CARLOS EDUARDO SANTOS - CRÔNICAS CHEIAS DE GRAÇA

Estas semanas pré-carnavalescas emocionam muito aqueles que têm mais de 80 anos e eu sou um deles. Sobretudo pelas músicas que as emissoras de rádio tocavam intensamente durante todos os meses que se antecipavam ao carnaval, nas décadas de 1940.

Uma – Adeus Dona Folia – me emociona por causa do momento que vivi quando estávamos no Café Lafayette e papai se encontrou com um fraterno amigo, Eduardo Barbosa, compositor campeão de muitos carnavais, cujas músicas sempre se colocavam nos primeiros lugares em concursos de frevo.

Havia tempo em que meu pai e aquele amigo compositor não se encontravam. Ouvi o musicista justificar a razão. Sua única filha havia sofrido um acidente, passara alguns meses no hospital e estava prestes a perder a visão dos dois olhos.

Ele então fez uma promessa para Santa Luzia, comprometendo-se a abandonar o carnaval e nem ao menos faria mais músicas, embora terminasse sua trajetória compondo apenas Adeus Dona Folia, para seu último carnaval.

Sempre que me lembro desse frevo-canção, costumo cantarolar essa expressão magnífica do sentimento musical, de uma pessoa que cumpriu sua promessa abandonando definitivamente o tríduo momesco.

Adeus Dona Folia, foi composta por Eduardo Barbosa, gravada em 78 Rpm, lançada por Nelson Gonçalves (Gilberto Inácio Gonçalves), com a Orquestra de Zacarias, em disco RCA Victor 80-0548-A, matriz S-078776), gravado em 12.09.1947 e lançado em novembro do mesmo ano.

Adeus eu vou me despedir
Não pretendo mais voltar
Guardarei saudades de você Dona Folia
E sinto até vontade de chorar.

Eu sempre vivi com você, querida
Numa eterna e verdadeira paixão
Foi você toda alegria de minha vida
Tudo não passou de ilusão.

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