Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha),
quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida
com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o transitório.
Carlos Souto Pena Filho, Recife-PE, (1929-1960)
Soneto para os depressivos, ansiosos e desesperados.
Só tem uma coisa, Deus não se afasta de ninguém.
Nunca te deixa sozinho na batalha.
As pessoas de afastam, Ele está sempre lá.
Mas há uma verdade, tudo é transitório, amar o acaso e viver a vida é o melhor que podemos fazer.
Carlos Souto Pena Filho, infelizmente morreu muito jovem, aos 31 anos de idade, em um acidente de carro, mas a sua poesia e o seu lirismo marcaram para sempre a história literária da cidade.
Segundo informa a Wikipédia, No dia 28 de junho de 1960, o poeta estava no carro de seu amigo, o advogado José Francisco de Moura Cavalcanti, quando foram atingidos por um ônibus desgovernado. Carlos Pena recebeu uma violenta pancada na cabeça. O rádio logo divulgou a notícia e as autoridades e os amigos acorreram ao pronto-socorro. O motorista e Moura Cavalcanti tiveram ferimentos leves, mas Carlos Pena não resistiu aos ferimentos e morreu no dia 1 de julho de 1960.
Deixou desolados seus amigos, os intelectuais de todo o Brasil, sua esposa D. Maria Tânia, sua filha Clara Maria, seus dois irmãos, Fernando e Mário. O cortejo fúnebre, com discursos à beira da sepultura e com grande acompanhamento de pessoas demonstrou o quanto o poeta era querido.