! –
O brilho duma estrela, com o vento! …

E não se apaga, não … nada se apaga!
Vem sempre rastejando como a vaga …
Vem sempre perguntando: “O que te resta? …”

Ah! não ser mais que o vago, o infinito!
Ser pedaço de gelo, ser granito,
Ser rugido de tigre na floresta!

Florbela Espanca, Vila Viçosa, Portugal (1894-1930)

Um comentário em “ANGÚSTIA – Florbela Espanca

  1. A nossa Florbela tinha uma paixão distante.

    Sofria de pensar no amado que a deixara para viver em terras distantes.

    Isso a angustiava demais.

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