Livro inclui passaporte e passagens aéreas
Alguns dias atrás comecei a descobrir minhas raízes. Antes, eu sabia apenas que nascera em Pacajus/CE, e que meus país eram Jordina, a mãe; e Alfredo, o pai.
Sabia também, que minha Avó materna, Raimunda, era descendente dos índios Paiacus, espraiados por aquelas bandas do sertão cearense. Nunca me interessei por conhecer as raízes dos avós paternos, mas soube, na idade adulta, que eram afrodescendentes.
Agora, sem mais nem menos, debruçado e encantado pela leitura do livro “O DESTINO DA ÁFRICA” de Martin Meredith, não apenas descobri por escolha de pensamento, quem são os afrodescendentes e porque muitos foram escravizados e levados para fora do Continente.
Antes, com passagens rápidas e supérfluas, quando estudei Geografia Geral no ginasial, conheci poucos e pequenos capítulos dedicados a alguns países que compunham a África.
E, como descobri, e continuo descobrindo isso. Lendo. Viajando sem sair da cadeira de balanço, ou sem sequer levantar da rede armada na varanda da casa. Incluindo a emissão do passaporte, o câmbio das moedas, a chatice das esperas nos aeroportos, a vigilância das polícias especializadas, a demorada travessia do Atlântico e as inevitáveis turbulências das aeronaves.
Meu ópio é a leitura. Minha cannabis que carrego, pesa muito mais que 40 gramas. É com o livro que “faço a cabeça”.
Vez por outra, sou pego em flagrante delito pelo sono que me autua e determina que tenho que passar xis dias sem ler nada. É um castigo tão pesado quanto ser arremessado por uma catapulta, ou oferecer a cabeça à guilhotina.
Morando no Rio de Janeiro, sempre morei de aluguel. Quando o contrato anual acabava, a renovação exigia aumento considerável para novo contrato. Eu mudava de endereço. Assim, em Campo Grande (Zona Oeste) morei em seis endereços diferentes a cada ano.
Trabalhando no Centro, a difícil viagem da Central do Brasil até Campo Grande acabava sendo uma premiação. Algumas vezes nem me dava conta que o trem chegara em Santa Cruz, fim do percurso – eu passava da estação de Campo Grande. A leitura me fazia esquecer de descer do trem.
Foi no trem, no percurso Central do Brasil – Campo Grande, que li toda a obra de Ágata Christie.
Aos domingos e feriados a leitura preferida era a coleção “Revista Civilização Brasileira” e os jornais O Globo, Jornal do Brasil, O Estado de São Paulo e Folha de São Paulo. Esses quatro jornais, nas edições dominicais, juntos, pesavam quase dez quilos – além de consumir parte considerável do meu salário.
Estante de quem pouco abre um livro
Posso não escrever bem. Entretanto, pelo que já li, e com o hábito de sublinhar as palavras desconhecidas e/ou diferentes, consegui formar mentalmente um ótimo vocabulário.
Em São Luís, meu primeiro trabalho em jornal, foi como Revisor de textos diários de colunistas consagrados imortais.
Uma das mais lindas e aparelhadas bibliotecas do mundo: em Praga, República Tcheca
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RESPOSTA PARA VIOLANTE PIMENTEL – Minha “amiga” Violante Pimentel, que sei que é mais “nossa” do que “minha”, sempre que comenta minhas postagens, me trata como “Jornalista e Escritor”. Excesso de gentileza e bondade da Violante.
Na realidade, tenho quatro livros “prontos” para serem impressos. Estão, como dizíamos antigamente, “no prelo”. Mas, a falta de dinheiro e, agora, o excesso de impostos que pagamos e o baixo salário da aposentadoria não me permite custear a impressão.
Apesar disso, tenho Fé que, um dia esse milagre acontecerá. Continuo jogando nas loterias da CEF.
Caro José Ramos,
Magníficos seus comentários. Também penetrei fundo em meus antecedentes colaterais, logo aos 16 anos. Depois, adulto, continuei até que no estado de Utah (EUA) pude chegar mais fundo. É emocionante descobrir origens de pessoas.
Parabéns, amigão.
Carlos Eduardo
Carlos Eduardo, fico envaidecido pelo comentário e reafirmo que, ler é tão bom, que a gente não paga sequer meia passagem, tampouco precisa da emissão da carteirinha de idoso e, pasme, ainda pode escolher o lado da janela na viagem.
Zé, li toda a obra de Agatha Christie traduzida para o Português antes dos meus quinze anos.
A mesma coisa com a obra de Sir Arthur Conan Doyle.
Depois vieram Frederick Forsyth e Mario Puzo. Ultimamente Dan Brown.
A leitura sempre me libertou. Ainda hoje me liberta.
Além de morar numa casa onde a leitura sempre foi a diversão, a Biblioteca Pública de Acary era a segunda maior do Estado (era a primeira do interior) com mais de 25.000 volumes catalogados. Só perdia para a da UFRN.
Hoje eu não sei como está a estatística, mas sei que em Mossoró tem uma que ultrapassou a nossa.
Enfim… sua coluna outra vez me transportando ao passado.
Jesus, “o passado nos condena”! Lembro que, na sala de aulas do antigo curso primário, a “fessôra” nos mandava levantar (era o primeiro exercício “contra” a timidez) e abrir o livro na página tal. Era uma briga para quem levantaria primeiro. Realmente o passado ainda tá bem ali, acabando de dobrar a esquina.
Zé Ramos,
Se você colocar no Google como publicar livro sem ter dinheiro surgem várias opções, inclusive com vídeos no YouTube sobre como publicar seus livros.
Especialíssima está domingueira crônica onde damos um pulinho literario em nossa juventude.
Valeu, Zé!!!
Sancho, vou procurar como dom Quixote procurou os moinhos. Graças.
Querido escritor José Ramos:
Você é um escritor nato! Em outros tempos, eu diria que “a pena desliza entre os seus dedos. ” Hoje, digo que seus dedos deslizam no teclado do computador.
Seus textos são geniais!!
Você é um Mestre!
Adoro seus textos, principalmente quando falam sobre sua “aldeia”.
Estou ansiosa para ver seus livros publicados.
Você é um dos melhores escritores do JBF!!!
Grande abraço!
Violante, o que posso dizer, além de agradecer tamanha generosidade e carinho? Nada, né não?