VIOLANTE PIMENTEL - CENAS DO CAMINHO

Quando se vê, a vida já passou. Ninguém segura o tempo, nem por decreto.

O dia, que tem 24 horas, na nossa adolescência demorava muito a passar, até que chegasse a noite, para os divertimentos, flertes e namoros.

Não se espera mais que a noite chegue, para se namorar. O tempo para o namoro é qualquer um. Qualquer hora é hora. Desapareceu o romantismo, e vale tudo. A poesia e os sonhos desapareceram da vida das pessoas, e o tempo passa muito rápido..

A era cibernética não deixa ninguém raciocinar. As máquinas raciocinam por você. Já lhe entregam o prato feito. Resultado: Você se sente inútil, e os valores da alma, cada vez mais são esquecidos. O homem é inimigo do próprio homem.

O tempo não espera por ninguém. Não há tempo mais para nada. Da meia idade para a frente, quase sempre, os planos não se completam.

As perdas de entes queridos levam um pedaço de nós. Sem querer, morremos um pouco, a cada dia. E as perdas são para sempre. Ninguém, nem nada, substitui ninguém.

As metas que pensávamos cumprir, hoje não tem mais sentido.

Hoje, o dia já amanhece tarde. As 24 horas do dia, hoje, são um pingo d’água no oceano, comparando-se com a velocidade do tempo, e, consequentemente, com a rapidez com que a vida passa. E vemos que o tempo não nos dá tempo, para que realizemos todos os nossos planos.

O tempo não espera por ninguém. Não há tempo mais para nada. Da meia idade para a frente, então, muitos planos não se completam. É triste dizer isso, mas é a mais pura verdade.

A perda de entes queridos levam um pedaço de nós. Sem querer, morremos um pouco, a cada dia. E as perdas são para sempre. Nada nem ninguém substitui ninguém.

As metas que pensávamos cumprir, de repente, não tem mais sentido. É preciso ser forte, para que o homem não sucumba ao desânimo.

Hoje, os jovens não precisam mais esperar que a noite chegue, para conversar com os namorados (as). Não existe mais o lirismo da noite de núpcias. A juventude de hoje é livre para amar, sem amarras, nem policiamento dos pais. Qualquer dia é dia, qualquer hora é hora para se ser feliz.

O romantismo está desaparecendo a cada dia. Vale tudo. O tempo para o namoro é qualquer um.

A poesia e o romance desapareceram da vida das pessoas. O lirismo está diminuindo cada vez mais.

Sinto saudade do tempo em que havia troca de cartas de amor e notícias pelo correio. O tempo passava mais lento e os amores pareciam eternos.

Em homenagem ao dia de São Pedro, terceira festa junina, que ontem (29/06) se comemorou, relembro um singelo poema de amor, que não se sabe a autoria:

Ele partiu, ela ficou…
Chorando a sua grande dor…
Cartas desde já foram chegando…
Saudades, juras de amor…
E com que ansiedade, ela esperava o carteiro…
E ele vinha…
E logo davam uma conversazinha

Quantas surpresas o destino traz,
Por este mundo inteiro…

Final: Ela esqueceu-se do rapaz,
E terminou casando com o carteiro

* * *

8 pensou em “A VELOCIDADE DO TEMPO

  1. Violante,

    A crônica sobre a velocidade do tempo está excelente. Sou um leitor assíduo dessa coluna e afirmo que seu talento para escrever artigos originais melhora a cada dia. Aproveito o seu assunto para fazer algumas observações.

    Temos a sensação de que mal um ano começa, já está terminando. Isso acontece porque não conseguimos fazer nossas tarefas e desejos caberem dentro do tempo. Nós o gastamos sem perceber, na tentativa de diminuir a montanha de compromissos não cumpridos à nossa espera. Mas ela só faz crescer, porque não paramos de receber informações, ofertas de cursos novos, convites irrecusáveis e infinitas possibilidades de entretenimento. Seduzidos por tudo isso, tratamos de encaixar um volume enorme de afazeres nas nossas agendas. É assim que o tempo passa sem que a gente veja.

    Há várias hipóteses para o fenômeno do tempo passar mais depressa, entretanto a mais aceita aponta que essa sensação está relacionada à quantidade enorme de informações e experiências a que estamos sujeitos atualmente. Quando experimentamos alguma coisa pela primeira vez, mais dados são armazenados em nossa memória, pois tudo é novidade.

    Compartilho com a prezada amiga o conhecido popularmente como “O Tempo”, o poema de Mario Quintana (1906 – 1994) tem como título original “Seiscentos e Sessenta e Seis”. Foi publicado pela primeira vez na obra Esconderijos do Tempo, em 1980.

    O livro, escrito quando o autor estava com setenta e quatro anos, exprime a sua visão madura e sábia sobre a vida. Reflete sobre temas como a passagem do tempo, a memória, a existência, a velhice e a morte.

    SEISCENTOS E SESSENTA E SEIS

    A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.

    Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
    Quando se vê, já é 6ª-feira…
    Quando se vê, passaram 60 anos!
    Agora, é tarde demais para ser reprovado…
    E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
    eu nem olhava o relógio
    seguia sempre em frente…

    E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.

    PS.: Talvez pela mensagem inspiradora que transmite, o poema ganhou várias releituras e adaptações ao longo dos tempos. A composição foi popularizada numa versão maior, cujos versos não pertencem todos a Mario Quintana.

    Apesar das inúmeras versões do poema que podemos encontrar e dos problemas de falsa autoria que acarretam, as palavras do poeta se mantêm sempre atuais e pertinentes para os seus leitores.

    Desejo um final de semana de paz e saúde

    Aristeu

  2. Obrigada, prezado poeta Aristeu, pelo comentário gentil, e por compartilhar comigo o belíssimo poema “O Tempo”, também conhecido como “Seiscentos e Sessenta e Seis”, do grande poeta Mário Quintana (1906 – 1994).
    Gostei imensamente!

    Seu comentário inteligente enriqueceu meu texto, o que me deixou muito feliz.
    É gratificante ler seus comentários e suas reflexões, pela sua larga visão sobre os problemas da alma.
    O poema “O Tempo”, de Mário Quintana, é muito bonito e verdadeiro, e descreve a efemeridade da vida.

    Desejo a você e sua família, um final de semana com muita saúde e Paz!

  3. Divina Violante:
    Acho que, como um gênio que pensava em um futuro onde haveria uma Violante, Einstein já declarava que tudo é relativo, e, particularmente, o tempo. Para mim, antes de propor uma coleção de fórmulas de difícil entendimento sobre sua Teoria da Relatividade, aquele célebre Albert havia tido uma conversa espiritual com a futura Violante, ainda não nascida.
    Um beijão estraloso cheio de relatividades.

  4. Obrigada pelo comentário gentil, exímio cronista Magnovaldo Santos!

    Ainda bem que acredito em reencarnação.
    É bem possível que o gênio Einstein tenha sido meu amigo espiritual em outra vida.
    Adorei sua ironia…rsrs.
    Um beijão estraloso cheio de relatividades para você também. Um beijão lunático…rsrsrs

    PS. Onde o seu livro está sendo comercializado?

  5. Brigadão, Divina.
    Estarei avisando o Berto, hoje ainda, o nome, endereço, telefone, etc., sobre a Editora Lux, de São Paulo.
    Também está sendo enviado, via Berto, um exemplar dedicado a você, que tanto tem me incentivado com minhas baboseiras. Aliás, já deveria ter sido entregue pelos Correios, mas você sabe como são os Correios brasileiros, aquele que vai se encarregar da entrega da comida!!!!!!!!
    Beijão,

  6. Obrigada, querido escritor Magnovaldo!
    Estou ansiosa para receber seu livro. Tenho certeza de que irei gostar muito.
    Seu estilo de escrever é muito agradável.

    Muito sucesso!

    Abraços e parabéns para você e sua família!

  7. Realmente, Violante, suas palavras refletem um fato.
    Vi, na data de hoje, um vídeo sobre notícia, publicada em jornal tradicional, dando conta de estudo reportando apatia dos jovens. A solução proposta pelos “especialistas”? Reforma do ensino.
    A pessoa do vídeo, no entanto, mostra que o fato da apatia da juventude, quiçá mundial, é a falta de objetivo motivada não pela falta de melhoras como em tempos outros, mas pelo excesso de fartura, das facilidades enfim, postas a disposição por um clique.
    E continua, no vídeo, relacionando o afastamento das pessoas dos valores, da família, dos amigos, de buscas por crescimento interior e, obviamente, financeiro.
    Por fim, conclui que a solução é exatamente isso: ter um objetivo na vida, apegar-se ao que realmente importa, família, amigos, valores
    Parabéns e obrigado!

  8. Obrigada pelo gratificante comentário, prezado Nonato!

    O progresso tecnológico trouxe suas vantagens e desvantagens. O homem foi substituído pela máquina e esta não tem alma. Daí, o acentuado número de pessoas com depressão.
    O poder da criatividade humana, hoje está em segundo plano. Só se dá valor ao que é feito pela máquina.. A escrita manual e a caligrafia logo serão esquecidas.
    A máquina de somar prejudicou o raciocínio das pessoas, principalmente das crianças.
    O progresso é faca de dois gumes.

    Grande abraço e um ótimo domingo!

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