Vida que não acaba de acabar-se,
Chegando já de vós a despedir-se,
Ou deixa, por sentida, de sentir-se,
Ou pode de imortal acreditar-se.
Vida que já não chega a terminar-se,
Pois chega já de vós a dividir-se,
Ou procura, vivendo, consumir-se,
Ou pretende, matando, eternizar-se.
O certo é, Senhor, que não fenece,
Antes no que padece se reporta,
Por que não se limite o que padece.
Mas viver entre lágrimas, que importa
Se vida que entre ausência permanece
É só viva ao pesar, ao gosto morta?
Soror Violante do Céu, poetisa barroca portuguesa faz versos que nos fazem refletir sobre a vida.
A vida não acaba de acabar-se.
Aí vem a dualidade; ou ela é vivida e consumida, ou acreditamos que é imortal.
Se vivemos a chorar pela perda de uma pessoa amada; a Soror pergunta ao final;
Mas viver entre lágrimas que importa
Se vida que entre ausência permanece
É só viva ao pesar, ao gosto morta?
Eu resumo; quem morreu já cumpriu sua passagem terrena, nós não devemos viver pelo pesar e sim pela nossa história.