VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

Atualmente, enquanto estamos numa esquina para ver a banda passar, o que vemos passar é um bando de marginais, assaltantes e malfeitores, sem que o povo brasileiro tenha mais confiança de andar nas ruas. Aí você vê que nada é lindo como antigamente, quando a banda passava, enchendo de alegria os nossos corações.

A insânia ronda os destinos do Brasil, porque há homens roídos pela ambição do poder, pela sede de mando, acometidos por uma verdadeira vesãnia, querendo arrastar o país a uma guerra civil,

Cada fase da história política do Brasil tem o seu político odiado.

Atualmente, o povo brasileiro enfrenta um político ameaçador, que não perde tempo em ameaçar os cidadãos com medidas restritivas de liberdade, proibindo-os de fazer declarações contrárias às suas, nas redes sociais. Já calou alguns jornalistas e deputados, sob o olhar incrédulo do povo. Deve ter como ídolo, o incendiário Nero, da Roma antiga, ou Filinto Muller, considerado o mais violento militar e político do século passado.

A pressa da diplomação do presidente eleito, antecipada do dia 19 de dezembro de 2022, para o dia 12, deixa no ar uma urgência desesperada, que aumenta a cada dia. “Há algo de podre no reino da Dinamarca”.

A antiga história política do Brasil registra o político Filinto Muller (11.07.1900 – 11.07.1973) como o político mais polêmico que já houve no nosso país. Foi chefe do Conselho Nacional do Trabalho, líder de dois partidos políticos e líder da maioria no Senado, em um governo democrata e de três ditadores.

Aos 72 anos, o Senador Filinto Muller transformou-se no mais respeitado político brasileiro. Percorreu os corredores do Senado, como um sumo sacerdote. Seu gabinete, onde seis funcionários respondiam a mais de seiscentas cartas por mês, era o mais frequentado do Congresso.

Filinto Muller, o todo poderoso do Mato Grosso, foi o responsável pela mais ambiciosa tarefa política desde 1964.

Chegou a revelar um momento de fugaz ceticismo que, num instante, transformou-se na mais definitiva de suas conclusões realistas: “Eu fui muito mais do que queria ser. Pensava em chegar a deputado e fui senador. Queria ser governador do meu estado e fui eleito – não tomei posse em 1934 porque Getúlio pediu que continuasse com ele. Nunca pensei em chegar a presidente do Senado. E muito menos do partido. Mas não tenham ilusões. Os políticos são rapidamente esquecidos. E daqui a alguns anos só se lembrarão de um terrível chefe de polícia do “tempo do Onça”, que também foi um chefe de polícia.” Palavras fatídicas.

Onça foi o apelido dado a um chefe de polícia do início do século passado, conhecido por sua violência. Um dia ele foi visto sentado num dos bancos da praça que hoje chama-se Tiradentes, no Rio. E nunca mais. Desapareceu. Uns dizem que foi morto, outros garantem que entrou para um convento.

Estado Novo, ou Terceira República Brasileira, foi uma ditadura brasileira instaurada por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937, que vigorou até 29 de outubro de 1945. Foi caracterizado pela centralização do poder, nacionalismo, anticomunismo e por seu autoritarismo.

Em 1945, quando acabou na Europa o “Reich dos Mil Anos”, ruiu também no Brasil o Estado Novo. Começou um período de acerto de contas. O país, que inegavelmente assistira à consolidação do seu poder federal durante a ditadura, se deu conta de quais eram as verdadeiras normas de convivência entre os homens. E cada dia da democracia saboreado significava uma visão mais profunda, da irracionalidade dos atos do regime de exceção.

Enquanto Filinto Muller esteve com o Dr. Getúlio Vargas, foi um poderoso chefe de polícia. E mesmo quando saiu, os três anos que restaram ao Estado Novo, foi sempre um cidadão acima de qualquer suspeita.

O barco afundara, mas sua carga não era tão preciosa quanto parecia. Os melhores figurões já haviam desaparecido. Muitos, dando-se conta da mudança, rasgavam, enraivecidos, a bandeira que eles mesmos haviam bordado e na qual durante tanto tempo se haviam agasalhado.

Durante o Governo Vargas, Filinto Muller destacou-se por sua atuação como chefe da polícia política, e por diversas vezes foi acusado de promover prisões arbitrárias e a tortura de prisioneiros. Pertencia à Aliança Renovadora Nacional (ARENA).

No alto da estante de Filinto Muller, repousava um dos mais sérios libelos que lhe foram dirigidos: “FALTA ALGUÉM EM NUREMBERG”. Falta quem? Filinto Muller, segundo o autor do livro, o jornalista David Nasser (01.01.1917 – 10.12.1980)

O político brasileiro Filinto Muller faleceu em 1973, em um acidente aéreo, em Paris (França). no qual a esposa, Consuelo, e o neto Pedro também foram vítimas.

10 pensou em “A VOLÚPIA DO PODER

  1. Cara Violante,

    Seus comentários excelentes, aliás, como sempre. Por coincidência, estou relendo “Olga”, de Fernando Morais, personagem que Felinto entregou para Getúlio tomar a iniciativa mais triste do Brasil.

    Um abração por sua aula e as comparações com o momento brasileiro.

    Carlos Eduardo

    • Obrigada pelo comentário, prezado colunista Carlos Eduardo.

      Este episódio de Olga Benário Prestes constitui a página mais negra da ditadura de Getúlio Vargas. Afinal foi ele quem entregou Olga à GESTAPO.
      Olga era militante comunista e foi entregue pelo governo brasileiro, então nas mãos de Getúlio Vargas, aos nazistas em 1936, enquanto estava grávida de sete meses. Sofreu torturas tremendas. A criança, Anita, nasceu em uma prisão na Alemanha, mas foi resgatada pela mãe de Prestes.

      . Em 23 de abril de 1942, Olga Benário Prestes foi morta na câmara de gás, no campo de extermínio de Bernburg, na Alemanha.

      Grande abraço!

  2. Pois é. Mesmo depois desse período asqueroso da política, com aqueles políticos igualmente asquerosos, os brasileiros da época elegeram Getúlio Vargas apenas poucos anos depois. Deixaram o “velhinho” trabalhar. Agora nossa geração está sendo obrigada a deixar o velhaquinho “trabalhar”. Quem não conhece história….

  3. Obrigada pela presença, prezado Sérgio Melo.
    A história se repete!.
    É revoltante a atual situação política do Brasil, Os “encapados supremos” empurrarem “goela adentro”, da banda decente do País, um “descondenado” ridículo e, comprovadamente ladrão (até de urnas eleitorais), para ser presidente da República novamente. .
    Os petralhas querem ver é o circo pegar fogo .
    Oremos!!!

  4. Querida Violante Vivi,

    Meus parabéns pela belíssima crônica histórica, que traça um perfil psicopata Filinto Muller, que atuou como chefe da polícia política do governo de Getúlio Vargas e teve seu nome associado a episódios de tortura. Era um sanguinário psicopata.

    O caso de maior repercussão foi o da detenção e deportação da judia Olga Benário, à época grávida de seu companheiro, o militante comunista Luís Carlos Prestes. Ela foi executada no campo de extermínio de Bern burg, na Alemanha, em 1942, em condições degradantes, aprovada por um louco que tinha sede de poder feito o psicopata de Caetés que, numa eleição fraudulenta, vai “comandar” o destino de uma nação com um povo tão lindo.

    E já desejam os aventureiros antecipar sua posse, para os guabirus saquearem os cofres da Nação o mais depressa possível.

    Psicopata não tem sentimento. E seu coração é debaixo dos pés, com uma pedra de gelo em cima.

    Vamos viver dias tristes pela frente!!!

    Xêros e abraços, extensivos à família.

  5. Obrigada pelo gratificante comentário, querido Cícero Tavares!.
    A antecipação da data de diplomação, do descondenado “eleito”, que partiu do próprio “poder encapado” tem cheiro de tramoia. A diplomação encerra o processo eleitoral. É o ponto final..
    É lamentável a passividade das poderosas Forças Armadas, no caso da comprovada fraude eleitoral !.
    “QUE PAÍS É ESTE?” ..
    Ainda tenho fé de que até o dia da diplomação (12), alguma coisa lícita aconteça!

    Xêros e abraços para você também e seus familiares!

    Bom final de semana!violan

  6. Violante,

    Uma excelente crônica sobre a história política do Brasil escrita de forma didática e assimilável pelos leitores fubânicos. Numa pesquisa que fiz sobre os cordelista durante o governo de Getúlio Vargas, fiquei surpreso com a boa imagem do Estado Novo, então faço um brevíssimo comentário.

    Os folhetos de cordel ocultavam o confronto entre a burguesia e a classe trabalhadora, além de silenciar quanto à maneira como os discursos de Vargas eram recebidos em São Paulo, uma vez que o programa desse governante não era aceito prontamente.

    Como na maioria dos meios de comunicação, os folhetos demonstravam que Vargas encarnava as prerrogativas de um bom líder, capaz de captar e colocar em prática as aspirações populares. O mesmo era pregado pelo discurso do Estado Novo, no qual o chamado “pai dos pobres” sintetizava as características de infalibilidade e de compreensão das forças históricas.

    Desejo um final de semana de paz, saúde e harmonia

    Aristeu

  7. Vivi,

    Tic, tac, tic, tac…

    Também recorro à fé, esperançoso de que até o dia da diplomação (12), alguma coisa lícita aconteça!

    Loucura,loucura, loucura… Minha cara Violante, certamente estou preso em um pesadelo (daqueles em que o maior desejo é simplesmente acordar),pois, como bem escreves, “a insânia ronda os destinos do Brasil, porque há homens roídos pela ambição do poder, pela sede de mando, acometidos por uma verdadeira vesânia”…

    I vamu qui vamu…

    • Querido Sancho:

      Obrigada pelo seu dignificante comentário!
      Que os nossos sonhos, aparentemente, inatingíveis, possam se tornar atingíveis, dentro do prazo.legal!..

      I vamu qui vamu…

  8. Obrigada pelo generoso e instrutivo comentário, prezado Aristeu!
    Você enriqueceu o meu texto.
    Sua pesquisa sobre os cordelistas durante o governo de Getúlio Vargas, com relação ao Estado Novo, deve ser muito valiosa.

    Sem dúvida, Getúlio Vargas (1882-1954) foi um grande líder.
    Presidente do Brasil durante 19 anos, foi o primeiro ditador do país e mais tarde presidente eleito pelo voto popular. Permaneceu no poder entre os anos de 1930 a 1945 e de 1951 a 1954, ano em que se suicidou.
    A página negra da história de vida desse grande líder político, foi o episódio da entrega da revolucionária alemã e judia, Olga Benário Prestes, gravida de sete meses, à GESTAPO,, (polícia secreta oficial da Alemanha Nazista e na Europa ocupada pelos alemães).deportando-a para Alemanha..
    Ao chegar na Alemanha em 18 de outubro de 1936, Olga foi levada para a Barnimstrasse,, prisão de mulheres da Gestapo, onde teve sua filha, Anita Leocádia Prestes, que ficaria em seu poder até o fim do período de amamentação e depois, entregue à avó D. Leocádia.
    Olga foi executada em 23 de abril de 1942, com 34 anos de idade, na câmara de gás, com mais 199 prisioneiras, no campo de extermínio de Bernburg.

    Desejo a você também, um final de semana, com saúde, paz e harmonia! .

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