A fonte dos meus versos se esgotando vai,
Porque lhe falta agora o alento da paixão,
O precioso eflúvio que na alma cai,
E opera em todo ser grande transformação!
É quando a esperança no peito se esvai,
Tangida pelas trevas de uma solidão,
Deixando uma saudade imensa, que não sai,
E pouco a pouco vai calando o coração!
E esta minh’alma entristecida de retrai,
E não encontra mais prazer nem emoção,
Lembrando sempre a dor daquela despedida…
E toda vez que o pensamento se distrai,
E tenta conservar o alento da ilusão,
É que sinto como minh’alma está ferida!
Raul de Leoni, Petrópolis-RJ (1895-1926)